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A reabilitação tem como objetivo ajudar os pacientes a se recuperarem e a manterem a funcionalidade normal tanto fisicamente quanto psicossocialmente. Em um momento de recuperação global da pandemia, a reabilitação pós COVID-19 ganha um destaque muito importante quando se trata de medidas públicas e privadas na atenção à saúde, principalmente em nível de prevenção terciária.
Equipes de reabilitação multidisciplinares têm se empenhado em lidar com as sequelas do COVID-19, sejam elas físicas ou psicossociais, preferencialmente de maneira telepresencial,porém não exclusivamente.
Independentemente do método escolhido para a reabilitação, a segurança e os cuidados devem seguir recomendações de diretrizes elaboradas especificamente para o Covid-19, como uso de EPIs e entre outras.
Equipe Multidisciplinar

Um dos princípios amplamente adotados pelo SUS, tanto na atenção à saúde pública quanto na privada, é a integralidade, contemplando o paciente como um ser biopsicossocial. É necessária uma equipe multiprofissional onde o paciente será investigado com especialidades e percepções diferentes, elevando o tratamento para além de uma assistência meramente curativa, mas estabelecendo uma reabilitação consistente e contínua ao paciente.
Essa equipe é constituída pelos seguintes profissionais: médico, enfermeiro de reabilitação, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, nutricionista (dependendo da instituição), fonoaudiólogos e psicólogos.
Indicação e avaliação
A reabilitação é indicada a todo paciente que evoluiu com dificuldades ou limitações cognitivas, psíquicas ou físicas após a fase aguda do Covid-19, independentemente da idade do paciente.
A avaliação é feita pelo médico juntamente com a equipe multiprofissional de reabilitação, havendo a possibilidade de tirar dúvidas sobre essa fase com os profissionais através de teleconsultas. Nessa etapa, são investigadas as capacidades funcionais e outros aspectos como: condições nutricionais, grau de fadiga, qualidade de vida, capacidades cognitivas e psíquicas, tudo isso nas 48 horas que precedem a alta, podendo dar início a reabilitação até mesmo durante os sintomas, para maior adesão do paciente. Após a avaliação do paciente, ocorre a classificação do mesmo como leve, moderado ou grave.

Telereabilitação
Essa nova modalidade de reabilitação (telereabilitação) tem sido uma solução para os problemas que o isolamento causado pela pandemia do Covid-19 proporcionou, sendo inserida a distância ou, em alguns casos, desde o começo do tratamento e perdurando após a alta hospitalar para uma melhor adesão da tecnologia que tem se mostrado eficiente e segura.
As telereabilitação ocorrem da seguinte forma:
Pacientes em estados leves: O paciente será orientado e receberá uma apostila com exercícios para serem realizados em casa.
Pacientes em estados moderados: Através de plataformas de tratamento online, o paciente terá 12 sessões de terapia com a equipe multidisciplinar de reabilitação.
Pacientes em estados graves: O paciente em estado grave receberá atendimento presencial quando apresentar 2 testes negativos ao Covid-19, já para os que ainda não apresentaram 2 testes negativos, o atendimento será a distância, sendo um total de 20 sessões de terapia com a equipe.
Reabilitação presencial
Sendo utilizada principalmente em doenças pulmonares crônicas como DPOC, esta reabilitação é aplicada em pacientes considerados em estado grave pelo Covid-19, no entanto o paciente deve apresentar 2 testes negativos ao vírus para realizar a reabilitação de modo presencial. As terapias são através de drenagem postural, atividades aeróbicas e atividades que promovem desenvolvimento muscular específicos, como os músculos responsáveis pela respiração.
Por motivos de isolamento social e preservação da saúde em tempos de pandemia, a reabilitação presencial está gradualmente sendo substituída pela telereabilitação.
Segurança e cuidados
Os equipamentos dos profissionais da área da saúde são potenciais reservatórios para micro-organismos, e muitas vezes,infecções são levadas de um paciente a outro pelo próprio profissional, um problema já existente antes da pandemia, mas com muita relevância quando pensamos em COVID-19. Os EPIs (equipamentos de proteção individual) são de extrema importância nesse quadro, assim como regras e diretrizes a serem seguidas pelos profissionais a fim de não se tornarem fômites para o Covid-19.
Algumas regras de segurança foram estabelecidas e amplamente adotadas em relação a reabilitação pós Covid, dentre elas podemos citar:
1°. A visita domiciliar para paciente emsuspeita de covid deve ser evitada, assim como a infectados, havendo algumas possibilidades: acompanhamento por telefone e/ou vídeo chamadas, disponibilização de folders, cartilhas, boletins informativos, podcasts, áudios de orientação e outros recursos que estiverem disponíveis a distância a fim de conscientizar e educar o paciente.
2°. Caso haja necessidade de visitas domiciliares, os profissionais devem se paramentar com todos os EPIs necessários, assim como os pacientes e seus familiares.
3°. Pacientes em suspeita ou infectados só devem ser assistidos presencialmente caso tenham a documentação da cura da infecção.
4°. O NASF (Núcleo Ampliado de Saúde da Família) tem direito de operar com equipes multidisciplinares itinerantes para pacientes em reabilitação pós covid-19, dentro dos territórios de sua responsabilidade.
5°. As equipes devem apoiar as transições entre hospital e domicílio nos casos complicados que requerem maior acompanhamento, como doenças crônicas, deficiências, idosos, pacientes em oxigenoterapia.
6°. Parcerias devem ser estabelecidas com os equipamentos sociais do território, utilizando a infraestrutura, recursos materiais e equipe profissional contribuintes para a ampliação do acesso à reabilitação.
Que resultado esperar após a reabilitação?
Ao fim da reabilitação pós Covid, feita com auxílio das equipes multiprofissionais, alguns resultados como a melhora total ou parcial das sequelas causadas pela infecção do Covid-19 são esperados, tendo a possibilidade de extensão da reabilitação caso não haja sinais de melhora.
Muitas instituições brasileiras oferecem programas e/ou auxílios, informativos ou sociais, para a reabilitação pós covid-19, alguns exemplos são: UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul); Hospital Israelita Albert Einstein; PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul); Secretaria Municipal de Saúde de São Caetano do Sul/SP: NASF; Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis.
O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.
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