Definição e Epidemiologia
Doença de Crohn (DC) é uma doença inflamatória crônica que pode afetar qualquer parte do canal alimentar, principalmente o íleo e intestino grosso. Tem origem desconhecida e não tem predominância de sexo, no entanto, é comum entre os Judeus e existem associações sobre uma maior ocorrência dentro de grupos familiares, o que alerta para a questão genética.
Fisiopatologia
A doença é caracterizada pela inflamação das paredes do tubo digestivo causando pequenas úlceras, que podem evoluir para úlceras profundas transversais e longitudinais com edema mucoso criando, no intestino, lesões tipicamente granulomatosas, semelhante à de pedra de calçamento. Conforme o avanço da doença, a luz do lúmen intestinal estreita e a membrana mucosa adquire aspecto emborrachado, trazendo complicações para o paciente, além das possíveis fístulas e abscessos que são comuns.
Quadro clínico
Segundo o Protocolo Clínico e as Diretrizes Terapêuticas de 2014, a Doença de Crohn apresenta como o sintoma mais comum no momento do diagnóstico a diarreia, seguida por sangramento, perda de peso e dor abdominal. Os sinais mais comuns são febre, palidez, caquexia, massas abdominais, fístulas e fissuras perianais.
Diagnóstico
Mais de 6 semanas de diarreia é o critério sugerido como prazo útil para diferenciação com diarréia aguda infecciosa. Nos exames radiológicos, os achados mais característicos são acometimento do intestino delgado e presença de fístulas. A endoscopia mostra tipicamente lesões ulceradas, entremeadas de áreas com mucosa normal, acometimento focal, assimétrico e descontínuo, podendo também ser útil para a coleta de material para análise histopatológica. A análise histológica pode indicar acometimento transmural (quando da análise de ressecções cirúrgicas), padrão segmentar e presença de granulomas não caseosos.
Tratamento
O tratamento da DC pode ser individualizado de acordo com a localização da doença, o grau de inflamação e as complicações. Clinicamente, o tratamento medicamentoso pode ser baseado em sulfassalazina, mesalazina e antibióticos, porém estes não têm ação uniforme ao longo do TGI. Os corticosteróides, imunossupressores e terapias anti-TNF parecem ter uma ação mais constante em todos os segmentos gastrointestinais, assim a medicação vai ser indicada de acordo com a situação. Em casos mais graves, se indica o tratamento cirúrgico seja para tratar obstruções, complicações supurativas ou quando a doença não responde ao tratamento medicamentoso.