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Neste post buscaremos discutir alguns aspectos sobre os sintomas persistentes e as sequelas da COVID-19. Desde dezembro de 2019, quando o vírus SARS-CoV-2 foi inicialmente identificado, presenciamos um crescimento exponencial no conhecimento científico a respeito do novo coronavírus, bem como a doença por ele causada, a COVID-19.
Uma das mais intrigantes perguntas é se a COVID-19 é uma doença que deixa sequelas naqueles que a adquirem e se recuperam. Tanto dados da literatura, como a discussão científica ao redor do mundo, têm mostrado que sintomas persistentes são reportados por aqueles que sobreviveram à doença, mesmo entre aqueles que contraíram doença aguda leve.
Sintomas persistentes: um desafio
Alguém poderia erroneamente pensar que o único desafio enfrentado na pandemia é encontrar uma medicação curativa, ou uma vacina eficaz contra o vírus. Mas, vamos ampliar um pouco o nosso olhar.
Este é um vírus novo na humanidade, e apesar do imenso conhecimento já adquirido, não houve tempo suficiente ainda para conhecermos toda a história natural da doença.
Os sintomas persistentes da COVID-19 são um desafio, tanto para pacientes que os enfrentam, como também para os profissionais e para o sistema de saúde.
A prevalência, o tipo, a duração, frequência e gravidade dos sintomas persistentes que seguem a infecção pelo SARS-CoV-2, bem como os fatores de risco associados à presença da persistência, estão ainda sob investigação científica.
O que está por trás das sequelas
Enquanto os idosos são mais propensos à manifestação grave da COVID-19, os sobreviventes jovens, ainda que previamente saudáveis, têm reportado persistência dos sintomas meses após a infecção.
As pesquisas ainda buscam elucidar o seguinte: são sintomas persistentes resultantes de infecção ainda em curso, ou sequelas da resolução da infecção aguda pelo SARS-CoV-2?
Além disso, os pesquisadores ainda buscam diferenciar o período a partir do qual pode-se definir a fase pós-aguda ou crônica da COVID-19.
Para completar, faz-se necessário também a distinção entre efeitos da infecção pelo vírus e as consequências de procedimentos e tratamentos realizados para curar aqueles com doença grave.
Fatores que explicam a persistência dos sintomas na COVID-19
Enquanto o detalhamento da etiologia e fisiopatologia por detrás dos sintomas persistentes está sendo pesquisado, podemos citar alguns fatores já estabelecidos e relacionados à persistência dos sintomas.
Estes fatores incluem dano à órgãos secundário à fase aguda da infecção, manifestações de um estado hiperinflamatório persistente, atividade viral ativa associada a hospedeiro que permanece como reservatório do vírus e resposta inadequada dos anticorpos.
Alguns fatores podem ainda agravar o quadro como sedentarismo, tanto de base como após um longo período da doença, comorbidades prévias e mudanças no estilo de vida relacionadas ao tempo de pandemia.
Sintomas e sequelas mais reportados
Apesar de haver ainda pouca informação sobre as sequelas da COVID-19, dentre os dados já publicados, podemos citar como os sintomas persistentes mais reportados a fadiga, tosse, dispneia, artralgia, dor torácica.
Outros sintomas também reportados incluem: prejuízo cognitivo, depressão, mialgia, cefaleia, febre e palpitações.
Complicações mais graves também foram reportadas, apesar de serem mais raras. Foram elas:
- Cardiovascular: inflamação miocárdica, disfunção ventricular;
- Respiratória: anormalidades da função pulmonar;
- Renal: Injúria renal aguda;
- Dermatológica: rash cutâneo, alopecia;
- Neurológica: disfunção olfatória e gustativa, desregulação do sono, cognição alterada, prejuízo na memória.
Conclusão
Os estudos de longo prazo, incluindo anos de follow-up, serão necessários para elucidarmos por completo as sequelas da COVID-19.
Enquanto não temos as respostas definitivas, os guidelines já têm incluído recomendações para lidar com sintomas persistentes.
Além disso, há 2 importantes estudos longitudinais em andamento buscando elucidar sequelas e impactos a longo termo da infecção pelo SARS-CoV-2. Para acessá-los, veja o link nas referências abaixo.
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