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Neste post iremos comentar sobre os resultados divulgados em Janeiro do estudo de Fase 3 da Vacina produzida pela Johnson & Johnson contra a COVID-19. A vacina, que recebeu o nome de Ad26.COV2.S mostrou-se segura e eficaz em proteger contra casos moderados e graves da COVID-19.
A origem da vacina
A vacina da COVID-19 produzida pela Janssen, empresa farmacêutica da Johnson & Johnson, teve suas bases criadas há uma década atrás. Pesquisadores do Beth Israel Deaconess Medical Center criaram um método de desenvolver vacinas a partir do vírus chamado Adenovírus 26, ou apenas Ad26.
A partir daí, a Johnson & Johnson formulou vacinas contra o vírus Ebola, e para outras doenças, tendo como base a Ad26.
Agora, durante a pandemia pelo novo coronavírus, a Johnson & Johnson utilizou a Ad26 para criar uma vacina contra o coronavírus, recebendo 465 milhões de dólares do governo americano, em Março do ano passado, para custear a produção da mesma.
Diferente das demais vacinas contra a COVID-19, a vacina produzida pela Janssen é aplicada em apenas uma dose intramuscular, e pode ser armazenada em geladeira por meses.
Como a vacina funciona
A vacina da Johnson & Johnson utiliza um adenovírus humano como vetor viral para expressar a proteína Spike em sua superfície. Os adenovírus geralmente causam infecções respiratórias e gastrointestinais.
O adenovírus utilizado na vacina não é exatamente igual àquele causador de doenças nos seres humanos. O vírus é modificado de tal forma que não é mais capaz de replicar-se nos seres humanos e, portanto, não é capaz de causar doença.
Divulgados os resultados da Fase 3
Em Janeiro de 2021, foram divulgados os resultados da Fase 3 dos testes clínicos da vacina. Foram analisados 468 casos sintomáticos de COVID-19 em 44.325 adultos voluntários da pesquisa.
Diversos países participaram da Fase 3, incluindo o Brasil, Argentina, Chile, Colombia, México, Peru, África do Sul e Estados Unidos.
A vacina obteve 66% de eficácia em proteger os voluntários da manifestação moderada ou grave da COVID-19 no 28° dia pós vacinação, incluindo aqueles infectados com a nova variante.
Variação geográfica da proteção conferida
O nível de proteção conferido pela vacina sofreu variações geográficas. Nos Estados Unidos a proteção foi de 72%, nos países da América Latina foi de 66% e, por fim, na África do Sul este valor foi de 57%.
Os valores mais baixos encontrados na África do Sul podem ser atribuídos à nova variante B.1.351, presente neste país.
Entretanto, quando analisado apenas o desfecho de prevenção de doença grave, a vacina foi 85% eficaz, em todas as regiões geográficas.
Nenhuma morte por COVID-19 foi relatada no grupo da vacina, enquanto 5 mortes relacionadas à COVID-19 foram reportadas no grupo placebo.
Em que pé está agora a vacina
A Johnson & Johnson submeteu a vacina ao FDA, solicitando autorização para uso emergencial. O FDA ainda não emitiu parecer, mas a decisão deve ser divulgada em breve e a vacina pode ser autorizada logo no início de Março de 2021.
Além do governo americano, a União Europeia e a COVAX já possuem acordos para entrega de doses da vacina.
A Johnson & Johnson também já anunciou novos estudos de Fase 3 com a vacina. Já está em andamento um ensaio clínico de Fase 3 para observar o efeito da utilização de 2 doses, ao invés de uma, em adultos.
Há ainda estudos sendo realizados com a vacina em mulheres grávidas.
O Brasil está em negociações para adquirir vacinas com a Janssen, e um projeto no senado visa facilitar a compra das vacinas. Mas ainda não há previsão de quando a vacina chegará ao Brasil.
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Referências
Janssen Investigational COVID-19 Vaccine: Interim Analysis of Phase 3 Clinical Data Released – NIH
Coronavirus Vaccine Tracker – The New York Times
Proposta no Congresso pode destravar compra de vacinas da Pfizer e Janssen – Jovem Pan