Índice
- 1 Epidemiologia da Anemia
- 2 Resumo sobre os tipos de anemia
- 3 Fisiopatologia da anemia
- 4 Etiologia das anemias
- 5 Resumo sobre anemia: quadro clínico
- 6 Classificação das anemias
- 7 Resumo sobre o diagnóstico das anemias
- 8 Tratamento da Anemia
- 9 Quer aprofundar mais seu conhecimento sobre os tipos de anemia?
- 10 Sugestão de leitura complementar
- 11 Referências
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Anemia é definida como a redução da concentração de hemoglobina do sangue. Ou seja, hemoglobina abaixo do normal estabelecido.
Essa diminuição geralmente é acompanhada por redução da contagem de eritrócitos e do hematócrito, porém esses valores podem ser normais em alguns pacientes com níveis baixos de hemoglobina.
Raramente a anemia é a doença principal, na maioria das vezes é uma alteração secundária de uma doença de base. Por isso é fundamental além de estabelecer o diagnóstico da anemia, buscar suas possíveis causas.
Epidemiologia da Anemia
A anemia é um problema de saúde global que afeta mais de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo, o que representa cerca de 25% da população mundial. As maiores taxas de prevalência são observadas nos países em desenvolvimento, particularmente na África Subsaariana e no Sudeste Asiático.
Em países de baixa renda, a prevalência de anemia é maior devido à má nutrição, doenças infecciosas e falta de acesso a serviços de saúde. Nos países desenvolvidos, a anemia é mais comum em populações específicas, como idosos e pessoas com condições crônicas de saúde.
Ela pode afetar pessoas de todas as idades e sexos. No entanto, é mais comum entre as mulheres, principalmente as grávidas e aquelas em idade reprodutiva devido à perda de sangue durante a menstruação. Crianças menores de 5 anos também correm maior risco de anemia, principalmente em países em desenvolvimento, devido à má nutrição.
A anemia pode ocorrer devido a várias condições de saúde subjacentes, como deficiência de ferro, doença renal crônica, doença falciforme e talassemia. Portanto, a epidemiologia da anemia também pode depender da prevalência dessas condições de saúde subjacentes.
Consequências da anemia
A anemia pode ter consequências significativas para a saúde, incluindo:
- Comprometimento da função cognitiva;
- Diminuição do desempenho físico;
- Aumento do risco de morbidade e mortalidade.
Também pode afetar negativamente a qualidade de vida, a produtividade e o crescimento econômico de indivíduos e comunidades.
Resumo sobre os tipos de anemia
Os principais tipos de anemia são:
- Carenciais: Anemias ferroprivas e magalobásticas;
- Anemais Inflamatórias ou de Doenças Crônicas;
- Talassemais;
- Anemais Sideroblásticas;
- Anemia Aplásica;
- Hemolíticas;
- Anemia das Doenças Endócrinas.
Fisiopatologia da anemia
Os eritrócitos originam-se de células tronco hematopoiéticas da medula óssea que se dividem até formar o reticulócito, precursor da hemácia e que já pode ser detectado no sangue periférico.
Os reticulócitos duram cerca de 24/48 horas até serem convertidos em hemácias sendo o hormônio envolvido nesse processo a eritropoetina produzida no rim e fígado que estimula a eritropoese a partir do nível de oxigênio tecidual.
A quantidade de reticulócitos no sangue periférico é indicador da capacidade funcional da medula ósseoa diante de uma anemia.
Etiologia das anemias
A anemia pode ser consequência de três mecanismos principais:
- Diminuição da sobrevida dos eritrócitos (hemorragias agudas/hemólise);
- Os Defeitos na produção medular (hipoproliferação);
- Defeitos na maturação dos eritrócitos (eritropoese ineficaz);
Na anemia por hemorragias as manifestações dependem da velocidade de instalação do quadro. Uma hemorragia aguda, como nos traumas, pode levar rapidamente ao choque. A hemorragia crônica, comum em sangramentos do trato gastrointestinal, pode haver uma redução muito significante dos eritrócitos sem apresentar sintomas.
O aumento dos reticulócitos, como compensação medular, não ocorre inicialmente nas hemorragias agudas, devido ao curto período para proliferação. Diferente da anemia hemolítica que está associada a altos índices de reticulócitos devido a compensação.
A anemia hipoproliferativa pode ser resultado da redução da eritropoetina, como ocorre na insuficiência renal, pela carência de vitamina B12, ferro e ácido fólico, fundamentais para o processo de eritropoese, ou devido a doenças inflamatórias e neoplásicas.
Saiba mais sobre a hematopoese e eritropoese lendo nossos textos completos sobre o assunto:
Resumo sobre anemia: quadro clínico
Os sintomas estão associados a redução do transporte de oxigênio pelo sangue, alteração do volume sanguíneo total e a resposta compensatória cardiopulmonar.
Quanto mais abrupta a queda nos níveis de hemoglobina e/ou volume sanguíneo, mais intensos são os sintomas. É o que ocorre nas hemorragias agudas ou crises hemolíticas em que os pacientes podem apresentar dispneia, palpitação, tontura e fadiga.
Já nas anemias crônicas, como a ferropriva, o paciente pode permanecer assintomático ou pouco sintomático, mesmo com baixos níveis de hemoglobina.
O sinal mais comum das anemias é a palidez, que é mais bem detectada nas mucosas da boca, conjuntivas e leito ungueal.
Também pode ocorrer icterícia e esplenomegalia sugerindo anemia hemolítica, a glossite pode ocorrer nas anemias carenciais e úlceras de pernas são comuns na anemia falciforme.
Outros sintomas associados a anemias são:
- Cefaleia;
- Vertigem;
- Hipotensão postural;
- Fraqueza muscular.
Classificação das anemias
Existem diversas formas de classificar as anemias. A mais comum é segundo critérios morfológicos ou fisiopatológicos:
Quanto à morfologia das anemias
Devemos analisar os seguintes elementos que podem ser encontrados nos hemogramas:
- VCM (volume corpuscular médio): classifica a anemia em macrocítica, microcítica ou normocítica;
- Valor de referência: 80-100.
- HCM (hemoglobina corpuscular média): diz respeito sobre a quantidade de hemoglobina dentro da hemárcia. Classifica a anemia em hipercrômica, hipocrômica, normocrômica;
- Valor de referência: 28-32.
- CHCM (concentração de hemoglobina corpuscular média): classifica a anemia em hipercrômica, hipocrômica, normocrômica;
- Valor de referência: 32-37.
- RDW: é o (índice de anisocitose – medida de variação do tamanho das hermácias);
- Valor de referência: 10-15.
- Anisocitose é quando há diferença no tamanho das hemárcias.
- Contagem de reticulócitos: classifica a anemia em hiperproliferativa ou hipoproliferativa.
Macrocítica Hipercrômica | Microcítica Hipocrômica | Normocítica Normocrômica |
VCM > 100 fl HCM > 34 g/dL | VCM < 80 fl HCM < 28 g/dL | VCM 80 – 100 fl HCM 28 – 34 g/dL |
Exemplo: anemia megaloblástica | Ex.: anemias ferroprivas | Exemplo: anemias hemolíticas, anemia aplástica |
Quanto à fisiopatologia das anemias
- Anemias por falta de produção: (podem acompanhar doenças inflamatórias, infecciosas e neoplásicas).
- Produção deficiente de glóbulos vermelhos por acometimento primário ou secundário da medula óssea;
- Falta de eritropoetina;
- Carência de ferro, vitamina B12 e ácido fólico.
- Anemias por excesso de destruição ou regenerativas: ocorre nas anemias hemolíticas ou anemias por perda de sangue. Hemólise pode ser causada por defeitos intrínsecos, como nas anemias associadas a alterações hereditárias ou fatores extrínsecos, como exposição a toxinas, parasitas ou agentes infecciosos.
Resumo sobre o diagnóstico das anemias
O diagnóstico de anemia pode ser feito por qualquer um dos 3 componen-
tes da série vermelha:
- Hemoglobina (Hb):
- <13g/dl em Homens;
- <12g/dl em Mulheres e crianças de 6 à 14 anos;
- <11 g/dl para gestantes e crianças de até 6 anos.
- Hematócrito (Ht):
- < 41% para homens;
- < 36% para mulheres.
- Número de glóbulos vermelhos.
Os dois primeiros são os mais utilizados. Este último não é tão sensível, uma vez que em casos de microcitose ele encontra-se normal, já que o tamanho dos glóbulos é que está alterado.
É importante lembrar que o Hb e Ht dependem do volume plasmático. Então, em caso de gravidez e hepatoesplenomegalia podemos ter uma anemia falsa, uma vez que temos um aumento do volume. Em caso de hemoconcentração, podemos ter uma anemia mascarada.
Análise laboratorial
Deve-se solicitar alguns exames para o realizar o diagnóstico e a investigação de um paciente com anemia:
- Hemograma completo;
- Contagem de reticulócitos;
- Pesquisa oculta de sangue nas fezes;
- Ferro Sérico;
- Transferrina Sérica;
- Capacidade total de ligação do ferro “a transferrina (TIBC);
- Ferritina sérica;
- Esfregaço de sangue periférico.
Pode-se ainda pedir
- Vitamina B12;
- Bilirrubina;
- LDH;
- TGO e TGP;
- GGT;
- Ureia e creatinina;
- Sódio, Potássimo, Calcio, Cloro, Magnésio;
- Glicemia;
- PCR e CEA;
- TP e TTPa;
- Sumário de Urina.
Exames de imagem
Caso seja necessário continuar a investigação, pode-se solicitar:
- Rx de tórax;
- Endoscopia Digestiva Alta;
- Colonoscopia;
- TC de abdome.
Tratamento da Anemia
O tratamento é muito variado e feito de acordo com a causa base da anemia. Abaixo o tratamento das principais anemias:
Anemia ferropriva:
- Sulfato ferroso:
- Crianças: 3 a 6 mg/kg/dia de ferro elementar, sem ultrapassar 60 mg/dia;
- Gestantes: 60 a 200 mg/dia de ferro elementar associadas a 400 mcg/dia de ácido fólico;
- Adultos: 120 mg/dia de ferro elementar;
- Idosos: 15 mg/dia de ferro elementar.
Anemia megaloblástica:
causada pela síntese defeituosa do DNA, levando a um atraso da maturação do núcleo em relação ao citoplasma. Em geral é causado por deficiência de vitamina B12 ou de ácido fólico.
- Vitamina B12: 1000 mcg, via parenteral, durante 4 semanas, seguido de injeções mensais;
- Ácido fólico: 1mg/dia, via oral, durante 1 mês.
Falcemia: Anemia falciforme
Anemia hereditária que cursa com anemia hemolítica crônica, vasculopatias, lesões vaso-oclusivas e lesão aguda de órgãos.
- Ácido fólico: 1mg/dia;
- Hidroxiureia: 15-35 mg/kg/dia. Usada para prevenção das crises dolorosas;
- Transplante de medula óssea: único tratamento curativo, porém com alta morbimortalidade e necessita de um doador compatível.
Anemia de doença crônica:
Acomete pacientes com doenças inflamatórias crônicas, como tuberculose, doença de Crohn, pneumonias e doenças malignas como carcinomas e linfomas. O tratamento é feito com o controle da doença basal. Eritropoetina pode ser considerada em casos graves com anemia intensa.
Eritropoetina: dose inicial de 100 U/Kg, via subcutânea, dividida em três doses semanais por um período de 8 a 12 semanas. Se não houver resposta terapêutica esperada, recomenda-se aumentar a dose de para 150 U/Kg até 300 U/Kg.
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Referências
- DE SANTIS, G.C. Anemia: definição, epidemiologia, fisiopatologia, classificação e tratamento. Medicina (Ribeirão Preto. Online) 2019;52(3):239-51. Revistas USP.
- KASPER, Dennis L.. Medicina interna de Harrison. 19 ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2017.
- MEANS, R.T.; BRODSKY, R.A. Diagnostic approach to anemia in adults. UpToDate, 2022.
- SILVA, H. F.; OLIVEIRA, D. S. 101 Desafios Clínicos para Médicos: HEMOGRAMAS. Editora Sanar, 2ª ed., 2015.