Ciclo Clínico

Resumo sobre câncer de boca | Ligas

Resumo sobre câncer de boca | Ligas

Compartilhar
Imagem de perfil de ONCOLIGA Liga Acadêmica de Oncologia

O que é?

A cavidade oral inclui a mucosa dos lábios (exceto a parte externa, lábio seco), a mucosa bucal, os ⅔ anteriores da língua, o assoalho da boca, o palato duro e a gengiva superior e inferior. O câncer de boca é uma neoplasia maligna que afeta lábios e estruturas da boca (como gengivas, bochechas, céu da boca, língua – principalmente as bordas – e a região embaixo da língua). Devido a maior prevalência (cerca de 90% dos casos), consideramos apenas o carcinoma de células escamosas (carcinoma epidermóide).

Quantos novos casos por ano? Qual a mortalidade?

No Brasil, segundo as estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) para 2020 existirão 15.190 novos casos, sendo 11.180 homens e 4.010 mulheres. Em homens, é o quinto tipo de câncer mais incidente, sendo o quarto tipo mais comum nos estados do sudeste, e o décimo terceiro em mulheres. É mais prevalente em homens acima de 40 anos. Em relação ao número de mortes, em 2018, tivemos 6.455 sendo 4.974 homens e 1.481 mulheres.

Quais os fatores de risco?

Dentre os fatores químicos, o principal é tabagismo, representando maior risco para desenvolvimento do câncer de boca. Há evidências, também, de que o consumo de álcool tem significativo papel como fator de risco para o câncer de boca, com chances aumentadas principalmente se associado ao tabagismo. Dentre os biológicos, há evidências de que o Papilomavírus Humano (HPV) e o Herpes simplex vírus (HSV) são fatores que podem ampliar as chances do desenvolvimento desse tipo de câncer. Ademais, exposição à radiação solar (para o câncer de lábio), obesidade, gênero e idade (por ser mais frequente em homens brancos acima de 40 anos) e imunossupressão também se apresentam como fatores de risco. No sudeste asiático, onde há uma prevalência muito grande desse tipo de neoplasia, adiciona-se o hábito de mascar betel.

Quais as lesões precursoras (pré-cancerosas)?

No geral, considera-se dois tipos: a leucoplasia e a eritroplasia (também pode existir uma forma intermediária das duas formas, denominando-se leucoeritroplasia salpicada). A leucoplasia pode ocorrer em qualquer área da cavidade oral e é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma placa ou área esbranquiçada, que não pode ser raspada e correlacionada com de forma clínica ou patológica a outra doença. Cerca de 5 a 25% das leucoplasias são de fato pré-cancerígenas. A eritroplasia é caracterizada por uma área avermelhada, aveludada e algumas vezes erodida dentro da cavidade bucal que, em geral, permanece plana em relação à mucosa circundante. Ela é menos comum que a leucoplasia, porém de pior evolução, pois quase todas apresentam alterações histopatológicas de displasia, carcinoma in situ e ou carcinoma minimamente invasivo.

Quais os sinais e sintomas?

Os pacientes apresentam frequentemente dor na boca ou úlceras que não cicatrizam. Apesar de serem bastante comuns, costumam aparecer em estágios mais avançados, sendo os casos iniciais assintomáticos, muitas vezes. Adicionalmente, sintomas como dormência na boca ou face, disfagia, odinofagia, perda de peso, sangramento ou otalgia devem ser levados em consideração. Até 66% dos pacientes com lesões primárias da língua têm envolvimento do linfonodo cervical, dependendo do estágio T e da profundidade da invasão, enquanto a incidência é substancialmente menor em pacientes com câncer de palato duro.

O câncer na língua pode crescer como uma lesão infiltrativa e/ou exofítica. Comumente há dor, com ou sem disartria. A disartria resulta de invasão muscular profunda em estágio avançado do tumor. Pode haver uma história de leucoplasia ou eritroplasia de longa data.

O câncer no lábio geralmente apresenta-se como uma lesão exofítica ou ulcerativa do lábio inferior, ocasionalmente associado a sangramento ou dor. Alguns pacientes se queixam de dormência da pele do queixo devido ao envolvimento do nervo mentoniano.

Diagnóstico do câncer de boca

O diagnóstico de câncer de boca é feito inicialmente a partir do exame físico, com a análise de toda a cavidade oral, pela palpação das lesões para delimitação da lesão e estruturas adjacentes e identificação das características. Após o exame físico, podem ser realizados exame endoscópico e videolaringoscopia para a procura de prolongamento do tumor.

Parte importante do diagnóstico também consiste na retirada de uma fração do tecido da lesão para a biópsia, para avaliação histopatológica e estadiamento do tumor, que determinará o tratamento a ser realizado. O diagnóstico por imagem, quando indicado, consiste na radiografia para avaliação do acesso aos linfonodos da região e da relação do tumor com os ossos adjacentes.

Tratamento do câncer de boca

Se diagnosticado precocemente e tratado de maneira adequada, cerca de 80% dos casos de câncer de boca tem cura. O tratamento de escolha é a ressecção cirúrgica e o tratamento adjuvante, o qual consiste na quimioterapia ou radioterapia após o procedimento cirúrgico, é usado com maior frequência em tumores locorregionais avançados.

Posts relacionados:

Autores, revisores e orientadores:

  • Autora: Isabella Gonçalves Gutierres – @isaguti
  • Coautora: Marayah Sampaio Ruas da Fonseca – @marayahs e Isabela Lacerda Pyrrho
  • Revisora: Isabela Lacerda Pyrrho – @belapyrrho
  • Liga: Liga Acadêmica de Oncologia (Oncoliga)
  • Instagram: @oncoliga.unirio