Coronavírus

Uso de anticoagulantes para casos graves da COVID-19

Uso de anticoagulantes para casos graves da COVID-19

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Um estudo chinês havia mostrado que altos níveis de D-dímero e TP foram associados com pior prognóstico em pacientes com a COVID-19. Com base nisto, alguns consensos de experts na China sugeriram o uso de anticoagulantes para os casos graves de COVID-19.

Os estudos recentes apontam que casos graves estão associados à coagulopatia, e que na maioria dos óbitos, pode haver associação de CIVD (Coagulação Intravascular Disseminada). Além disso, a imobilização prolongada e terapia hormonal em pacientes internados aumenta ainda mais o risco de tromboembolismo venoso.

A eficácia do uso de anticoagulantes foi testada em estudo chinês denominado “Anticoagulant treatment is associated with decreased mortality in severe coronavirus disease 2019 patients with coagulopathy”.

Vejamos então com mais detalhes como este importante estudo demonstrou possível benefício de uso de anticoagulantes para os casos graves de COVID-19.

Metodologia do estudo

Pacientes com COVID-19 grave, admitidos entre 1º de Janeiro e 13 de Fevereiro no Hospital de Tongji, em Wuhan, foram selecionados retrospectivamente.

O diagnóstico de COVID-19 foi dado segundo os critérios da Organização Mundial de Saúde, e confirmado com o RT-PCR para SARS-CoV-2.

Os pacientes graves foram definidos ao cumprirem pelo menos um dos seguintes critérios: Frequência Respiratória >=30 ipm; SaO2 <= 93%; PaO2/FiO2 <= 300 mmHg.

As características clínicas dos pacientes foram analisadas pelo sistema de prontuário do Hospital, incluindo níveis de D-dímero, TP e Plaquetas.

Os pacientes do grupo que receberam anticoagulação foram definidos como aqueles tratados com Heparina Não Fracionada (HNF) ou Heparina de Baixo Peso Molecular (HBPM) por pelo menos 7 dias ou mais.

As medicações e o desfecho (mortalidade no 28º dia) foram acompanhados até o dia 13 de Março.

Resultados

Um total de 449 pacientes foram classificados como graves e incluídos no estudo. Os pacientes tiveram média de idade no diagnóstico de 65 anos (+/- 12 anos), e destes, 60.6% tinham uma ou mais comorbidades associadas.

Todos os pacientes receberam terapia de suporte e antiviral apropriados após a admissão. Um total de 22% dos pacientes receberam tratamento com heparina por pelo menos 7 dias.

Quando comparados, não houve diferença significante em mortalidade após 28 dias entre os que receberam e os que não receberam heparina (30.3% vs 29.7%, P=0.910).

A associação entre uso de heparina e desfecho foi avaliada de forma estratificada, de acordo com o escore SIC ou nível de D-dímero.

O escore SIC (coagulopatia induzida por sepse) é utilizado para avaliar a fase inicial de Coagulação Intravascular Disseminada associada à Sepse. Menor mortalidade foi associada ao grupo que recebeu heparina e que obteve escore SIC >= 4 (29.0% vs 22.6%, P=0.419).

Nos pacientes estratificados pelos níveis de D-dímero, quando os níveis de D-dímero ultrapassaram 6x os níveis normais, uma redução de aproximadamente 20% foi encontrada naqueles que receberam tratamento com heparina (32.8% vs 52.4%, P=0.017).

Conclusão sobre uso de anticoagulantes em casos graves de COVID-19

Os autores concluíram que a terapia com anticoagulantes pode beneficiar aqueles pacientes que preenchem o critério de coagulopatia induzida por sepse ou com elevação marcante do D-dímero.

A partir destes resultados, alguns ensaios clínicos começaram a serem feitos. No Brasil, pesquisadores estão utilizando heparina em casos graves de COVID-19 tratados no Hospital Sírio-Libanês.

Os resultados devem estar disponíveis em breve e com certeza será tratado aqui no futuro. Fique ligado e acompanhe nosso site para ficar por dentro das novidades relacionadas ao uso de anticoagulantes para casos graves de COVID-19.

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