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A alteplase é um fármaco de segunda geração da classe dos fibrinolíticos, descobertos através da estreptoquinase em 1948.
Esses fármacos são amplamente utilizados no tratamento de inúmeras doenças comuns na rotina médica, como o IAM, AVCi, trombose profunda e embolia pulmonar.
Apresentação da Alteplase
Encontramos a alteplase disponível em forma de pó (50 mg), que será diluída em água estéril, normalmente em 50 ml, para a administração via intravenosa direta (VID) ou infusão intravenosa através de um sistema controlado. Em adultos é recomendada a utilização de 100 mg em um período de 3h, sendo 10 mg VID durante 1 a 2 minutos, 50 mg durante 60 minutos e 40 mg finais durante 120 minutos. Em crianças a eficácia e segurança ainda não estão estabelecidas.
Mecanismos de ação
Os agentes fibrinolíticos são moléculas responsáveis pela ativação do plasminogênio em plasmina, a qual possui uma potente ação lítica sobre a malha de fibrina presente no trombo e responsável por sua estruturação. A fibrinólise é um evento fisiologicamente autolimitado por mecanismos contrarreguladores, desse modo somente a infusão sistêmica e controlada de doses terapêuticas de fibrinolíticos pode estabelecer o fluxo sanguíneo almejado.
Farmacocinética e Farmacodinâmica do Alteplase
O t-PA/Alteplase depende da presença de fibrina para que possa exercer sua ação, ligando-se a ela através dos locais de ligação de lisina na sua extremidade aminoterminal e ativando o plasminogênio ligado a fibrina de forma mais rápida que o plasminogênio presente na circulação.
Deve ser administrado através de injeção intravenosa em doses fracionadas que variam de acordo com o peso do paciente e com a finalidade da aplicação.
A depuração do t-PA/Alteplase ocorre principalmente pelo metabolismo hepático, e a meia-vida é de aproximadamente 5 minutos.
Indicações
O t-PA/ Alteplase tem uso indicado na terapêutica fibrinolítica do infarto agudo do miocárdio (IAM) com evolução menor de 12 horas, associado à presença de supradesnivelamento persistente do segmento ST > 1 mm em, pelo menos, duas derivações contíguas ou de um novo ou presumivelmente novo Bloqueio do Ramo Esquerdo, desde que não existam contraindicações ou em situações em que a Intervenção Coronariana Percutânea não está disponível em tempo hábil (dentro de 90 minutos), na terapia trombolítica da embolia aguda maciça com presença de instabilidade hemodinâmica ou em casos em que se tem forte suspeita de TEP maciço e risco iminente de morte, bem como no tratamento trombolítico do acidente vascular cerebral isquêmico agudo.
Contraindicações
Assim como todos os fibrinolíticos, o t-PA/Alteplase possui contraindicações absolutas e contraindicações relativas.
As contraindicações absolutas incluem: qualquer sangramento intracraniano prévio; acidente vascular cerebral isquêmico nos últimos 3 meses; dano ou neoplasia no sistema nervoso central; trauma importante de cabeça e pescoço nos últimos 3 meses; sangramento ativo ou diátese hemorrágica( exceto menstruação); malformação arteriovenosa cerebral conhecida; dissecção aguda da aorta e discrasia sanguínea.
As contraindicações relativas englobam: histórico de acidente vascular cerebral isquêmico em tempo superior a 3 meses ou doenças intracranianas que não façam parte das contraindicações absolutas; gravidez; uso atual de antagonistas da vitamina K; sangramento interno recente (cerca de 2-4 semanas); ressuscitação cardiopulmonar traumática e prolongada ou cirurgia de grande porte nas ultimas 3 semanas; hipertensão arterial sistêmica não controlada (PAS>180mmHg ou PAD>110mmHg); punções não compressíveis e úlcera péptica ativa.
Efeitos adversos
O principal efeito adverso de todos os agentes trombolíticos consiste na ocorrência de hemorragia, que pode ser desencadeada por dois fatores: a lise da fibrina em tampões hemostáticos nos locais de lesão vascular e o estado lítico sistêmico, provocado pela formação sistêmica de plasmina, produzindo fibrinogenólise e destruição de outros fatores da coagulação, em especial os fatores V e Vlll.
A presença de hemorragia pode ser discreta, produzindo queda dos níveis de hematócrito e/ou hemoglobina ou pode se manifestar em qualquer local ou cavidade corpórea, podendo resultar em situações de risco de vida, incapacidade permanente ou morte.
Formação de hematoma cerebral intracraniano e transformação hemorrágica de acidente vascular cerebral também são efeitos adversos comuns.
Interações medicamentosas
A Alteplase possui interação medicamentosa com a Aprotinina, inibidora da tripsina e das enzimas pancreáticas, a qual tem efeito inibidor dependente da dose sobre os trombolíticos de forma geral.
O risco de hemorragia, um dos efeitos adversos da Alteplase é aumentado se forem administrados derivados cumarínicos, anticoagulantes orais, antiagregantes plaquetários, heparina não fraccionada ou heparina de baixo peso molecular ou outros agentes inibidores da coagulação (antes, durante ou nas primeiras 24 horas após o tratamento com Alteplase).
O tratamento simultâneo com inibidores da ECA (enzimas de conversão da angiotensina) pode aumentar o risco de ocorrência de reação anafilática, uma vez que nos casos em que se descreveram estas reações, uma proporção relativamente grande de doentes recebia tratamento concomitante com inibidores da ECA.
Além disso a administração concomitante de medicamentos trombolíticos e ácido acetilsalicílico, Paracetamol e ácido ascórbico poderá aumentar o risco de hemorragia dos salicilatos.
Autores, revisores e orientadores:
Autora : Maíra Santana dos Santos – @mairasant_
Autora : Carolina Correia Menezes – @carolmnzs98
Revisor: Marconi Chaves – @marconichaves
Orientadora: Lara Torres Cardosos – @laracardoso40
Liga: Liga Acadêmica de Radiologia da Bahia – LARB – @larb.unime
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