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Doenças exantemáticas: tipos, quadro clínico, diagnóstico e mais

Doenças exantemáticas: tipos, quadro clínico, diagnóstico e mais

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Já ouviu falar sobre as doenças exantemáticas? Nesse artigo, separamos as principais doenças desse conjunto – do diagnóstico ao tratamento.

As doenças exantemáticas são um conjunto de doenças infecciosas nas quais a erupção cutânea eritematosas é a característica dominante, mas geralmente também apresentam manifestações sistêmicas.

São doenças de comum aparecimento na infância. Na maioria das vezes o diagnóstico é apenas clínico. A análise do tipo de lesão, dos sinais e sintomas concomitantes e a epidemiologia permite inferir o diagnóstico etiológico sem a necessidade de exames laboratoriais.

Quais patologias fazem parte das doenças exantemáticas?

A grande maioria das doenças exantemáticas são viroses. Entretanto, algumas podem ser causadas por bactérias, outros agentes infecciosos ou não, como doenças reumatológicas.

As principais doenças exantemáticas são:

Nesse texto iremos apresentar as principais delas para você.

Sarampo

O sarampo é uma das principais e mais conhecidas doenças exantemáticas. É uma infecção viral altamente contagiosa causada pelo vírus do sarampo. O vírus é transmitido através do contato com secreções respiratórias, como muco, saliva ou gotículas tossidas de uma pessoa infectada.

Quadro clínico

Os sintomas do sarampo geralmente aparecem cerca de 10 a 14 dias após a exposição e incluem:

  • Febre;
  • Tosse;
  • Coriza;
  • Olhos vermelhos e lacrimejantes;
  • Erupção cutânea que se espalha do rosto para o resto do corpo.

O sarampo pode levar a complicações graves, especialmente em crianças pequenas e pessoas com sistema imunológico enfraquecido, incluindo pneumonia, inflamação cerebral (encefalite) e até a morte.

Exantema do Sarampo. Fonte: Measles

Diagnóstico

O diagnóstico é predominantemente clínico. Entretanto, havendo necessidade, pode-se confirmar o diagnóstico com sorologia de IgM positivo (1 a 2 dias após o aparecimento do exantema) ou IgG aumentado 4x (2 a 4 semanas após o aparecimento).

Tratamento e prevenção

O tratamento dessa doença exantemática é de sintomáticos, como antipiréticos, hidratação, suporte nutricional.

A melhor forma de prevenir o sarampo é por meio da vacinação. A vacina contra o sarampo é altamente eficaz e geralmente é administrada como parte da vacina contra sarampo, caxumba e rubéola (MMR).

Duas doses da vacina são recomendadas para proteção ideal, com a primeira dose administrada aos 12-15 meses de idade e a segunda dose administrada aos 4-6 anos de idade. É importante manter altas taxas de vacinação nas comunidades para prevenir surtos de sarampo.

Saiba mais sobre o Sarampo lendo nosso texto completo sobre o assunto: Sarampo: epidemiologia, fisiopatologia, diagnóstico e tratamento

Rubéola

A rubéola, também conhecida como sarampo alemão, é uma infecção viral contagiosa causada pelo vírus da rubéola. O vírus é transmitido por gotículas respiratórias quando uma pessoa infectada tosse ou espirra, ou pelo contato com superfícies contaminadas.

Quadro clínico

Na fase prodrômica apresenta febre baixa, mal estar, artralgia, mialgia. Na fase exantemática há exantema maculopapular, róseo, mais brando, há uma distribuição craniocaudal. Não há descamação, gânglios retroauriculares e adenomegalia. Presença de enantema, “bolinhas” vermelhas em região de palato e de úvula.

A grande maioria dos casos não tem manifestação clínica. A intensidade dos sintomas esta diretamente relacionada à faixa etária.

No entanto, o vírus pode causar complicações mais graves em mulheres grávidas, incluindo aborto espontâneo, natimorto e síndrome da rubéola congênita (SRC), que pode causar defeitos congênitos graves, como surdez, cegueira, defeitos cardíacos e deficiências intelectuais.

Tratamento e prevenção

O tratamento é de suporte. A profilaxia pós-exposição, com imunoglobulina, só está indicada para as gestantes susceptíveis e expostas.

A rubéola pode ser prevenida com uma vacina. A vacina contra a rubéola geralmente é administrada como parte da vacina tríplice viral (sarampo, caxumba, rubéola), que é recomendada para todas as crianças e adultos que não foram vacinados ou que não tiveram a infecção antes.

A vacina é normalmente administrada em duas doses, com a primeira dose administrada aos 12-15 meses de idade e a segunda dose aos 4-6 anos de idade. É importante manter altas taxas de vacinação nas comunidades para prevenir surtos de rubéola e proteger mulheres grávidas e seus bebês ainda não nascidos.

Saiba mais sobre a Rubéola lendo nosso texto completo sobre o assunto: Resumo sobre rubéola (Completo) | Ligas

Roséola infantum ou Exantema Súbito

A roséola infantil, também conhecida como exantema súbito, é uma doença viral comum que geralmente afeta bebês e crianças menores de 2 anos. É causada pelo herpesvírus humano 6 (HHV-6) ou, menos comumente, pelo herpesvírus humano 7 ( HHV-7).

A transmissão dessa doenças exantemáticas ocorre durante período febril por via oral.

Quadro clínico

Os sintomas da roséola infantil geralmente começam com febre alta (>39,5oC) de inicio súbito que pode durar até cinco dias. A criança se apresenta clinicamente estável durante o curso da doença, ela não apresenta outros sintomas.

Depois que a febre passa, uma erupção geralmente aparece no tronco e depois se espalha para os membros. A erupção é tipicamente rosa ou vermelha e pode ser plana ou elevada. Geralmente não é coceira e desaparece por conta própria após alguns dias.

Exantema róseo maculopapular em
tronco de lactente, sugestivo de roséola.

Além da febre e da erupção cutânea, outros sintomas da roséola infantil podem incluir irritabilidade, diminuição do apetite, gânglios linfáticos inchados e diarreia leve.

Raramente vai ter linfadenopatia, pode ter sintomas respiratórios, gastrointestinais. Deve se pedir hemograma para descartar outras doenças, como dengue.

Diagnóstico e tratamento

O diganóstico é clínico e também pode ser feito o uso de solorologias em caso de necessidade de confirmação do caso.

Não há tratamento específico para roséola infantil, pois é uma doença viral que geralmente desaparece sozinha em cerca de uma semana. Medicamentos sintomático, como antipiréticos e analgésicos, podem ser usados para ajudar a reduzir a febre e aliviar o desconforto.

Se seu filho tiver sintomas de roséola infantil, é importante consultar um médico para um diagnóstico preciso e tratamento adequado. Em casos raros, podem ocorrer complicações como convulsões ou encefalite, por isso é importante monitorar de perto os sintomas do seu filho.

Escarlatina

A escarlatina é uma infecção bacteriana causada pela bactéria estreptococo do grupo A. É mais comum em crianças entre 5 e 15 anos, embora possa ocorrer em qualquer idade. É muito raro em lactentes por persistência de anticorpos maternos protetores. Cerca de 20% dos pacientes são portador assintomáticos.

Quadro clínico

Os sintomas da escarlatina geralmente começam com dor de garganta, febre, dor de cabeça e gânglios inchados no pescoço. Em um ou dois dias, geralmente aparece uma erupção cutânea no corpo, caracterizada por protuberâncias vermelhas e elevadas que parecem lixas. A erupção geralmente começa no peito e no estômago e depois se espalha para o resto do corpo, exceto para o rosto.

Outros sintomas da escarlatina podem incluir língua vermelha e inchada com manchas brancas, náuseas, vômitos e dores no corpo.

Sinais mais clássicos

  • Sinal de Filatov: palidez perioral;
  • Sinal de Pastia: intensificação desse exantema nas regiões de dobras;
  • Língua de framboesa: bem característico, mas também pode ocorrer na Doença de Kawasaki.
Sinal de Filatov
Linha de Pastia. Fonte: Langran, 2004.
Língua de framboesa. Fonte: Alpha Parente

Escarlatina é causada por bactéria, o Estreptococos pyogenes ou beta- hemolítico, que causa febre reumática, glomerulonefrite. Os sintoma são causados pela toxina produzida pela bactéria.

Geralmente a transmissão ocorre por via aérea, o período que se transição é do inicio dos sintomas ate 24 a 48h do inicio de antibioticoterapia.

Diagnóstico

Basicamente clínico. Os testes para anticorpos no soro da fase aguda e de convalescença, como a antiestreptolisina O (ASLO); são úteis e contribuem como mais um dado presuntivo de infecção por estreptococo do grupo A, porém não têm valor para o diagnóstico imediato ou tratamento da infecção aguda, pois a elevação do título obtido após 2 a 4 semanas do início do quadro clínico é muito mais confiável do que um único título alto. A cultura é o padrão ouro.

Tratamento

A escarlatina é tratada com antibióticos, que podem ajudar a reduzir a duração e a gravidade da doença e prevenir complicações como febre reumática ou danos nos rins.

  • Benzetacil (penicilina benzatina) ou Amoxicilina, via oral.
  • Macrolídeos e Azitromicina só são indicados em pacientes alérgicos.

O objetivo de se tratar é evitar as complicações tanto infecciosas, abscesso periamidagliano, choque tóxico e a febre reumática.

Além dos antibióticos, os sintomáticos, como paracetamol ou ibuprofeno, podem ser usados para ajudar a reduzir a febre e aliviar o desconforto.

É importante procurar atendimento médico se suspeitar que você ou seu filho está com escarlatina, pois o tratamento imediato pode ajudar a prevenir complicações e promover a recuperação.

Para evitar a propagação da escarlatina, também é importante praticar uma boa higiene, como lavar as mãos regularmente e cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar.

Eritema Infeccioso

O eritema infeccioso, também conhecido como quinta doença ou síndrome da bochecha esbofeteada, é uma infecção viral leve causada pelo parvovírus B19. É mais comum em crianças de 5 a 15 anos, mas também pode afetar adultos. Pode causar aplasia medular, principalmente nos pacientes falcêmicos.

Quadro clínico

Na fase prodrômica ocorre febre baixa, cefaleia, sintomas de IVAS e linfadenopatia.

Na fase Exantemática, a fase 1, ocorre 3 dias após os sintomas iniciais e se caracteriza por exantema em face, em regiões maxilares (bochecha esbofeteada).

Aspecto de “face esbofeteada” caracterizado
pelo eritema facial que poupa região perioral, fronte e
nariz. Acompanha-se do sinal de Filatov: palidez perioral. Fonte: Giangrande

A fase 2, após 2 dias, ocorre pela disseminação para o tronco, extremidades proximais, e do aspecto rendilhado.

Já a fase 3, 2 semanas após o desaparecimento do exantema, quando ocorre o surgimento da recidiva discreta em tronco e membros, principalmente com sol, calor e estresse.

Uma coisa importante a observar é que o eritema infeccioso pode ser perigoso para mulheres grávidas, pois pode causar anemia fetal e outras complicações. As mulheres grávidas expostas a alguém com eritema infeccioso devem procurar atendimento médico.

Transmissão

Via oral ou secreção nasofaríngea, quando aparece o exantema não há mais chance de transmissão, e o tratamento não é mais realizado. Período de latência de 4 a 14 dias, é uma doença benigna e autolimitada.

Tratamento

O eritema infeccioso geralmente é uma doença leve e autolimitada que se resolve sozinha em algumas semanas.

O tratamento pode incluir analgésicos de venda livre para ajudar a controlar os sintomas, raramente imunoglobulina endovenosa.

Varicela

A varicela, também conhecida por Catapora, é uma infecção viral altamente contagiosa causada pelo vírus varicela-zoster (VZV). É mais comum em crianças, mas também pode afetar adultos que nunca tiveram a doença ou não foram vacinados contra ela.

Quadro clínico

Os sintomas da varicela geralmente incluem uma erupção pruriginosa em forma de bolha que se espalha por todo o corpo, bem como febre, dor de cabeça e mal-estar geral.

A erupção geralmente aparece em três fases:

  • Primeiro como inchaços vermelhos;
  • Depois como bolhas cheias de líquido;
  • E finalmente, como crostas.

Inicia com febre baixa, e após esse período surgem manchas vermelhas na pele, iniciando na face e couro cabeludo.

Sobre essas manchas aparecem pequenas vesículas. Seu conteúdo fica espesso, secando e formando uma crosta. As lesões evoluem para tronco, membro, mucosa oral, conjuntiva, conduto auditivo, genitália. Em uma mesma região você pode encontrar várias lesões em situações diferentes: crosta, vesícula, bolha.

Há comprometimento tanto em mucosas quanto em pele.

Exantema polimórfico maculopapulovesicular
em tronco característico da varicela. Fonte: Veloso.

Complicações

Infecções bacterianas secundárias, marcha atáxica (cerebelite), ataxia cerebelar, encefalite, fasceite necrosante, pneumonia, síndrome de Reye, manifestações hemorrágicas, síndrome da pele escaldada.

Obs.: Pacientes com neoplasia, transplantados, grávidas, imunossuprimidos, pacientes portadores de colagenoses, RN de 5- 10 dias, prematuros <32s, desnutrição severa, fibrose cística, adultos são suscetíveis a um quadro mais grave.

Tratamento

Sintomático, deve evitar salicilatos.

Aciclovir oral para pacientes com mais de 13 anos, segundo caso, doença crônica de pele ou pulmonar, usos de ctc (dose não imunossupressora, ex.: asma), uso crônico de AAS. Pode ser usado venoso em pacientes imunodeprimidos, varicela progressiva e recém-nascidos.

Existe uma vacina contra a varicela, que é recomendada para todas as crianças e adultos que nunca tiveram a doença ou não foram vacinados. A vacinação pode ajudar a prevenir a propagação da doença e reduzir o risco de complicações graves.

A vacina, pós-contato, pode ser feita até 72 horas em gestantes e recém-nascido que faz uso de imunoglobulina.

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As doenças exantemáticas: sugestão de leitura complementar

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Referências

  1. Murtagh J. Murtagh J Ed. John Murtagh.eds. Murtagh’s General Practice, 6e New York, NY: McGraw-Hill.
  2. Diagnóstico Diferencial das Doenças Exantemáticas, Sílvia Regina Marques e Regina Célia Menezes Succi. Infectologia Pediátrica 1999, Capítulo 19, pág. 169. 2a edição, Calil K. Farhat et al. Atheneu.
  3. Vranjac, A. (2007). Escarlatina: orientações para surtos. Boletim Epidemiológico Paulista4(46), 14–24. Retrieved from 
  4. Lúcia Ferro / Sucupira. Pediatria de Consultório – 4º ed. 2000.
  5. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamentos Científicos de Infectologia e Imunizações. Guia prático de atualização. Atualização sobre sarampo. Rio de Janeiro: SBP; jun 2018