Até agora, os estudos feitos com os imunizantes desenvolvidos contra o novo coronavírus avaliam o potencial para impedir casos graves e mortes de COVID-19, mas um estudo preliminar divulgado na última terça-feira (2) foi o primeiro a documentar evidências de que a vacina de Oxford pode reduzir também a transmissão.
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Os resultados são animadores: a vacina produzida em parceria pela Universidade de Oxford e a farmacêutica inglesa AstraZeneca pode ter a capacidade de reduzir em até 67,6% a transmissão do SARS-CoV-2.
A pesquisa, que está em fase de revisão por outros cientistas, também apontou eficácia geral de 82,4% com a segunda dose aplicada após um intervalo de três meses. Com a primeira dose, já se alcança 76% de eficácia.
“Absolutamente excelentes”
É a primeira vez que um estudo de fase 2 de uma vacina contra a COVID-19 leva em conta os casos assintomáticos da doença, dado que ajuda a entender o quanto ela reduz a transmissão do vírus.
Os resultados foram calculados a partir de dados de 17.177 voluntários em três regiões: Reino Unido, Brasil e África do Sul. Deles, 8.597 tomaram a vacina e 8.580 não tomaram (grupo controle).
Para medir o impacto da transmissão, foram feitos testes semanais do tipo PCR em todos os participantes, mesmo naqueles que não apresentaram sintomas da doença.
Segundo reportagem do G1, o ministro da Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, classificou os resultados como “absolutamente excelentes”. “Agora sabemos que a vacina Oxford também reduz a transmissão e que nos ajudará a sair dessa pandemia”, disse ele.
Os dados
Do total de voluntários analisados no estudo, 507 apresentaram testes positivos de PCR, o que significa que a pessoa tem o SARS-CoV-2 no corpo, mas não necessariamente sintomas da doença. Desses, 161 pertenciam ao grupo que recebeu a vacina (1,9%) e outros 346 estavam no grupo de controle.
De forma geral, houve redução de 54,1% no número de casos no grupo vacinado, considerando casos assintomáticos. Nos voluntários que receberam meia dose da vacina seguida de uma dose padrão, houve redução de 67,6% nos casos.
Já entre quem recebeu as duas doses padrão da vacina, a redução nos casos de COVID-19, considerando assintomáticos, foi de 49,5%. Os pesquisadores ainda não sabem dizer por que os resultados de eficácia da vacina foram maiores em quem recebeu apenas parte dos imunizantes.
Produção no Brasil
Após aprovação para uso emergencial, a Oxford/AstraZeneca está sendo usada no Brasil conforme as prioridades definidas pelo Ministério da Saúde. As primeiras doses (2 milhões) foram importadas da Índia e estão sendo distribuídas para estados e municípios.
Na última sexta-feira (29), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu o pedido de registro definitivo e terá 60 dias para estudar a aprovação.
A instituição científica vinculada ao Ministério da Saúde firmou, em agosto do ano passado, um acordo com a Universidade de Oxford e com a AstraZeneca para transferência de tecnologia. A previsão é de que, nos próximos meses, o imunizante seja produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
De acordo com a previsão da Fiocruz, serão 50 milhões de doses produzidas no Brasil até abril, 100 milhões até julho e mais 100 milhões entre agosto e dezembro deste ano.
*Com informações da Agência Brasil