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O diagnóstico clínico da tuberculose (TB) pode ser considerado na impossibilidade de se comprovar a suspeita por meio de exames laboratoriais bacteriológicos. Nesses casos, deve ser associado ao resultado de outros exames complementares de imagem e histológicos.
- Baciloscopia direta: duas amostras são colhidas, uma no momento da consulta e a outra na manhã do dia seguinte, sendo feita a contagem dos Bacilos Álcool Ácido Resistentes (BAAR).
- Teste rápido molecular: detecta o DNA do M. tuberculosis e faz triagem das cepas resistentes a rifampicina.
- Cultura para micobactéria com identificação de espécie.
Estes três métodos acima são considerados confirmatórios de TB ativa. Outros exames auxiliares são:
- Histopatológico: É um método empregado na suspeita de tuberculose ativa nas formas extrapulmonares ou nas pulmonares que se apresentam radiologicamente como doença difusa (como na tuberculose miliar), ou em indivíduos imunossuprimidos
- Adenosina deaminase (ADA)
- Radiografia de tórax: importante na investigação de TODO paciente com TB! As lesões sugestivas de tuberculose em raio-x de tórax localizam-se, em geral, nas partes altas e dorsais dos pulmões, particularmente no pulmão direito, e podem apresentar-se como opacidades parenquimatosas, atelectasia, infiltrados, nódulos, cavidades, fibroses, retrações, calcificações, linfadenomegalia, aspecto miliar, derrame pleural.
OBS.: Broncoscopia, ultrassonografia, TC e ressonância só devem ser solicitados se houver necessidade de auxílio diagnóstico e exclusão dos diagnósticos diferenciais.
- Prova tuberculínica (PPD): Importante na avaliação de contatos assintomáticos de pessoas com tuberculose, uma vez que é utilizada, em adultos e crianças, no diagnóstico da infecção latente de tuberculose (ILTB), que ocorre quando o paciente tem o bacilo no organismo, mas não desenvolve a doença. Na criança, também é muito importante como coadjuvante no diagnóstico da tuberculose ativa.
No Brasil, a tuberculina usada é o PPD RT-23, aplicada por via intradérmica no terço médio da face anterior do antebraço esquerdo, na dose de 0,1mL, que contém 2UT (unidades de tuberculina).
Diagnóstico de tuberculose em crianças
É feito um cálculo através dos critérios da tabela abaixo e através da pontuação final, pode-se interpretar da seguinte forma:
- ≥ 40 pontos: diagnóstico muito provável, recomenda-se iniciar o tratamento
- 30-35 pontos: diagnóstico possível, iniciar o tratamento fica ao critério médico
- < 25 pontos: diagnóstico pouco provável, deve-se prosseguir investigando outras possibilidades.
Tratamento
Indicado para casos novos em adultos e adolescentes (> 10 anos), de todas as formas de tuberculose pulmonar e extrapulmonar (exceto a forma meningoencefálica), infectados ou não por HIV:
- Fase intensiva: Rifampicina (R) + Isoniazida (H) + Pirazinamida (Z) + Etambutol (E) durante 2 meses (2 RHZE).
- Fase de manutenção: Rifampicina + Isoniazida durante 4 meses (4 RH).
Considera-se que após 15 dias de tratamento, o paciente deixe de transmitir a doença se houver melhora clínica. Entretanto, é recomendado que se observe a negativação da baciloscopia para retirar as precauções de contágio.
Indicado para casos novos em crianças < 10 anos, de todas as formas de tuberculose pulmonar e extrapulmonar (exceto a forma meningoencefálica), infectados ou não por HIV:
- Fase de ataque: 2 RHZ
- Fase de manutenção: 4 RH
O etambutol não é recomendado como tratamento para crianças com < 10 anos.
Esquema para a forma meningoencefálica em adultos e adolescentes (>10 anos):
- Fase intensiva: 2 RHZE
- Fase de manutenção: 7 RH
Na forma meningoencefálica é indicado o uso de corticoide em associação com a terapia padrão. Recomenda-se usar prednisona via oral na dose de 1-2mg/kg/dia por 4 semanas nos casos não graves e nos casos graves, usar dexametasona intravenosa na dose de 0,3 – 0,4 mg/kg/dia por 4-8 semanas. Deve ser feita a redução gradual do corticoide nas 4 semanas subsequentes ao tratamento.
Embora a maioria dos pacientes complete o tratamento sem nenhuma reação adversa, as medicações clássicas para o tratamento da TB pode ter algumas reações adversas, como:
Efeitos adversos menores:
Efeitos adversos maiores:
Tratamento da Tuberculose Latente
O diagnóstico de tuberculose latente é feito através da positividade do teste tuberculínico (TT) junto com a exclusão de tuberculose ativa (isto é, assintomáticos e com radiografia de tórax normal).
Entretanto, a indicação de tratar os pacientes com TB latente depende da sua epidemiologia, idade e do risco de adoecimento. Veja abaixo as indicações:
O tratamento deve ser feito com Isoniazida na dose de 5-10mg/kg de peso (dose máxima 300mg/dia) por 6 meses.
Confira o vídeo:
Referências bibliográficas
- Ministério da Saúde. Guia de vigilância em saúde volume único. Secretaria de vigilância em saúde, 2 ed. – Brasília, 2017.
- Guideline, N. I. C. E. “117.” Clinical diagnosis and management of tuberculosis and measures for its prevention and control (2011).
- Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde e Departamento de Vigilância Epidemiológica. Tratamento diretamente observado (TDO) da tuberculose na atenção básica: protocolo de enfermagem. – Brasília: Ministério da Saúde, 2011.
- Kumar V, Abbas A, Aster J. Robbins. Bases patológicas das doenças. 9th ed. Elsevier, 2016.