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Resumo de embriologia: a origem dos somitos, do celoma intraembrionário e o desenvolvimento do sistema cardiovascular | Colunistas

Resumo de embriologia: a origem dos somitos, do celoma intraembrionário e o desenvolvimento do sistema cardiovascular | Colunistas

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A origem dos somitos

Conforme se dá o desenvolvimento do tubo neural e da notocorda, o mesoderma intraembrionário se divide em mesoderma paraxial, intermediário e lateral. Próximo ao fim da terceira semana gestacional, o mesoderma paraxial se diferencia e origina os somitos. Cerca de 38 pares de somitos são formados durante o período somítico do desenvolvimento humano. Ao final da 5ª semana 42 a 44 pares de somitos estão presentes e avançam cefalocaudalmente dando origem a maior parte do esqueleto axial e músculos associados, assim como a derme e a pele adjacente. Somitos cefálicos são os mais velhos, e os caudais, os mais jovens.

Desenvolvimento do celoma intraembrionário

No interior do mesoderma lateral e cardiogênico surgem espaços celômicos que se unem e formam o celoma intraembrionário, (cavidade em forma de ferradura) dividindo o mesoderma lateral em duas camadas. A camada parietal/somática que cobre o âmnio e a camada visceral ou esplâncnica que cobre o saco vitelino.

O mesoderma somático e o ectoderma sobrejacente do embrião formam a parede do corpo do embrião ou somatopleura. Enquanto o mesoderma esplâncnico e o endoderma subjacente do embrião formam o intestino do embrião ou esplancnopleura.

Durante o 2° mês, o celoma está dividido em 3 cavidades: a cavidade pericárdica, as cavidades pleurais e a cavidade peritoneal.

Sistema cardiovascular – desenvolvimento inicial

No fim da 2ª semana, a nutrição do embrião é obtida do sangue materno, por difusão através do celoma extraembrionário e do saco vitelino. No início da 3ª semana começa a angiogênese no mesoderma extraembrionário do saco vitelino, do pedículo do embrião e do corion. Já os vasos sanguíneos do embrião começam a se desenvolver cerca de 2 dias mais tarde. A formação inicial do sistema cardiovascular está correlacionada com a necessidade urgente dos vasos sanguíneos de trazer oxigênio e nutrientes para o embrião a partir da circulação materna, através da placenta. Durante a terceira semana, desenvolve-se o primórdio de uma circulação uteroplacentária.

A formação do sistema vascular do embrião envolve dois processos: a vasculogênese e a angiogênese. A vasculogênese é a formação de novos canais vasculares pela reunião de precursores celulares individuais chamados angioblastos. A angiogênese é a formação de novos vasos pela ramificação de vasos preexistentes. A formação dos vasos sanguíneos (vasculogênese) no embrião e nas membranas extraembrionárias durante a 3ª semana pode ser explicada da seguinte forma: Células mesenquimais (derivadas do mesoderma) se diferenciam em precursoras de células endoteliais — os angioblastos (células formadoras de vasos), que se agregam e formam grupos de células angiogênicas — as ilhotas sanguíneas, que são associadas ao saco vitelino ou cordões endoteliais do embrião. Dessa forma, dentro das ilhotas, fendas intercelulares confluem, formando pequenas cavidades. Com isso os angioblastos se achatam, tornando-se células endoteliais, que se dispõem e formam o endotélio. Essas cavidades revestidas por endotélio logo se fundem para formar redes de canais endoteliais, vasculogênese. Por fim, vasos avançam para áreas adjacentes por brotamento endotelial e se fundem com outros vasos.

Fonte: MOORE, K.L. & PERSAUD, T.V.N. Embriologia Clínica. 8ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. Imagem: Estágios do desenvolvimento do sangue e dos vasos sanguíneos.

As células sanguíneas desenvolvem-se a partir de células endoteliais dos vasos à medida que eles se desenvolvem nas paredes do saco vitelino e do alantóide. A formação do sangue (hematogênese) só começa na 5ª semana e ocorre primeiro em várias partes do mesênquima do embrião, principalmente no fígado, depois, no baço, na medula óssea e nos linfonodos. Os eritrócitos fetais e adultos derivam de diferentes células progenitoras hematopoiéticas (hemangioblastos). As células mesenquimais que circundam os vasos sanguíneos endoteliais primitivos diferenciam-se nos elementos musculares e sistema de vasos.

Acerca do sistema cardiovascular primitivo, o coração e os grandes vasos formam-se de células mesenquimais da área cardiogênica. Durante a terceira semana, forma-se um par de canais longitudinais revestidos por endotélio — os tubos cardíacos endocárdicos — que se fundem, formando o tubo cardíaco primitivo. O coração tubular une-se a vasos do embrião, do pedículo, do córion e do saco vitelino, para formar o sistema cardiovascular primitivo. No fim da 3ª semana, o sangue circula e o coração começa a bater no 21º dia ou 22º dia sendo o primeiro sistema de órgãos que alcança um estado funcional. Os batimentos cardíacos embrionários podem ser detectados por ultrassonografia usando a tecnologia de Doppler, durante a quinta semana, cerca de 7 semanas depois do último período menstrual normal.

Fonte: MOORE, K.L. & PERSAUD, T.V.N. Embriologia Clínica. 8ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. Imagem: Esquema do sistema cardiovascular primitivo de um embrião com cerca de 2 1 dias

Autora: Letícia Bucinsky Orengo – Instagram: @let.orengo


O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.


Referências:

MOORE, K.L. & PERSAUD, T.V.N. Embriologia Clínica. 8ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

SADLER, T.W. Langman Embriologia Médica. 9ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.