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Resumo de Diarreia Aguda com mapa mental | Ligas

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Resumo de Diarreia Aguda com mapa mental

Definição e Classificação

A diarreia pode ser definida pela ocorrência de três ou mais evacuações amolecidas ou líquidas nas últimas 24 horas.

A diarreia pode ser classificada em:

  • Diarreia Aguda: diarreia que pode durar até 14 dias, podendo ser de até 7 dias de sintomas (diarreia aguda) ou entre 7 e 13 dias (diarreia prolongada)
    • Diarreia aguda aquosa
    • Diarreia aguda com sangue (disenteria)
  • Diarreia Persistente: extensão da diarreia aguda por 14 dias ou mais.
  • Diarreia Crônica: diarreia que ultrapassa 14 dias, com fatores associados ou por mais de 4 semanas (a depender da literatura).

Epidemiologia

A maioria dos casos é autolimitada, porém ainda representam uma das 5 principais causas de mortes no mundo, principalmente, em países menos desenvolvidos. No Brasil, as regiões Norte e Nordeste concentram o maior índice de mortalidade. Além disso, apesar dos índices mundiais de mortalidade terem diminuído nas duas últimas décadas, tanto em países em desenvolvimento quanto em países desenvolvidos, os índices de morbidade não tiveram alteração significativa, se mantendo constantes.

Etiologia e Características

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Descrição gerada automaticamenteA Diarreia Aguda pode ter como causa fatores infecciosos e não infecciosos. As causas infeciosas constituem a maior prevalência da apresentação da doença, cerca de 90% da etiologia.

Tabela 1 – Fonte: Medicina de emergência: abordagem prática

As causas não infecciosas incluem alergia alimentar, intolerância alimentar, doenças inflamatórias intestinais, determinados medicamentos, entre outros.

As diarreias agudas também podem ser de caráter:

  • Inflamatório: evacuações frequentes, geralmente em menor volume; febre alta frequente (38,5C°).
  • Não inflamatório: evacuações em grande volume e aquosas; pode ter febre baixa.

E, podem ser caracterizadas de acordo com a localização:

  • Alta: proveniente do intestino delgado e usualmente associada a episódios diarreicos volumosos de caráter não inflamatório.
  • Baixa: com evacuações frequentes em pouca quantidade usualmente associado ao caráter inflamatório.

Fisiopatologia e Quadro Clínico

Dependendo de cada microorganismo e seu fator de virulência, a diarreia pode ocorrer por 4 mecanismos fisiopatológicos que muitas vezes podem se sobrepor:

  • Osmótico: ocorre por distúrbio da pressão osmótica; por lesão dos enterócitos havendo redução da absorção, como de carboidratos, em que os açúcares não absorvidos aumentam a pressão osmótica no espaço intraluminal influenciando a passagem de água e eletrólitos para manter o equilíbrio osmótico. A diarreia osmótica caracteriza-se pela eliminação volumosa de fezes líquidas, perda hidroeletrolítica, vômitos frequentes e precoces, febre geralmente alta.
  • Secretor: ocorre por ação de enterotoxinas que estimulam mediadores da secreção, o que leva à diminuição de água e eletrólitos e à maior secreção pelas criptas intestinais (glândulas da mucosa intestinal). A diarreia secretora caracteriza-se por poucos sintomas sistêmicos, febre baixa ou ausente.
  • Inflamatório: caracterizada pela resposta inflamatória local ou sistêmica ao patógeno invasor. A diarreia inflamatória pode causar febre, mal-estar, vômitos, dor abdominal (tipo cólica), além de diarreia disentérica.
  • Alteração da motilidade: como a hipermotilidade.

A principal complicação dos quadros diarreicos é a desidratação, sendo também um agravante da desnutrição.

Importante:

  • Na anamnese: investigar duração da diarreia; número diário de evacuações e episódios de vômitos; presença de sague nas fezes; ingesta hídrica e alimentar; diurese; uso de medicamentos; histórico de imunizações; peso recente;
  • No exame físico: procurar sinais de sepse, hipotensão, desidratação e atentar-se à propedêutica abdominal; avaliar estado nutricional; estado de hidratação.

Diagnóstico

A maioria dos pacientes não vão precisar realizar exames complementares. Estes exames só serão solicitados se os pacientes forem imunossuprimidos, estiverem hospitalizados, pacientes > 70 anos, grávidas, portadores de HIV e paciente que apresentem sinais de gravidade. Os exames que podem se solicitados são hemograma, eletrólitos e função renal. Pode-se considerar proteína C-reativa, apenas em pacientes graves e, hemoculturas em crianças com menos de 3 meses de idade. Outros exames disponíveis são a coprocultura, o parasitológico de fezes e a pesquisa de toxinas A e B.

Tratamento e Prevenção

O principal tratamento para a diarreia aguda é o de suporte, baseado, principalmente, em hidratação. A via preferencial para a hidratação é a oral, pois é eficaz na maioria dos casos, sendo recomendado utilizar a hidratação parenteral apenas em casos especiais como pacientes com hipotensão, taquicardia e com desidratação grave.

Quando realizada, a hidratação parenteral é realizada utilizando soluções isotônicas em volumes entre 15 a 20 ml, principalmente em pacientes hipotensos e taquicárdicos. É preciso descartar doenças cirúrgicas durante a avaliação desses pacientes.

Também é realizado o tratamento sintomático: para os vômitos pode ser usada a metoclopramida ou ondansetrona endovenosa ou por via oral. Para a diarreia, pode ser usada a loperamida na dose inicial de 4mg via oral, repetindo 1 comprimido a cada evacuação, com dose máxima de 16 mg por dia. Importante evitar este medicamento durante diarreia inflamatória.

Sobre o uso de probióticos e dos inibidores da encefalinase como o racecadotril, ambos não apresentam nenhum benefício. Alguns pacientes podem ter casos transitórios de deficiência de lactase, após o quadro de diarreia aguda.

O uso de antibióticos não é recomendado em pacientes imunocompetentes que aguardam resultados de exames para procura da etiologia da diarreia, mas apresenta exceções para alguns grupos como: crianças menores de 3 meses de idade com alta probabilidade de etiologia bacteriana, além de outros grupos (exemplificar esses grupos, tem várias outras indicações para uso de ATB). Também será recomendado para pacientes imunossuprimidos com diarreia de características inflamatórias. Nesse caso, pode ser feito o uso de Ciprofloxacina em dose oral de 500 mg 12/12 horas ou 200 mg 12/12 horas  endovenoso ou, ainda, Cefalosporinas como cefuroxima 250-500 mg 12/12 horas ou ceftriaxone 2 g endovenosa 1 vez ao dia, durante 5 dias, na maioria dos casos.

Os pacientes podem apresentar diferentes forma de colite e isso influenciará na conduta a ser realizada.

Autores, revisores e orientadores:

Autoras: Flávia Cunha – @flaviacunha96; Marília Dias – @_mariliadias_

Revisor(a): Mayara Leisly

Orientador(a): Mayara Leisly

Nome Liga: Liga Acadêmica de Medicina Generalista – LAMEGE

Instagram Liga: @lamegeunime

Referências:

LIBERATO, M.B.; FRAGOSO, R.P. Diarreia aguda. In: SBP. Tratado de pediatria sociedade brasileira de pediatria. 4. ed. Barueri, SP: Manole, 2017.

NETO, R.A.B.; FARIA, C.C. de. Diarreia aguda. In: FMUSP. Hospital das Clínicas FMUSP. Disciplina de Emergências FMUSP. Medicina de emergência: abordagem prática. 14. ed. rev., atual., ampl. Barueri [SP]: Manole, 2020.

SBP. Departamento Científico de Gastroenterologia. Diretoria Triênio 2016/2018. Diarreia aguda: diagnóstico e tratamento. Guia Prático de Atualização. Sociedade Brasileira de Pediatria, n. 1, 2017. Disponível em: . Acesso em: 22 out. 2021.


O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.