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Resumo de Levodopa | Ligas

Resumo de Levodopa | Ligas

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Definição

A (–)-3-(3,4-di–hidroxifenil)-l-alanina, conhecida como levodopa, é um precursor imediato da dopamina que, em contraste com ela, consegue atravessar a barreira hematoencefálica, exercendo ação terapêutica central mesmo quando administrada na circulação periférica.

Por ser precursora de dopamina, a Levodopa é comumente utilizada para redução de parkinsonismos, visando atenuar principalmente os sintomas motores causados pela depleção dopaminérgica nos núcleos da base do cérebro.

No Brasil, é comumente associada com a carbidopa ou a benserazida, inibidores da enzima dopa-descarboxilase periférica, impedindo efeitos colaterais dopaminérgicos periféricos, como náuseas e vômitos.

Apresentação

Com o intuito de potencializar a ação e diminuir os efeitos colaterais, a levodopa é usualmente combinada aos inibidores periféricos da dopa-descarboxilase, como a benserazida (Prolopa® HBS). Diversas formulações da levodopa são disponibilizadas:

  1. Comprimidos orais de dosagem dividida em no mínimo duas administrações por dia – 200 mg levodopa/50 mg carbidopa e 250 mg levodopa/25 mg carbidopa;
  2. Comprimidos diluíveis  – 100 mg levodopa/25 mg carbidopa;
  3. Cápsulas orais  – 100 mg levodopa/25 mg carbidopa;
  4. Comprimido orais – 200 mg levodopa/50 mg carbidopa.

Mecanismo de ação

A levodopa é um pró-fármaco que consegue atravessar a barreira hematoencefálica, atuando contra a diminuição dos níveis de dopamina resultante da degeneração da substância nigra e a interrupção da via nigroestriatal.

Ao chegar ao sistema nervoso central (SNC) e periferia é convertida em dopamina pela dopa-descarboxilase, então ativa receptores dopaminérgicos pós-sinápticos, reduzindo os efeitos da diminuição da dopamina endógena.

Farmacocinética e Farmacodinâmica da Levodopa

A absorção da Levodopa ocorre de forma rápida na parte proximal do intestino delgado, dependendo da velocidade de esvaziamento gástrico e do pH do meio.  Ela é metabolizada por descarboxilação através da dopa-descarboxilase, por metilação por intermédio da catecol-O-metiltransferase (COMT), por transaminação por meio da tirosina aminotransferase e por oxidação através da tirosinase e de alguns outros agentes oxidantes.

Além disso, por volta de 66% da dose é excretada na urina como metabólitos, por volta de 8 horas após uma dose oral do medicamento, sendo os principais metabólitos excretados o ácido 3-metoxi-4-hidroxifenilacético (ácido homovanílico, HVA) e o ácido di-hidroxifenilacético (DOPAC).

Apenas cerca de 30% do medicamento chega à corrente sanguínea e somente 1 a 3% chega ao cérebro, por conta disso, há necessidade de administração de altas doses de Levodopa. Para atenuar esse efeito, associa-se com inibidor da dopa-descarboxilase, diminuindo a metabolização periférica da droga, aumentando a sua meia-vida plasmática.

Indicações

Esse fármaco é utilizado como agente regulador da dopamina para o tratamento da doença de Parkinson, fazendo principalmente a limitação da bradicinesia. Ademais, é a droga mais efetiva no aumento da qualidade de vida  para a doença de Parkinson idiopática. Também é utilizada para o parkinsonismo pós-encefalítico e parkinsonismo sintomático pela inalação de monóxido de carbono.

Contraindicações

Devido a possibilidade de aumento de transtornos mentais, não é indicada para pacientes psicóticos. Também é contraindicada em pacientes com glaucoma de ângulo fechado. Deve ser utilizada com cautela em pacientes com úlcera péptica, com histórico de melanoma ou com lesões cutâneas não diagnósticadas.

Efeitos Adversos

Quando não há coadministração de inibidor periférico da dopa-descarboxilase, em 80% dos pacientes é visualizado anorexia, náuseas e vômitos. Além disso, alguns pacientes apresentaram efeitos cardíacos como taquicardia, extrassístoles ventriculares e, raramente, fibrilação atrial.

Também há relatos de efeitos comportamentais como depressão, ansiedade, agitação, insônia, sonolência, confusão, delírios, alucinações, pesadelose e euforia, mais comumente associados a pacientes que utilizam a Levodopa juntamente a um inibidor da descarboxilase.

Além disso, em cerca de 80% dos pacientes que são tratados com Levodopa por mais de 10 anos ocorrem discinesias, usualmente coreoatetose da face e da parte distal dos membros. Ademais, flutuações na resposta clínica também são comuns, ligadas ao momento da ingestão do medicamento (reações de desgaste ou acinesia de final da dose) ou não ligadas a esse momento (fenômeno liga-desliga, caracterizado por períodos de melhora da mobilidade alternados com períodos de acinesia acentuada).

Vale ressaltar que com cerca de 5 anos de tratamento, metade dos idosos em uso de Levodopa desenvolvem complicações decorrentes da estimulação intermitente dos receptores dopaminérgicos estriatais. Tal quadro é causado por fatores como esvaziamento gástrico lento, competição com aminoácidos presentes na dieta, passagem pela barreira hematoencefálica, armazenamento e conversão em dopamina.

Autores, revisores e orientadores

Autor (a): Eduardo de Lima Sousa – @eduardolima.05

Coautor: Patrick Gonçalves de Oliveira – @oliveirapatrick

Revisor (a): Andressa Maria Guedes Lemos – @andressa.mgl

Orientador (a): Hiroki Shinkai

Liga: Academia de Medicina Geriátrica e Gerontológica de Sobral – AMGGES – @amgges

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