Índice
- 1 Sarampo no Brasil: desafios atuais
- 2 O que é o sarampo?
- 3 Epidemiologia do sarampo: prevalência global e tendências recentes
- 4 Transmissão: como ocorre a contaminação pelo sarampo?
- 5 Fatores de risco e grupos mais vulneráveis para o sarampo
- 6 Manifestações clínicas típicas do sarampo
- 7 Diagnóstico: critérios diagnósticos para o sarampo
- 8 Exames laboratoriais e testes para confirmar a infecção
- 9 Abordagem terapêutica para casos suspeitos e confirmados de sarampo
- 10 Vacina contra a doença: composição, tipos e eficácia
- 11 Perguntas frequentes
- 12 Referências
Entenda o que é o sarampo, como essa doença se manifesta, sua relevância clínica e a melhor abordagem ao paciente na atualidade. Bons estudos!
O sarampo é uma doença altamente contagiosa e de relevância para a saúde pública brasileira. Por isso, saber identificá-la e conduzir o manejo é fundamental para qualquer médico generalista.
Sarampo no Brasil: desafios atuais
O sarampo passou a ser uma doença de notificação compulsória no Brasil a partir de 1968, tendo sido sua vacina introduzida no país em 1960.
Infelizmente, ainda nos dias atuais, ainda existem desafios muito básicos a serem enfrentados. A baixa cobertura vacinal impacta diretamente na contaminação da doença, dando ao vírus a oportunidade de se espalhar rapidamente entre pessoas não vacinadas. Vale ressaltar que o sarampo é evitável por vacinação.
Ainda, a migração de pessoas de áreas com surtos para outras regiões contribuiu para a extensão de contaminação. As aglomerações são comuns em escolas, creches e centros de saúde, além de comunidades. Essas ações estão diretamente relacionadas à piora da condição relativa à doença no território brasileiro.
O que é o sarampo?
O sarampo é uma doença infecciosa e altamente contagiosa.
Tem como etiologia o vírus do sarampo, chamado Morbillivirus, da família dos Paramyxoviridae. É uma das doenças mais contagiosas que afetam os seres humanos e pode ser grave, especialmente em crianças pequenas, adultos mais velhos e pessoas com sistemas imunológicos enfraquecidos.
É reconhecida como doença exantemática associadas à maior morbimortalidade. Ou seja, tem como principal sintoma a formação de exantema – erupção cutânea generalizada em grande extensão da pele.

Devido a sua gravidade, é considerada uma doença de notificação compulsória. Essa medida é adotada por diversos países como parte de uma estratégia de vigilância epidemiológica e controle de doenças transmissíveis.
Epidemiologia do sarampo: prevalência global e tendências recentes
Transmissão: como ocorre a contaminação pelo sarampo?
O sarampo é transmitido por gotículas respiratórias expelidas pelo doente à tosse, espirro ou mesmo fala.
O vírus do sarampo pode permanecer no ar e em superfícies por algumas horas, o que torna a transmissão bastante fácil em ambientes onde há aglomeração de pessoas.
Após a exposição ao vírus, o período de incubação do sarampo é de cerca de 10 a 14 dias, durante o qual a pessoa infectada não apresenta sintomas, mas já pode estar transmitindo o vírus para outras pessoas.
EPI’s hospitalares contra o sarampo
O uso dos protetores individuais são fundamentais no contato com pacientes com sarampo. Por isso, para os profissionais de saúde, os equipamentos necessários para proteção contra gotículas respiratórias são:
- Máscaras N95 ou PFF2;
- Luvas;
- Aventais;
- Óculos de proteção facial;
- Higiene das mãos.
Ainda, os pacientes com sarampo devem ser mantidos em isolamento, em quartos individuais ou em áreas específicas para evitar a disseminação do vírus para outros pacientes e profissionais de saúde.
Fatores de risco e grupos mais vulneráveis para o sarampo
Manifestações clínicas típicas do sarampo
A infecção pelo vírus é subdivida de acordo com os estágios clínica sendo elas a incubação, pródromo, exantema e recuperação.
Incubação do sarampo
Esse período dura de 6 a 21 dias. É o período de contato com o vírus pela mucosa respiratória e conjuntiva.
Os indivíduos infectados são caracteristicamente assintomáticos durante o período de incubação, embora alguns tenham relatado sintomas respiratórios transitórios, febre ou erupção cutânea
Com a replicação e disseminação viral, a variedade de manifestações clínicas é explicada pela reação imunológica por monócitos e macrófagos.
Pródromo
Essa é a fase de aparecimento do exantema. Aproximadamente 2 dias antes do aparecimento desses achados, o paciente pode desenvolver um enantema caracterizado por manchas de Koplik.
Eles foram descritos como “grãos de sal sobre um fundo vermelho”, podem coalescer e geralmente duram de 12 a 72 horas. Ao aparecimento exantemático, começam a descamar. A pesquisa das manchas de Kolplik deve ser feita, uma vez que melhora a acurácia diagnóstica, consideradas um achado patognomônico do sarampo.

Exantema
O exantema consiste em erupções cutâneas eritematosas, macopapulares e esbranquiçadas inicialmente, tomando aspecto eritematoso posteriormente.
De maneira geral, iniciam-se na face, se espalhando em sentido céfalo-caudal. Ainda, a extensão do exantema se correlaciona com a gravidade da doença. A gravidade costuma ser acompanhada de petéquias hemorrágicas.

Recuperação
A tosse é um sintoma comum do sarampo e pode persistir por uma a duas semanas após a infecção. A ocorrência de febre após o terceiro ou quarto dia de aparecimento da erupção cutânea (exantema) pode sugerir uma complicação associada à infecção pelo vírus do sarampo.
A imunidade humoral e celular específica contra o sarampo são importantes para a eliminação viral e imunidade protetora duradoura. Sendo assim, acredita-se que a imunidade após a infecção pelo vírus do sarampo seja vitalícia.
Diagnóstico: critérios diagnósticos para o sarampo
É importante ter em mente que, em caso de suspeita da doença, o paciente deve ser isolado. Por isso, embora os testes laboratoriais sejam importantes, como discutiremos, a clínica tem papel fundamental no diagnóstico.
Por isso, a suspeita da doença deve ocorrer em pacientes com:
- Doença exantemática generalizada;
- Febre;
- Tosse, coriza e conjuntivite (compatíveis com o quadro);
- Exposição recente ao vírus/contato com alguém sabidamente contaminado.
Diagnósticos diferenciais
Distinguir o sarampo de outras doenças dependerá do estágio clínico.
No período de aparecimento do exantema, a dengue costuma ser uma suspeita forte. Por isso, testes sorológicos que afastem essa doença devem ser feitos, e ainda deve ser investigado o cenário de exposição epidemiológica relevante.
Considerando as manifestações clínicas semelhantes à vírus respiratórios como citados acima, o rinovírus, parainfluenza, influenza e adenovírus devem ser descartados. Para isso, saiba que a febre devido à infecção por sarampo é tipicamente mais pronunciada do que a febre causada por outros vírus respiratórios
Exames laboratoriais e testes para confirmar a infecção
O método laboratorial mais comum utilizado é a sorologia anti-sarampo IgM. Ele é geralmente detectável três dias após o aparecimento do exantema.
Complementando o diagnóstico clínico, a cultura de vírus de células mononucleares do sangue periférico, secreções respiratórias, esfregaços conjuntivais ou urina também pode ser realizada para estabelecer o diagnóstico de sarampo.
A cultura viral a partir de diferentes amostras permite a detecção e isolamento do vírus do sarampo em laboratório, o que ajuda a confirmar o diagnóstico e a monitorar a disseminação da doença.
No entanto, vale ressaltar que esses testes laboratoriais são geralmente realizados em centros especializados e nem sempre são necessários para a tomada de decisão clínica, especialmente em regiões onde a doença é endêmico ou em meio a surtos já confirmados.
Independentemente dos exames laboratoriais, a avaliação clínica cuidadosa e o histórico de exposição ao vírus são cruciais para o diagnóstico e a abordagem adequada da doença.
Abordagem terapêutica para casos suspeitos e confirmados de sarampo
O tratamento do sarampo é de suporte. Isso porque não existe atualmente nenhuma terapia antiviral que seja específica e aprovada para o tratamento da doença.
A terapia de suporte, portanto, inclui:
- Antipiréticos;
- Fluidos e tratamentos de superinfecções bacterianas (devido à exposição de feridas);
- Caso necessário, tratamento para convulsões e insuficiência respiratória.
A deficiência de vitamina A é um fator que prolonga o tempo de infecção, contribuindo também para as complicações associadas à doença. Somado à isso, os níveis de vitamina A costumam cair durante a infecção.
Dados de pesquisas sugerem que a administração de vitamina A a crianças com idade inferior a 2 anos, que contraíram o sarampo, pode estar associada a benefícios significativos, incluindo a redução da mortalidade. A sua administração consiste em via oral 1x ao dia durante dois dias, conforme o seguinte:
- Lactentes <6 meses de idade − 50.000 unidades internacionais;
- Bebês de 6 a 11 meses de idade − 100.000 unidades internacionais;
- Crianças ≥12 meses − 200.000 unidades internacionais.
Vacina contra a doença: composição, tipos e eficácia
A prevenção da doença é essencial, e a vacinação é a maneira mais eficaz de evitar a doença.
A vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, é recomendada para todas as crianças e adultos que não tiveram a doença ou não foram adequadamente imunizados.
Ela é composta pelo vírus do sarampo enfraquecido, inativado ou ainda componentes do vírus que estimulam a resposta imunológica do corpo sem causar a doença.
A vacina é altamente eficaz, superior à 95% após a administração das duas doses recomendadas, na infância. A primeira dose deve ser administrada aos 12 meses enquanto que a segunda, aos 4-6 anos de idade.
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Perguntas frequentes
- O sarampo é uma doença viral?
Sim, o sarampo é uma doença causada pelo vírus do sarampo. - Como é transmitido?
O sarampo é transmitido principalmente por gotículas respiratórias de uma pessoa infectada ao tossir, espirrar ou falar. - Existe vacina para prevenir a doença?
Sim, a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) é altamente eficaz na prevenção do sarampo e é recomendada para todas as crianças e adultos não imunizados.
Referências
- A evolução do sarampo no Brasil e a situação atual. Carla Magda Allan S. Domingues. Scielo
- Measles: Clinical manifestations, diagnosis, treatment, and prevention. Hayley Gans, MD. UpToDate