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Resumo sobre os níveis de Clark | Colunistas

Resumo sobre os níveis de Clark | Colunistas

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O estudo de doenças sempre segue o estabelecimento de características diferenciais para que o fechamento do caso seja o mais adequado possível. Hoje estudaremos os níveis de Clark, um estudo dermatológico que classifica a invasão do melanoma múltiplo com base na profundidade da invasão do tumor nos estratos da pele. Vem comigo!

Camadas da pele

Antes de falar sobre a classificação de Clark, é necessário entender conceitos básicos. No que diz respeito às camadas da nossa pele, podemos distingui-la da seguinte forma:

  • Epiderme
  • Derme
  • Tecido subcutâneo

Epiderme

É a porção mais externa da pele, aquela no qual conseguimos ver a olho nu e é responsável pela nossa primeira barreira contra microorganismos, portanto, a sua principal função é a proteção. A quantidade de melanina nessa camada é a responsável pela cor do indivíduo.

Derme

A derme é a porção intermediária da pele, se localizando entre a epiderme e a tela subcutânea. Sua principal função é a nutrição e sustentação dos elementos presentes na epiderme, uma vez que ela promove a inervação e vascularização, com nervos e vasos sanguíneos.

Tecido subcutâneo ou hipoderme

O tecido subcutâneo é a porção mais interna da pele, ficando abaixo da epiderme e da derme. É rica em tecido adiposo, por isso sua função está atrelada a nossa proteção. Outra funcionalidade desse tecido é a conexão com o tecido muscular que permite a articulação e movimentação humana.

Figura 1 – Camadas da pele. Arylide Life Sciences.

Contextualizando

O melanoma maligno é um tipo de câncer associado ao crescimento desgovernado de melanócitos, as células no qual se deposita a melanina. Em Março de 1969, foi publicado um estudo sobre “A histogênese e o comportamento biológico dos melanomas malignos humanos primários da pele”, Clark junto com outros 3 companheiros, sugeriu um estudo mais aprofundado sobre o melanoma superficial, nodular e o lentigo maligno, estabelecendo novas hipóteses e parâmetros sobre o assunto. Nesse estudo, foi então proposto os 5 níveis de Clark, com base na invasão das células tumorais, permitindo assim o manejo adequado em cada caso.

Nível I

No primeiro nível de Clark, todas as células tumorais estão localizadas acima da membrana basal, sendo portanto, considerados como melanomas in situ, sem risco de metástase, já que estão restritos ao sítio acometido primariamente. No artigo, a imagem a que se refere essa classificação (Fig 1.) está representada abaixo, no qual é possível observar o acometimento de toda a epiderme

Figura 2 – Fotomicrografia junto com a representação histológica do melanoma de nível I na escala de Clark. (CLARK, et al, 1969)

Nível II

No nível II, as células deixam de estar acima da membrana basal da epiderme e invadem a derme, mais especificamente, a porção reticular, que se distribui homogeneamente e paralelamente abaixo da epiderme. Dentro dessa classificação, entram também os melanomas nos quais há invasão de algumas células para a porção reticular. A maior invasão associada ao Nível III e a derme reticular só se confirma quando as células começam a se acumular nessa porção, e não apenas uma célula individual. Para o nível II, o estudo demonstra ilustradamente através da Figura 2 a seguir.

Figura 3 – Fotomicrografia de melanoma superficial. Na seta, é demonstrado o local onde as células inflamatórias se chocam contra os feixes de colágeno da derme reticular. (CLARK, et al, 1969).

Nível III

O nível III na escala de Clark é considerada como um diferencial quando comparada com outros estudos, porque considera a formação da base do tumor que forma uma linha retilínea e vai de encontro à porção superior da derme reticular, mas não demonstra nenhuma invasão significativa na própria derme reticular. Essa classificação se estabeleceu porque os pesquisadores acharam justo considerar o nível III como uma categoria distinta. Na Figura 3 temos a representação histológica desse nível.

Figura 4 – Fotomicrografias de melanomas malignos superficiais. Em ambas as setas, os autores demonstram que as células colidem com a porção superior da derme reticular mas não invadem-a. (CLARK, et al, 1969).

Nível IV

O nível IV na escala de Clark, abrange tumores que invadem a derme reticular e que ficam entre os feixes característicos desse substrato. É importante destacar que, assim como na transição entre os níveis II e III, uma célula isolada entre os feixes não é suficiente para classificar esse tumor como nível IV, por isso ainda é considerado como nível III.

Figura 5 – Fotomicrografia de melanoma nodular. Na primeira imagem (34), no quadrado em destaque, é possível observar os feixes de colágeno da derme reticular. Na segunda imagem (35) temos as células tumorais entre os feixes de colágeno de maneira mais agressiva. (CLARK, et al, 1969).

Nível V

No último nível, o V, abrangemos os tumores que conseguiram perpassar todos os substratos da pele e chegaram a nível do tecido subcutâneo. Por estarem mais próximos de estruturas vasculares, estes tumores possuem uma chance maior de metástase, que é o deslocamento das células neoplásicas para outras porções do corpo que não seja onde ele surgiu.

Figura 6 – Fotomicrografia de melanoma medularde nível V na escala de Clark. (CLARK, et al, 1969).

O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.


REFERÊNCIAS

CLARK, Wallace H. et al. The histogenesis and biologic behavior of primary human malignant melanomas of the skin. Cancer research, v. 29, n. 3, p. 705-727, 1969.
ARYLIDE LIFE SCIENCES. Estrutura da pele e cicatrização de feridas. [S. l.], 2020. Disponível em: https://arylide.com/strataderm/skin-structure-wound-healing/. Acesso em: 25 ago. 2021.