Índice
Diabetes Mellitus é uma doença caracterizada pela elevação da glicose no sangue (hiperglicemia). Pode ocorrer devido a defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas, pelas chamadas células beta.
A função principal da insulina é promover a entrada de glicose para as células do organismo de forma que ela possa ser aproveitada para as diversas atividades celulares. A falta da insulina ou um defeito na sua ação resulta portanto em acúmulo de glicose no sangue, o que chamamos de hiperglicemia.
Epidemiologia de diabetes mellitus
Uma epidemia de diabetes mellitus (DM) está em curso. Atualmente, estima-se que a população mundial com diabetes é da ordem de 382 milhões de pessoas e que deverá atingir 471 milhões em 2035.
Cerca de 80% desses indivíduos com DM vivem em países em desenvolvimento, onde a epidemia tem maior intensidade, com crescente proporção de pessoas afetadas em grupos etários mais jovens, coexistindo com o problema que as doenças infecciosas ainda representam.
Fisiopatologia
Diabetes Tipo 2 (DM2) – Nesta forma de diabetes está incluída a grande maioria dos casos (cerca de 90% dos pacientes diabéticos). Nesses pacientes, a insulina é produzida pelas células beta pancreáticas, porém, sua ação está dificultada, caracterizando um quadro de resistência insulínica. Isso vai levar a um aumento da produção de insulina para tentar manter a glicose em níveis normais. Quando isso não é mais possível, surge o diabetes.
A instalação do quadro é mais lenta e os sintomas – sede, aumento da diurese, dores nas pernas, alterações visuais e outros – podem demorar vários anos até se apresentarem. Se não reconhecido e tratado a tempo, também pode evoluir para um quadro grave de desidratação e coma.
Quadro clínico do diabetes mellitus
Fome frequente, sede constante, vontade de urinar diversas vezes ao dia, perda de peso, fraqueza, fadiga, mudanças de humor, náusea e vômito.
Diagnóstico
O diagnóstico do diabetes acaba se tornando difícil quando se considera que os sintomas clássicos da doença (poliúria, polidipsia e polifagia) não estão presentes na maioria dos casos de diabetes tipo 2 (DM2). Portanto, o diagnóstico do diabetes tipo 2 e do pré-diabetes só poderá ser confirmado através de testes laboratoriais de glicemia e de hemoglobina glicada (A1C).
Glicemia de jejum maior ou igual a 126 mg/dL ou resultado da glicemia de 2 horas após receber 75 gramas de glicose (conhecido como teste de tolerância oral à glicose ou curva glicêmica) maior ou igual a 200 mg/dL também são critérios. Entretanto, para fechar o diagnóstico, é necessária a confirmação através da repetição do teste em outro dia. A hemoglobina glicada, exame de sangue que reflete a glicose dos últimos 3 meses, também é utilizada como critério de diabetes quando os resultados são maiores ou igual a 6,5%. Este teste deve ser interpretado com cautela, já que a etnia ou doenças que modifiquem as hemácias (células do sangue) podem gerar resultados não confiáveis.
Há também os níveis intermediários de glicose, conhecido como pré-diabetes, que significa uma categoria de risco aumentado para o desenvolvimento de diabetes e de doença cardiovascular. Níveis de glicose em jejum de 100 a 125 mg/dL ou glicose 2 horas após o teste de tolerância oral à glicose de 140 a 199 mg/dL ou hemoglobina glicada de 5,7 a 6,4% mostram que o paciente tem maior risco de desenvolver diabetes e deve ter acompanhamento médico com a finalidade de prevenir o surgimento da doença.
Tratamento
O tratamento do diabetes tipo 2 não é complexo, mas exige muito comprometimento dos pacientes. Além de mudar o estilo de vida, o que já é bastante desafiador, as pessoas com diabetes tipo 2 precisam ter disciplina na adesão ao tratamento medicamentoso prescrito ao longo de toda a vida.
Entre os pilares do tratamento do diabetes estão:
- Alimentação saudável, com baixa ingestão de gorduras e açúcar;
- Atividades físicas regulares (30 minutos, 5 vezes por semana);
- Perda do excesso de peso e controle de peso;
- Adesão à tomada dos remédios prescritos pelo médico;
- Monitoramento periódico dos níveis de glicose no sangue;
- Visitas médicas regulares para avaliação do controle da doença e monitoramento dos riscos associados
Medicamentos para o controle do diabetes tipo 2
É possível que alguns pacientes com diabetes tipo 2 consigam alcançar o controle do diabetes com a mudança no estilo de vida e a redução da massa corporal, no entanto, a grande maioria das pessoas necessita de tratamento medicamentoso para alcançar o controle do diabetes tipo 2, minimizando seus riscos.
A escolha do tratamento é feita com base em diferentes fatores, como a idade do paciente, as taxas de glicose no sangue e o quadro geral de saúde do paciente. Entre as classes de medicamentos disponíveis estão:
Biguanidas (metformina); Sulfoniureias; Metiglinidas; Glitazonas; Inibidores da alfaglicosidade; Inibidores da DPP4 (gliptinas); Inibidores da SGLT2; Miméticos e análogo do GLP1; Insulina.
Como essas classes de medicamentos agem através de mecanismos de ação diferentes, é provável que os médicos combinem mais de uma abordagem terapêutica, visando melhores resultados para os pacientes com diabetes. Ao longo do tempo, também pode haver substituição de terapias, sempre na busca individualizada da melhor resposta terapêutica e redução dos efeitos colaterais.