Neurologia

Tratamentos para a esclerose múltipla recorrente-remitente | Colunistas

Tratamentos para a esclerose múltipla recorrente-remitente | Colunistas

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Acredita-se que a esclerose múltipla afete cerca de 35 mil indivíduos no Brasil, e cerca de 2,5 milhões de pessoas no mundo todo. Embora a doença não seja contagiosa ou herdada diretamente, os epidemiologistas – cientistas que estudam os padrões da doença – identificaram fatores na distribuição da EM ao redor do mundo que podem eventualmente ajudar a determinar o que causa a doença. Esses fatores incluem gênero, genética, idade, geografia e origem étnica.

Definição de esclerose múltipla

É uma condição crônica, assim como outras condições autoimunes, como o Lúpus e o Diabetes Tipo 1, que acompanha o indivíduo ao longo da vida. Às vezes pode causar sérias deficiências, embora ocasionalmente possa ser leve.

Trata-se de uma doença neurológica desmielinizante autoimune crônica provocada por mecanismos inflamatórios e degenerativos que comprometem a bainha de mielina que revestem os neurônios das substâncias branca e cinzenta do sistema nervoso central. O código, CID, é G35, para a descrição da esclerose múltipla.

Fisiopatologia da esclerose múltipla

Ocorrem áreas localizadas de desmielinização (placas), com destruição da oligodendróglia, inflamação perivascular e alterações químicas nos constituintes lipídicos e proteicos da mielina, dentro e ao redor das placas. Dano axonal é comum, e os corpos celulares neuronais também podem morrer ou ser danificados.

Há desenvolvimento de gliose fibrosa nas placas que são disseminadas pelo sistema nervoso central, principalmente na substância branca, em particular nas colunas laterais e posteriores (especialmente nas regiões cervicais), nervos ópticos e áreas periventriculares. Os tratos no mesencéfalo, ponte e cerebelo também são afetados. A substância cinzenta no cérebro e na medula espinal pode ser afetada, mas em extensão muito menor.

Sintomas da EM

Embora a esclerose múltipla possa progredir e regredir de forma imprevisível, há padrões típicos de progressão:

  • Padrão de recidiva-remissão: exacerbações alternadas com remissões, quando ocorre recuperação parcial ou completa ou os sintomas permanecem estáveis. As remissões podem durar meses ou anos. As exacerbações podem ocorrer espontaneamente ou ser desencadeadas por infecções como influenza. As formas recorrentes da esclerose múltipla (EM) incluem a esclerose múltipla secundária ativa (definida como uma recidiva clínica ou nova lesão vista na RM do encéfalo ou da medula espinal).
  • Padrão progressivo primário: a doença progride gradualmente sem remissões, apesar de haver platôs temporários em que a doença não progride. Diferentemente do padrão recidiva-remissão, não há exacerbações evidentes.
  • Padrão progressivo secundário: esse padrão começa com recidivas alternadas com remissões (padrão recidiva-remissão), seguidas de progressão gradual da doença.
  • Padrão recidivante progressivo: a doença progride gradualmente, mas a progressão é interrompida por recidivas súbitas e evidentes. Esse padrão é raro.

Os sintomas iniciais mais comuns da esclerose múltipla são:

  • Parestesias em uma ou mais extremidades, no tronco, ou em um lado da face;
  • Fraqueza ou atitude desajeitada em umo membro inferior ou mão;
  • Distúrbios visuais (p. ex., perda parcial da visão e dor em um olho em decorrência de neurite óptica retrobulbar, diplopia decorrente de oftalmoplegia internuclear, escotomas).

Diagnóstico da esclerose múltipla

O diagnóstico da EM vai basear-se principalmente nos sintomas e no exame físico. Como exames complementares, o neurologista utilizará alguns testes laboratoriais e de imagem.

Dentre os exames de imagem está a ressonância magnética, que permite documentar a existências de inflamações no sistema nervoso e também afastar outras causas.

O uso da ressonância magnética permite ainda o início do tratamento mais precocemente.

Tratamentos para esclerose múltipla recorrente-remitente

O tratamento da esclerose múltipla (EM) sofreu grande evolução nas últimas duas décadas a ponto de, nos dias de hoje, permitir ao especialista passar tranquilidade e esperança para pacientes recém diagnosticados e mesmo para aqueles com sintomas e diagnóstico há mais tempo.

No caso da EM recorrente-remitente o seu médico poderá escolher uma das drogas modificadoras da doença. Elas são chamadas de modificadoras da doença, pois podem realmente retardar a progressão da esclerose múltipla e prevenir recaídas. Essas drogas funcionam moderando o sistema imunitário de modo que não ataque o revestimento protetor (mielina) que envolve os neurônios.

São eles:

  • Alemtuzumab;
  • Natalizumab;
  • Fingolimode;
  • Interferon beta;
  • Hormônios sexuais.

Tratamento com alemtuzumab

Indicação: Tratamento de pacientes adultos com esclerose múltipla remitente recorrente, nos quais apresentaram falha de tratamento a duas ou mais terapias.

Indicação aprovada na ANVISA: Alentuzumabe é indicado para tratamento de pacientes com formas reincidentes de esclerose múltipla (EM) para diminuir ou reverter o acúmulo de incapacidade física e reduzir a frequência de exacerbações clínicas.

Tratamento com natalizumab

É indicado como terapia única no tratamento da esclerose múltipla recorrente-remitente, para prevenir e retardar a progressão da incapacidade nos seguintes grupos de pacientes:

Pacientes que não responderam a um ciclo completo e adequado com outros medicamentos. Os pacientes devem ter apresentado, pelo menos, uma recidiva no ano anterior durante o tratamento e ter, no mínimo, nove lesões T2 hiperintensas na Ressonância Magnética Nuclear (RMN) craniana ou ainda, pelo menos, uma lesão realçada por gadolínio.

Tratamento com fingolimode

Cloridrato de Fingolimode é indicado como uma terapia modificadora da doença para o tratamento de pacientes com esclerose múltipla remitente recorrente para reduzir a frequência de reincidências e retardar a progressão da incapacidade.

Tratamento com interferon beta

Interferons são proteínas produzidas por quase todas as células de vertebrados e atuam na função celular e na imunorregulação. Existem três tipos principais: alfa, beta e gama. No entanto, somente os do tipo beta apresentaram eficiência no tratamento de EM. Interferons gama possuem atividade citotóxica sobre os oligodendrócitos.

O Interferon beta 1b, uma forma modificada e recombinante da proteína humana, reduz a frequência de surtos na EM forma surto-remissiva. Além disso, pode-se constatar redução no número e frequência de lesões encefálicas através RNM. Outro ponto positivo para a utilização desse fármaco é que ele também altera a progressão da incapacidade neurológica na forma citada anteriormente.

Os efeitos colaterais relacionados a sua utilização são pequenos e geralmente se destacam febre, cefaleia e fadiga.

Tratamento com hormônios sexuais

Uma vez que os homens são menos propensos a desenvolver esclerose múltipla, a hipótese é que a testosterona pode ser protetora.

Os homens são menos suscetíveis a muitas doenças autoimunes, incluindo esclerose múltipla (EM). As possíveis causas para isso incluem hormônios sexuais e / ou efeitos dos cromossomos sexuais. O tratamento com testosterona melhora a encefalomielita alérgica experimental.

A University of California, Los Angeles, tem feito estudos com testosterona em homens. Homens, de 18 a 65 anos, com diagnóstico de múltipla remissão recorrente-remitente clinicamente definitiva esclerose. Pacientes com remissão recorrente que não toleram ou não toleraram o tratamento com beta interferon. Foi feito tratamento cruzado com androgel.

Referências

https://esclerosemultipla.com.br/sobre-em/diagnostico-esclerose-multipla/ressonancia-magnetica/

https://esclerosemultipla.com.br/sobre-em/entendendo-a-esclerose-multipla/

https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-neurol%C3%B3gicos/dist%C3%BArbios-desmielinizantes/esclerose-m%C3%BAltipla-em#:~:text=Fisiopatologia%20da%20esclerose%20m%C3%BAltipla,e%20ao%20redor%20das%20placas

http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2018/Relatorio_Alentuzumabe_EMRR_CP49_2018.pdf

https://pebmed.com.br/natalizumabe-e-incorporado-ao-sus-para-o-tratamento-da-esclerose-multipla/?utm_source=artigoportal&utm_medium=copytext

http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/arquivos/2868

https://ichgcp.net/pt/clinical-trials-registry/NCT00405353

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O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.