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Quais são os maiores mitos quanto ao uso de maconha? | Colunistas

Quais são os maiores mitos quanto ao uso de maconha? | Colunistas

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A Cannabis sativa é a planta utilizada para a produção da maconha. Uma das substâncias presente na Cannabis sativa é o tetrahidrocannabinol (THC) – que é a substancia ativa – e o canabidiol (CBD). A maconha é considerada uma droga ilícita no Brasil, que para muitos provocam a sensação de tranquilidade e relaxamento, motivo pelo qual é uma das drogas mais consumidas mundialmente. 

O uso da maconha tem uma alta prevalência entre os adolescentes que estão no ensino médio e os adultos que estão na faculdade. Há muitos estudos que abordam os benefícios da maconha: analgesia, estimulação do apetite, riso fácil, aumento do prazer sexual, efeito anticonvulsivante e etc, porém, é pouco difundido o conhecimento sobre os malefícios do uso recreativo dessa droga.  

Um artigo publicado na Revista Acadêmica do Instituto de Ciências da Saúde em 2018 aborda que a maconha é a droga ilícita mais consumida nas universidades federais e particulares. Quase 50% dos universitários já tiveram contato com drogas ilícitas, sendo os acadêmicos de medicina os maiores consumidores dentro da faculdade, chegando a 46,9% a prevalência dentro da área biológica. 

“A maconha não causa dependência física”

Sim, esse é um dos maiores mitos quanto ao uso de maconha. Você provavelmente já deve ter ouvido a frase: “A maconha não vicia, paro quando quiser”, e de fato isso não é verdade. O uso crônico da maconha além de ser uma porta de entrada para outros tipos de drogas causa dependência emocional, que por conta da percepção prazerosa dos usuários, eles tendem a repetir o uso em busca das boas sensações. 

Pesquisas apontam que 17% dos usuários de maconha que começam na adolescência, vão desenvolver dependência física. E além da dependência, o uso na adolescência se associa a maiores prejuízos cognitivos na vida adulta e também se associa ao aumento das tentativas de suicídio. Portanto, é necessário também entender que deixar de ser um usuário pode precisar de auxilio médico. 

“A maconha não mata ninguém”

Esse é mais um dos mitos. As consequências geradas pelo uso da maconha podem sim matar. Quando, por exemplo, uma pessoa consome de forma crônica o cigarro – uma droga licita – tem maiores chances de morrer de infarto do miocárdico, acidente cérebro vascular, insuficiência respiratória e etc. Ou seja, a pessoa tende a morrer por consequências causadas pelo uso do cigarro e não por overdose da nicotina. 

E, assim como ocorre com o cigarro, é com a maconha. A maconha interfere na coordenação motora e na capacidade de concentração, prejudica a habilidade de dirigir. A maconha é a droga ilícita mais encontrada no sangue dos motoristas envolvidos em acidentes de trânsito fatais.

“A maconha não causa abstinência”

Já foi visto acima, que a maconha causa dependência. O sujeito tende a  aumentar cada vez mais as quantidades utilizadas para obter o mesmo efeito e na ausência do uso pode experimentar irritabilidade, alteração no humor, desejo forte de consumir a droga, inquietação, entre outros. 

“A maconha é uma droga inofensiva e por isso deve ser legalizada”

O uso recreativo da maconha é um assunto muito debatido no cenário atual, que é pautado desde os benefícios medicinais até a liberdade que uma pessoa tem de fazer o que quiser com a própria vida. Entretanto, o que é importante salientar nesse momento não é o debate se deve ou não ser legalizado, mas sim que é um mito dizer que a maconha é uma droga inofensiva. 

O THC é uma substância que consegue ultrapassar a barreira hematoencefálica e provocar neurotoxicidade cumulativa. O THC pode interferir no funcionamento normal do organismo, ao ativar receptores canabinóides, encontrados maiormente no hipocampo (considerado a principal estrutura de armazenamento da memória recente), gânglios basais (responsável pela coordenação dos movimentos involuntários) e cerebelo (responsável pelos movimentos coordenados e pelo controle do tônus muscular). 

O uso crônico provoca uma diminuição do volume do hipocampo, e é onde o usuário pode experimentar as falhas de memórias, sintomas psicóticos e até mesmo o desenvolvimento de enfermidades mentais, como por exemplo, a esquizofrenia. Usuários frequentes de maconha têm 6 vezes mais chance de desenvolver esquizofrenia. 

É evidente que a cronicidade do uso da maconha também provoca as perdas neurais e diminui o número de sinapses (a comunicação entre neurônios). Quanto a afetação nos gânglios basais, o usuário tende a desenvolver déficits na coordenação motora. E, essas afetações podem ser vistas através de neuroimagens. 

Entretanto, o uso da maconha não provoca prejuízos apenas a largos prazos. A curto prazo, o uso de maconha pode ser a responsável por provocar intoxicação aguda, ansiedade, psicose aguda, ataques de pânico e sintomas cardiovasculares. 

Considerações finais 

Sem entrar no debate sobre a legalização dessa droga, há duas verdades cientificamente comprovadas que deve ser analisada quanto ao uso, a primeira é que a maconha possui benefícios medicinais, como por exemplo: a melhora na qualidade de vida dos pacientes com doenças crônicas, e a segunda é que ela causa prejuízos a nível neurofisiológico e cognitivos quando se faz uso recreativo. 

Autora: Jaqueline Assunção

Instagram: @jaqueeassuncaoo

Referências 

Alterações neurofisiológicas e cognitivas decorrentes do uso crônico da maconha: uma revisão de literatura. Acesso em: 08/01/2022. Disponível em: https://periodicos.set.edu.br/fitshumanas/article/view/8204/3963

JESUS, Antonio et al. Legalização da maconha para fins medicinais. Acesso em: 06/04/2022. Disponível em: https://revistas.brazcubas.br/index.php/revdubc/article/view/247/399

NICASTRI, Sergio. Maconha: o que o médico precisa saber. Acesso em: 09/01/2022. Disponível em: https://freemind.com.br/newblog/wp-content/uploads/2020/07/o-que-o-medico-precisa-saber-docx-1.pdf

Os reflexos do uso da maconha nos acadêmicos de medicina. Acesso em: 08/01/2022. Disponível em:  http://www.revistas.unifan.edu.br/index.php/RevistaICS/article/viewFile/392/311

Uso de álcool, tabaco e maconha: repercussões na qualidade de vida de estudantes. Acesso em: 08/01/2022. Disponível em:  https://www.scielo.br/j/ean/a/tCJ5ZpYftXxwVbwLKQGZdJP/?format=pdf&lang=pt

O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.