Desde o início da pandemia da Covid-19, uma das grandes preocupações dos pesquisadores, bem como da população em geral, é descobrir os meios de infecção do vírus. A infecção vertical, ou seja, da mãe para o bebê, não era uma certeza.
No entanto, essa possibilidade recentemente foi confirmada através de um estudo publicado pela revista Nature Communications. Antes deste estudo, outras pesquisas já investigavam a possibilidade de ocorrência da transmissão transplacentária do novo coronavírus. Sendo assim, qual a diferença deste estudo para os anteriores? O que se sabe até agora sobre este tipo de contaminação?
O que diz o estudo?
O artigo apresenta o estudo de caso de uma jovem de 23 anos de idade, primigesta, que foi internada em um hospital universitário com cerca de 35 semanas de gestação e com resultado positivo para o SARS-CoV – 2 confirmado por meio de testes laboratoriais. Alguns dias após a internação da paciente, foi observado um traçado diferente na frequência cardíaca fetal, culminando em uma cesariana.
Durante a cesariana, o líquido amniótico foi coletado antes da ruptura das membranas amnióticas e testou positivo para os genes E e SARS – CoV – 2. O recém-nascido precisou ser intubado e foi extubado 6h depois.
Antes da extubação, foram coletadas amostras de sangue e de líquido de lavagem broncoalveolar não broconscópico para RT-PCR e, nas duas amostras, o resultado foi positivo para o vírus em questão.
Além disso, houve testes também com swabs nasofaríngeos e retais após a limpeza às 1h de vida, e depois com 3 e 18 dias após o nascimento com o teste RT-PCR, que também atestou positivo para o vírus SARS – CoV – 2.
Analisando os resultados, os pesquisadores notaram que a carga viral possui índices mais elevados no tecido placentário do que no líquido amniótico ou no sangue materno, tal evidência aponta, portanto, para presença do vírus nas células placentárias, o que é reafirmado com os achados de inflamação observados no exame histológico.
Eles verificaram também que, as amostras do neonato coletadas através do teste RT-PCR nos 3 e 18 dias de vida, apresentavam uma curva mais elevada do que no primeiro dia. Dessa forma, tais evidências apontam que eles estavam, de fato, em frente a uma transmissão transplacentária.
Os estudos anteriores
Como apontado no início deste artigo, alguns pesquisadores já alertavam através de artigos para uma possível contaminação da Covid-19 por transmissão vertical. Os estudos desenvolvidos por pesquisadores no Peru e na cidade de Wuhan tiveram destaque.
Nos estudos realizados no Peru e publicado pelo American Journal of Perinatology, há o relato de uma paciente grávida com Covid-19, que foi submetida ao parto cesáreo precoce.
Todas as medidas de higiene foram tomadas, além disso, houve o isolamento do bebê da sua mãe logo após o nascimento. 16 horas após o parto, foi aplicado o teste RT-PCR no recém nascido, e o resultado foi positivo. Não foram feitos outros testes além deste.
No caso da pesquisa desenvolvida em Wuhan, na China, e pulicada pelo JAMA Pediatrics, os neonatos com mães infectas por Covid-19 que adentraram o Hospital Infantil de Wuhan, foram analisados. 3 de 33 crianças apresentaram infecção precoce para o SARS-CoV- 2.
Os partos foram realizados seguindo os procedimentos rígidos de controle e prevenção de infecções, o que pode apontar para uma possível transmissão vertical.
Nestes estudos, diferente do estudo apresentado anteriormente, não está claro qual foi a via de transmissão, devido o fato da placenta e o líquido amniótico não terem sido sistematicamente testados.
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