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Ultrassonografia prostática: tudo o que você precisa saber sobre esse tema para prática clínica!
O câncer de próstata é hoje uma das causas de maior mortalidade de homens brasileiros na faixa etária dos 50 anos. É uma doença silenciosa em seus estágios iniciais e de grande prevalência e, por isso, merece uma atenção especial.
Pensando nisso, mostrou-se essencial instituir diretrizes para rastreio dessa condição, de forma a possibilitar uma busca ativa e, assim, um diagnóstico precoce de pacientes com neoplasias prostáticas.
O rastreio do câncer de próstata consiste na realização anual dos exames de toque retal e dosagem de PSA. Em casos de alteração, há a indicação de uma investigação mais aprofundada, e aí entra a ultrassonografia de próstata, que possibilita uma melhor visualização da glândula e suas adjacências.
Como é feita a ultrassonografia de próstata?
A USG de próstata é realizada por via abdominal, de forma não invasiva, ou por via transretal – não causa dor e não possui contraindicações.
O método por via abdominal é o mais confortável para o paciente. Nele, o transdutor é posicionado no abdome e direcionado para a pelve, e é possível avaliar toda a cavidade pélvica masculina, com visualização da próstata, bexiga e vesículas seminais.
Já a via transretal, apesar de acarretar leve incômodo, possui o benefício de poder ser associada a biópsias da glândula, além de propiciar uma imagem mais aproximada. Além disso, essa pode ser combinada com o uso de doppler para uma análise mais completa com visualização da circulação sanguínea. Nesse método são utilizados lubrificantes para diminuição do desconforto e, em caso de presença de lesões, há a possibilidade de utilização de anestésico tópico.
Como ocorre a preparação para a USG de próstata?
Para a realização da ultrassonografia abdominal o paciente não precisa de grandes preparos, apenas fazer a ingestão de 01 litro de água na hora que antecede o exame. Essa medida permite que a bexiga esteja repleta e haja o afastamento das alças intestinais, de modo a possibilitar uma visualização mais clara da glândula.
Já para o exame por via transretal, o paciente deve ser submetido a uma lavagem intestinal no dia anterior ao procedimento, feita com uso de enemas ou laxantes. Esse procedimento deve ser feito para que não haja obstáculos à introdução do transdutor.
O que devo visualizar em uma USG de próstata?
Na ultrassonografia prostática, o médico deve estar atento ao formato e tamanho da próstata, como também deve buscar ativamente por lesões. Segundo Mcaninch e Lue (2014), as lesões prostáticas malignas apresentam-se como regiões hipoecoicas à ultrassonografia, além de possuírem hipervascularização quando esta é realizada associada ao doppler.
O exame de USG ocorre em duas etapas; após a primeira etapa de análise dos aspectos anteriores, o paciente deve realizar o esvaziamento vesical para que, assim, o médico possa verificar se há resíduo miccional.
Quando deve ser realizada?
A USG de próstata é uma ferramenta a mais para o diagnóstico de doença neoplásica prostática, no entanto, ela não é um exame de rotina. A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que seja realizada ultrassonografia prostática apenas em casos de alteração de exames de rotina para rastreio do câncer de próstata, como o toque retal e PSA.
PSA
Antígeno Prostático Específico, ou PSA, é uma enzima encontrada de forma livre ou complexada e sua dosagem é utilizada para avaliar doenças da próstata; no entanto, ele não indica com especificidade a existência de neoplasias.
Os valores de PSA podem se encontrar alterados tanto em prostatites quanto em casos de hiperplasia prostática benigna, por isso, quando são verificadas alterações, o médico deve solicitar outros exames para um diagnóstico preciso. Considera-se dentro da normalidade valores de PSA abaixo de 4ng/mL, no entanto, estes valores se alteram a depender da idade.
Toque Retal
O toque retal é um exame manual e deve ser realizado anualmente após o início do acompanhamento por um urologista. O exame tem como objetivo avaliar a zona periférica da glândula prostática, região mais acometida pelo adenocarcinoma de próstata.
Ao realizar o toque, o médico deve avaliar a superfície e consistência da zona periférica glandular, que possui relação anatômica direta com o reto. A próstata normal apresenta aspecto liso e consistência elástica, enquanto uma próstata neoplásica possui aspecto rugoso e endurecido. Em casos nos quais há alteração perceptível de morfologia é indicado prosseguir investigação por meio de biópsia guiada por ultrassonografia transretal.
Fatores de Risco
A neoplasia de próstata, apesar de atingir de forma abrangente a população masculina, deve ser motivo de maior preocupação para alguns grupos específicos. Pacientes com história familiar da doença ou que possuam descendência de etnia negra devem receber um olhar mais atento e iniciar o rastreio de forma mais precoce. Para esses grupos recomenda-se que o rastreio seja antecipado em 10 anos, iniciando aos 40 anos de idade.
Autor: Laura Ferreira Dias Xavier, Estudante de Medicina
Instagram: @laurafdias