Uma pesquisa recente revelou que SARS-CoV-2 sofreu mutação e tornou-se mais transmissível. A descoberta foi feita em estudo realizado por pesquisadores da Universidades Duke, nos Estados Unidos, e Sheffield, na Inglaterra. Primordialmente, o impacto do estudo pode influenciar na produção das vacinas.
A necessidade de desenvolvimento de uma vacina contra o novo coronavírus é urgente. Por isso, a motivação da pesquisa, que teve por objetivo encontrar mutações significantes, levando a descoberta do artigo que resumiremos neste post.
Atualmente, mais de 100 vacinas contra o SARS-CoV-2 estão sendo desenvolvidas. A maioria destas vacinas miram na proteína Spike, a proteína de superfície do vírus que intermedia a entrada deste na célula.
Proteína spike
A proteía spike é composta por dois subdomínios, sendo um responsável pela ligação ao receptor ACE2, e o outro participa do processo de fusão das membranas viral e celular.
Devido à sua importância para sobrevivência viral, bem como para o desenvolvimento das vacinas, pesquisadores resolveram analisar possíveis mutações na proteína spike que pudessem conferir vantagem para o vírus.
Metodologia do estudo
Primeiramente, os pesquisadores do laboratório nacional de Los Alamos utilizaram os dados sequenciais compartilhados mundialmente.
Realizaram análises de sequências de coronavírus incluídas na Global Initiative for Sharing All Influenza. Esta é uma organização que promove o rápido compartilhamento de dados de todos os vírus influenza e coronavírus.
Logo depois, buscaram sumarizar e resumir aqueles de importância para o desenvolvimento de vacinas.
Resultados: SARS-CoV-2 sofreu mutação
Conforme os dados obtidos, 14 mutações foram encontradas. Só que uma delas chamou atenção dos pesquisadores, por ser uma preocupação urgente concernente à produção de vacinas.
Os pesquisadores descobriram que uma mutação variante na proteína Spike, denominada D614G, está substituindo a forma original do vírus de Wuhan.
Todavia, os pesquisadores não sabem afirmar o que pode estar causando ou favorecendo a mutação. O que se sabe é que esta mutação confere certa vantagem ao vírus. A hipótese formulada é que esta mutação pode conferir maior infectividade ao vírus, conferindo mais poder de transmissibilidade.
Os cientistas acompanharam quando as mutações apareceram nas amostras em diversos locais. De fato, perceberam que com poucas semanas, a forma D614G tornou-se dominante no continente Europeu, nos EUA e Canadá.
Concluíram então que SARS-CoV-2 sofreu mutação e tornou-se mais transmissível, sendo a forma predominante de circulação viral nestes locais.
Note na figura abaixo que, cada vez que a variante mutada do SARS-CoV-2 entrava em determinada região, rapidamente ultrapassava o vírus original de Wuhan e tornava-se dominante.

Fonte: Spike mutation pipeline reveals the emergence of a more transmissible form of SARS-CoV-2
Além disso, outra preocupação foi levantada. A possibilidade de indivíduos que já tiveram exposição à forma original do vírus, tornarem-se susceptíveis à contrair novamente a doença pelo vírus mutado.
Devido à impossibilidade de correlacionar dados clínicos com o tipo de mutação específica, os pesquisadores ainda não podem afimar se esta mutação confere poder de causar quadro clínico mais grave.