Gastroenterologia

Resumo de suplementação de zinco | Ligas

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O zinco (Zn) é um mineral cuja falta ou excesso no organismo podem prejudicar a sua homeostasia. Idealmente, a sua ingesta diária deve ser de 8mg para mulheres e 11mg para homens.

O zinco pode ser obtido da alimentação através do consumo de carnes vermelhas, mariscos, fígado e ovos. Além disso, também pode ser encontrado em nozes, castanhas e leguminosas. Os alimentos de origem animal normalmente constituem as melhores fontes desse mineral, quando comparados àqueles de origem vegetal.

No contexto de algumas enfermidades, como a diarreia aguda, a suplementação do zinco pode auxiliar na melhora do quadro.

Apresentação da suplementação de zinco

O zinco está disponível como comprimido (sulfato de zinco monoidratado) e solução oral (sulfato de zinco heptaidratado). Ambas as formas devem ser ingeridas por via oral e entre refeições a fim de garantir que sua absorção não seja prejudicada.

Comprimido (sulfato de zinco monoidratado)

  • Uso pediátrico (> 12 anos): 1 comprimido ao dia, por 10 a 14 dias
  • Uso adulto (> 18 anos): 2 comprimidos ao dia, por 7 dias

Solução oral (sulfato de zinco heptaidratado) para uso pediátrico

  • Até 6 meses de idade: 2,5mL/dia, por 10 a 14 dias
  • Acima de 6 meses de idade: 5mL/dia, por 10 a 14 dias

Solução oral (sulfato de zinco heptaidratado) para uso adulto

  • 7,5mL/dia

A forma de administração pode variar de acordo com a orientação médica.  

A utilização do zinco junto à terapia de reidratação oral (ORT) é recomendada para tratar diarreia infantil.

Suplementação de zinco: mecanismos de ação

O zinco tem papéis catalíticos e estruturais em algumas enzimas importantes, contribuindo para o metabolismo de nutrientes e participando nos processos de regulação da expressão gênica e na apoptose.

Ele também aumenta a colocação de receptores de glicose na membrana plasmática e possui influência sobre o IGF-1, cuja concentração diminui quando ele está deficiente.

O zinco participa na dinâmica dos sistemas nervoso e reprodutivo e pode ainda otimizar a resposta hormonal. Também está envolvido no crescimento.

Ele foi associado ao metabolismo da vitamina A e à melhora da resposta imune, esta por meio da sua influência sobre os linfócitos e a produção de citocinas. Também desempenha função antioxidante por mecanismos de proteção a grupos sulfidrilas sujeitos à oxidação e de inibição da produção de algumas EROs.

A deficiência de zinco pode ser vista em algumas doenças como diabetes e insuficiência renal crônica. Na diarreia aguda, o zinco estimula a absorção de água e eletrólitos pelos enterócitos, bem como a resposta imune local, promovendo o reestabelecimento da mucosa gastrointestinal.

O zinco foi associado à diminuição da gravidade, duração e ocorrência de novos episódios de diarreia aguda em crianças.  

Farmacocinética da suplementação de zinco

O zinco é absorvido pelos enterócitos por difusão, posteriormente alcançando a circulação sanguínea via transporte ativo. No sangue, ele é carreado pela albumina até o fígado, alcançando então outros tecidos do corpo. Existe cerca de 1,5g a 2,5g de zinco distribuídos pelo indivíduo.

Durante a absorção, ele pode ter sua biodisponibilidade prejudicada pela presença de substâncias como fitato e oxalato, ao passo que aminoácidos podem favorecê-la.

No sangue, uma possível competição do zinco com outros minerais, bem como uma quantidade reduzida de proteínas séricas (o que afeta seu transporte na circulação sanguínea) também podem diminuir a sua biodisponibilidade no corpo.

Assim, a quantidade ingerida de zinco não necessariamente é aproveitada pelo corpo de maneira integral.

O zinco é excretado através do intestino, da pele e dos rins.

Indicações

Em 2004, a OMS e o UNICEF recomendaram o uso rotineiro de zinco como adjuvante da terapia de reidratação oral (ORT) para o tratamento da diarreia infantil, independentemente da etiologia.

Desde então, mais de 40 países em todo o mundo adotaram as recomendações. Quando adicionada à terapia de reidratação oral, a terapia rotineira com zinco apresenta resultados eficazes e seguros, reduzindo a severidade dos sintomas e o mais importante, reduzindo os episódios de diarreia infantil.

É recomendado administrar 20 mg de zinco por dia de 10 a 14 dias a todas as crianças com diarreia. Os lactentes ≤ 2 meses devem receber 10 mg por dia de 10 a 14 dias.

Contraindicações    

  • Zinco não deve ser utilizado em pacientes que apresentem hipersensibilidade aos componentes da fórmula.
  • Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista, pois as necessidades nutricionais elevadas durante a gravidez e o aleitamento as predispõem para o desenvolvimento de deficiência de zinco. De acordo com a categoria de risco de fármacos destinados às mulheres grávidas, este medicamento apresenta categoria de risco C
  • Exclusivo Comprimido: Este medicamento é contraindicado para menores de 12 anos.
  • Solução oral: Atenção fenilcetonúricos: contém fenilalanina.

Efeitos adversos

Não devem ser observadas reações adversas com o uso de sulfato de zinco com a posologia recomendada. A ingestão excessiva de zinco, pode causar náuseas, vômitos, dor epigástrica, diarreia, letargia e fadiga.

Interações medicamentosas

  • O zinco pode prejudicar a absorção das tetraciclinas. A maioria dos fármacos quelantes pode diminuir os níveis plasmáticos do zinco, como etambutol, cloroquinas, dissulfiram e penicilamina. A clorotiazida e o glucagon levam ao aumento de zinco na urina.
  • Recomenda-se a administração dos antibióticos 2 horas antes, ou de 4 a 6 horas após a ingestão de zinco.
  • Repetidas infusões de EDTA (Ácido etilenodiaminotetracético), que é um tipo anticoagulante, podem aumentar a excreção renal de zinco em 10 a 25 vezes e reduzir os níveis séricos em cerca de 40%.
  • A absorção do zinco pode ser diminuída devido ao consumo concomitante com o ferro.

Autores, revisores e orientadores:

Autor(a): Emylle Keyse de Pinho e Isabele Bacelar Ferreira – @emyllekeyse e @isabelebacelar

Revisor(a):  Samantha Louise Sampaio Sá – @sl_sampaio

Orientador(a): Nádia Regina Caldas

Liga: Liga Acadêmica de Gastroenterologia e Hepatologia – LAGH – @laghbahiana

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