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A corrida pela vacina para COVID-19 foi iniciada em 2020 e, quase um ano após, em Janeiro de 2021, muitas delas já cruzaram a linha final, tendo alcançado aprovação para uso.
Logo no início da pandemia, escrevemos aqui sobre os tipos de vacinas em estudo contra a COVID-19. Caso você tenha curiosidade de conhecer melhor a biotecnologia de cada uma delas, corre lá e confere nossa explicação.
Neste post falaremos sobre as principais vacinas, aquelas que já cruzaram a linha de chegada, e as que permanecem na corrida para tal fim.
Vacina de Oxford
Em 8 de Dezembro, foi publicado o primeiro trabalho da fase 3 da vacina de Oxford, cujos resultados demonstraram que a vacina era eficaz em proteger contra a COVID-19.
A vacina foi testada em países como Inglaterra, Índia, Brasil, África do Sul e EUA. Demonstrou eficácia entre 62 a 90% (dependendo da dose utilizada). Sua aplicação consiste em 2 doses, separadas por 4 semanas de intervalo entre as doses.
No dia 30 de Dezembro, a Argentina e o Reino Unido concederam aprovação emergencial para a vacina de Oxford. Em seguida, a Índia e posteriormente o México, também seguiram os mesmos passos.
A vacina recombinante AZD1222, da Universidade de Oxford e da empresa AstraZeneca, saiu muito à frente na linha de partida da corrida.
O motivo: os testes de segurança da vacina já tinham sido feitos em 2019, quando a candidata similar da vacina contra o coronavírus causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) foi testada.
A tecnologia utilizada é a Vacina de Vetores Virais. Nesse tipo de vacina, um vírus como sarampo ou adenovírus é geneticamente modificado para produzir proteínas do coronavírus.
No caso da Vacina de Oxford, o adenovírus do Chipanzé é utilizado para carregar DNA da proteína Spike do SARS-CoV-2, proteína chave no processo de infecção do vírus nas células humanas.

Fonte: The race for coronavirus vaccines: a graphical guide – Nature
Devido à imunogenicidade do adenovírus, espera-se que a vacina produza proteção eficaz utilizando doses baixas, em comparação com outras candidatas rivais.
Sputnik V: a vacina para covid-19 da Rússia
O Gamaleya Research Institute, parte do Ministério de Saúde da Rússia, iniciou em Julho ensaios clínicos com sua vacina composta por duas doses de 2 adenovírus.
A vacina alcançou taxa de eficácia de 91,4%, de acordo com dados anunciados no dia 14 de Dezembro.
Denominada posteriormente de Sputnik V, havia sido aprovada antes mesmo de iniciar os estudos de fase 3.
A aprovação foi considerada arriscada e a Rússia voltou atrás da decisão, afirmando que a aprovação dependeria dos resultados positivos da fase 3.
Em Novembro, os resultados preliminares da Fase 3 já mostravam eficácia acima de 90%. Em Dezembro, a Fase 3 alcançou sua etapa final, confirmando eficácia de 91,4%.
Desde então, a Rússia te negociado oferta da sua vacina para países como Brasil, Índia, México e Venezuela. Bielorrúsia, Argentina e Sérvia já concederam aprovação emergencial para o uso da Sputnik V.
Vacinas Sinopharm
A empresa Estatal Chinesa Sinopharm criou uma vacina de vírus inativado, produzida pelo Beijing Institute of Biological Products. No dia 30 de Dezembro, a Sinopharm tornou pública a taxa de eficácia da sua vacina, que foi de 79,34%.
Após isto, o governo chinês concedeu aprovação para uso da vacina. Detalhes do estudo de fase 3 ainda estão para ser publicados.
Países como Emirados Árabes Unidos, onde ocorreram os estudos de fase 3, e Barein, já concederam aprovação para uso da Vacina. Já o Egito solicitou uso emergencial da mesma no dia 3 de Janeiro.
Vacina BioNTech e Pfizer
A companhia Alemã BioNTech realizou parceria com a Pfizer, empresa americana para desenvolvimento de vacina de mRNA. As companhias impressionaram quando, em Novembro de 2020, anunciaram dados que mostravam eficácia acima de 90%.
Apenas um mês após, a FDA concedeu a primeira autorização emergencial dada pelos EUA a uma vacina contra o coronavírus. Um grande número de países já também concederam autorização emergencial para a vacina da BioNTech e Pfizer.
São eles: Argentina, Chile, Costa Rica, Equador, Kuwait, México, Panamá e Singapura.
Outros países como Canadá, Arábia Saudita e Suiça concederam aprovação completa para uso. A OMS concedeu à vacina lista de uso emergencial, que acelerará a sua aprovação em outros países.
A aposta do Colégio Imperial de Londres
Desenvolvida também no Reino Unido, a vacina recebeu mais de cinquenta milhões de dólares do governo britânico para acelerar seu desenvolvimento.
Em Junho, os estudos de fase ½ começaram, bem como uma parceria para produção da vacina com a Morningside Ventures.
Em Dezembro, os pesquisadores anunciaram uma união colaborativa com a Enesi Pharma para formular uma versão da vacina que pode ser implantada na pele, sem a necessidade de injeção intramuscular.
O processo utilizado na produção desta vacina nunca foi utilizado antes. Nesse tipo de vacina, o RNA viral é inserido nas células musculares humanas, que por sua vez são “instruídas” a produzirem a proteína Spike do SARS-CoV-2.
A partir disto, espera-se que as proteínas produzidas funcionem como gatilho para o sistema imune produzir resposta imunológica, capaz de eliminar o vírus quando em contato com o mesmo.
A vacina da Moderna
A vacina mRNA-1273, desenvolvida pela empresa Moderna em Cambridge (MA, EUA), utiliza também tecnologia semelhante a da vacina do Colégio Imperial de Londres.
Em dezembro, a FDA concedeu sua segunda autorização de uso emergencial de uma vacina contra o novo coronavírus para a empresa Moderna.
A vacina demonstrou eficácia de 94,5%, consistindo em 2 doses com intervalo de 4 semanas entre as doses. Canadá, União Europeia, Israel e Reino Unido já garantiram uso emergencial da vacina da empresa Moderna.
O governo dos EUA chegou a oferecer quase um bilhão de dólares para suporte de custos. A Vacina começou a ser testada em humanos no mês de Março de 2020, e os estudos de Fase 3 iniciaram-se em Agosto.
Em novembro, resultados da fase 3 saíram, demonstrando taxas acima do esperado, de 94,1% de eficácia de proteção. A empresa fez acordos de distribuição com diversos países, e já entregou 18 milhões de doses aos EUA.
A CoronaVac
A empresa Chinesa denominada Sinovac Biotech criou vacina para covid-19 que utiliza o próprio vírus SARS-CoV-2 inativado. Ela foi denominada CoronaVac.
Recentemente, aqui no Brasil, pesquisadores divulgaram eficácia de 78% da vacina. Porém, a eficácia divulgada foi baseada apenas em um subgrupo testado. Os resultados completos ainda serão divulgados, e estima-se que seja de 63%.
A vacina já havia sido aprovada para uso emergencial na China, sendo distribuída para grupos de alto risco. A empresa tem agora se preparado para produção e distribuição global da sua vacina, tendo firmado acordos com países como Indonésia.
Em Junho a fase de testes combinada (fases 1 e 2), testada em 743 voluntários, relataram sucesso em produzir resposta imune, e nenhum efeito adverso grave relacionado.
No dia 3 de Julho, a Anvisa autorizou a realização de testes da fase 3 aqui no Brasil. O acordo foi firmado entre o Instituto Butantan e a empresa Sinovac. No mês seguinte, os testes também foram iniciados na Indonésia.
A vacina da Johnson & Johnson
Utilizando tecnologia criada há uma década, a vacina da Johnson & Johnson de Adenovirus26, ou Ad26, já foi utilizada para produzir vacinas para o vírus Ebola.
Diferentemente das demais vacinas, a vacina da Johnson & Johnson utiliza apenas uma dose. Os resultados da fase 3, realizados com 45.000 voluntários, foram concluídos em Dezembro, e devem ser divulgados agora no mês de Janeiro.
Em março, recebeu do governo americano 456 milhões de dólares para iniciar produção da vacina para COVID-19. Nos experimentos com macacos, mostrou resultados positivos, e em julho os estudos de fase 1/2 tiveram início.
Já o estudo de fase 3, que inicialmente previa participação de 60.000 voluntários, foi lançado em Setembro. Se aprovada, o governo acordou pagamento de 1 bilhão de dólares para 100 milhões de doses da vacina para COVID-19.
Confira o vídeo:
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