Soft skills: uma desconhecida necessidade dentro da medicina | Colunistas

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Índice

A procura por profissionais com conhecimento teórico e prático sempre existiu e é um critério de credibilidade relevante, contudo, observa-se cada vez mais a procura de profissionais dotados de aptidões comportamentais e sociais. Nesse sentido, as soft skills se apresentam como um pilar importante para o aumento da confiabilidade desse profissional.

Definição

As soft skills são atributos e características que determinam a capacidade do indivíduo em se portar de maneira harmônica e afetiva diante do cenário social e profissional. Portanto, essas habilidades demonstram a forma com que o indivíduo se relaciona com seus colegas de trabalho, com seus clientes e com seus gestores. Trata-se de uma inteligência emotiva e comportamental.

Relevância

Um bom relacionamento entre o profissional e o cliente se dá quando o vínculo entre eles é produtivo, harmonioso e objetivo. Essa relação, quando saudável, promove confiança e credibilidade mutuamente, caso contrário, dificilmente esse profissional criará vínculos com o cliente. Isso é particularmente importante quando se trata de profissionais gestores, onde a interdisciplinaridade e a interação entre diferentes setores são bastante presentes.

Soft skills na medicina

A relação médico-paciente é estudada há muito tempo e já é consolidada a necessidade de um bom vínculo entre ambas as partes. Sabe-se que a boa comunicação, a empatia e o compartilhamento de ideias são fundamentais para uma boa adesão a tratamentos, criação de forte confiança e, por consequência, melhores desfechos.

Sendo assim, as soft skills caminham lado a lado com a boa relação médico-paciente: um médico empático, que mantém uma boa comunicação com o seu paciente, explica cuidadosamente os princípios do tratamento e discute com este as opções terapêuticas, além de ouvi-lo atentamente, demonstra uma avançada inteligência emocional e social.

Um médico líder e comunicativo

A liderança e boa comunicação com a equipe é um pilar importante das soft skills. Um médico capaz de liderar e que consegue manter uma interlocução saudável com sua equipe resulta num ambiente eficaz e produtivo. Independentemente da esfera de influência ou tamanho de sua equipe: desde um médico com atendimentos ambulatoriais de sua especialidade, até médicos com cargos de liderança em grandes hospitais, todos eles estão coordenando uma equipe, seja essa equipe constituída de uma só pessoa, como atendentes ou secretárias, ou dezenas de pessoas como equipes de enfermagem, auxiliares e colegas médicos.

Um médico empático

Como definição, a empatia remete à “capacidade de sentir pelo outro”. Num contexto médico, isso ganha um sentido ainda mais amplo e constitui também um fator importante para a criação de uma boa relação médico-paciente. Atualmente, a falha na comunicação entre as partes pode justificar o crescente número de processos judiciais contra médicos, partindo do pressuposto de que muitas vezes há uma falta de esclarecimento quanto às condições clínicas, tratamentos, desfechos e eventuais adversidades durante um atendimento e/ou procedimentos.

Valorização

Não só a relevância, mas também a valorização de profissionais dotados de soft skills está crescendo. Assim, o que se tem é cada vez mais gestores que observam profissionais com diferentes olhares. Essa valorização se torna válida à medida que se nota que os pacientes atendidos por esses profissionais ou equipes lideradas por eles apresentam melhores prognósticos e adesão a tratamentos e à fidelização desses clientes em suas instituições.

Conclusão

A tendência atual é o crescimento das soft skills em todos os setores. No caso da medicina, tem-se uma urgência de profissionais com tais habilidades, de modo que estes tendem a se destacar em suas áreas, com maior reconhecimento dos pacientes e tendência a considerável crescimento profissional. Uma relação médico-paciente bem estabelecida resulta em ganhos para ambos os lados, de modo que essa boa relação está intimamente ligada às soft skills.

Autor: Víctor Miranda Lucas

Instagram: @victormirandalucas

Referências

BORGES, C.M. Procuram-se humanos: revisitando a empatia como inteligência emocional necessária no cotidiano. Revista Interdisciplinar Ciências Médicas. V.4, n.1, p.1-2, 2020.

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RATKA, A. Empahty and the development of affective skills. American Journal of Pharmaceutical Education. V.82, n.10, p.1140-1143, 2018.

ODONGO, C.O.; TALBERT-SLAGLE, K. Training the next Generation of Africa’s doctors: why medical schools should embrace the team-based learning pedagogy. BMC Medical Education. V.18, n.403, p.1-8, 2019.



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