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Diante de um sentimento de dúvidas e ansiedades da lactante, esta coluna vem desmistificar a relação entre o COVID-19 e a amamentação, a fim de sanar as dúvidas das mães e dos profissionais e estudantes da área de saúde para auxiliá-los melhor nesse processo.

Muito se discute acerca dos modos de transmissão do coronavírus, e, caro leitor, você também já deve ter se perguntado se uma lactante infectada ou com suspeita de infecção pode ou não amamentar. Segundo a SBP, Sociedade Brasileira de Pediatria, a amamentação deve ser mantida, pois não há risco de transmissão do Sars-Cov-2 através do aleitamento materno. No entanto, é importante que essa mãe esteja com um bom estado geral. E, caso se sinta mais confortável e segura, pode tomar algumas precauções como:
• Usar máscara facial para cobrir completamente o nariz e a boca, além de evitar falar ou tossir durante o aleitamento;
• Lavar com frequência as mãos com água e sabão por pelo menos 20 segundos, antes de tocar o bebê ou fazer a extração manual ou artificial. Se não for possível, higienize as mãos com álcool em gel 70%.
Além disso, lactantes com positividade para COVID-19 devem seguir todo o protocolo geral, como o isolamento domiciliar, manter a casa arejada e não compartilhar objetos pessoais.

Lactantes podem se vacinar? O que recomenda a FEBRASGO?

Sim, as lactantes podem se vacinar, desde que sigam alguns protocolos recomendados pela FEBRASGO, Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.
A ANVISA já liberou, para uso emergencial, a vacina CoronaVac e a Covishield, no Brasil, porém, só há a disponibilidade da CoronaVac, porém, essas vacinas não foram testadas em lactantes, em prol da segurança desse grupo.
Então, querido leitor (a), quais são as instruções da FEBRASGO acerca da vacinação em lactantes?
- Lactantes pertencentes ao grupo de risco podem ser vacinadas mediante avaliação dos riscos e benefícios, com decisão compartilhada entre a mulher e seu médico, considerando o potencial risco de contaminação do vírus na comunidade; a eficácia da vacina; a gravidade da doença materna, e os efeitos no recém-nascido;
- As lactantes devem ser informadas sobre a eficácia e segurança das vacinas assim como os dados ainda não disponíveis;
- As lactantes do grupo de risco que não concordarem em serem vacinadas, devem ser apoiadas em sua decisão e instruídas a manterem medidas de proteção como higiene das mãos, uso de máscaras e distanciamento social.
Nessa época da pandemia foi vigente o avanço da pseudociência acerca da relação entre amamentação e coronavírus, vamos ver agora algumas informações, que baseadas em referências seguras, saberemos se é verdade ou fake News.
É fato que:
- Existe uma consultoria de amamentação para auxiliar a lactente na promoção, proteção e apoio a essa prática tão importante, e, no contexto da pandemia, eles instruem as mães nesse processo. Segue doi do artigo que aprofunda mais acerca do tema: https://doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2020-0350.
· Os efeitos benéficos da amamentação superam o risco de contaminação pelo Sars-Cov-2. Segundo aOrganização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), as recomendações sobre o contato mãe-bebê e aleitamento materno devem se basear em uma consideração mais ampla do que apenas nos riscos potenciais da COVID-19 para o bebê, mas também dos riscos de morbidade e mortalidade associados ao não aleitamento e uso inapropriado de fórmulas infantis.
É fake que há transmissão vertical do Sars-Cov-2, como já foi dito acima.
Conclusão
Portanto, o que se sabe é que não há evidência suficiente que comprove a relação entre amamentação e o Sars-Cov-2. Sendo assim, as lactantes suspeitas ou com confirmação de infecção podem amamentar, desde que estejam em um bom estado geral, se sintam seguras e confortáveis com tal prática e que sigam as recomendações de higiene.
Além disso, a vacinação pode ocorrer mediante a análise de risco da lactente, estando ela ciente dos riscos, benefícios e potencial eficácia dessa vacinação.
O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.
Referências
Guidance on breastfeeding during the Covid-19 pandemic -www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302020000400541&lang=pt
Consultoria em amamentação durante a pandemia COVID-19: relato de experiência -www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452020000500602&lang=pt
Como fica a amamentação em mães COVID-19 suspeitas ou confirmadas? – www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/nutricao/como-fica-a-amamentacao-em-maes-covid-19-suspeitas-ou-confirmadas/
Benefícios da amamentação superam riscos de infecção por COVID-19, afirmam OPAS e OMS -www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6267:beneficios-da-amamentacao-superam-riscos-de-infeccao-por-covid-19-afirmam-opas-e-oms&Itemid=820
NOTA TÉCNICA Nº9/2020- DAPES/SAPS/MS – https://docs.bvsalud.org/biblioref/2020/05/1096466/notatecnicaamamentacao92020dapessapsms03abr2020covid-19.pdf
RECOMENDAÇÃO TÉCNICA No.01/20.170320 ASSUNTO: Covid-19 e Amamentação – https://rblh.fiocruz.br/sites/rblh.fiocruz.br/files/usuario/80/rblh_recomendacao_01020_170320.pdf