Cirurgia vascular

Varizes, e agora? Os novos tratamentos de varizes com técnicas minimamente invasivas | Colunistas

Varizes, e agora? Os novos tratamentos de varizes com técnicas minimamente invasivas | Colunistas

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Imagem de perfil de Dr. Italo Abreu

1. Introdução

As varizes são muito mais do que um problema estético, fazendo parte do complexo da insuficiência venosa crônica, de forma que a úlcera venosa é a forma mais grave da doença. Estima-se que 30 a 40% da população adulta tenha varizes e que até 6% dos portadores de varizes desenvolverão úlcera em algum momento da vida.

Assim, o seu tratamento está indicado e deve ser o mais precoce possível para garantir um melhor e mais definitivo resultado. O principal fator de risco que leva ao surgimento das varizes é a genética, ou seja, a tendência herdada dos nossos pais e avós.

        Desde 1994, a classificação das doenças venosas, baseada em dados clínicos (C), etiologia (E), distribuição anatômica (A) e a fisiopatologia (P), denominada classificação CEAP, vem sendo utilizada globalmente, com algumas modificações realizadas em 2004 para aprimorá-la.

O objetivo principal da cirurgia de varizes é tratar primeiro a causa das varizes, na maioria dos casos incompetência das veias safenas. A safenectomia é a cirurgia tradicionalmente realizada associada a retirada de perfurantes, implicando uma incisão na região da virilha (ao longo da sua prega) e a sua extração. Contudo, cada vez mais são procurados métodos menos invasivos e que envolvam menos complicações, permitindo uma mais fácil e rápida recuperação.

2. Tratamento conservador

       O tratamento clínico se baseia no repouso com membros elevados, medicações venoativas e utilização de meias de compressão. A maioria dos pacientes pode se beneficiar do tratamento compressivo. A compressão é contraindicada em portadores de obstrução arterial e pacientes com ausência de pulsos. A ação de drogas venoativas inclui a diminuição da permeabilidade capilar, efeito linfocinético, menor apoptose das células endoteliais e uma ação anti-inflamatória por diminuição da adesividade de células de defesa, com nível de evidencia B para melhora do sintomas.

3. Tratamento com espuma guiada com Eco doppler

A técnica atual é baseada nos métodos de Tessari et al., em que uma mistura de líquido esclerosante e ar forma uma espuma através de agitação utilizando duas seringas conectadas. Os efeitos adversos mais frequentes após escleroterapia com espuma que podem ocorrer são flebite e pigmentação cutânea. Ocorrem relatos esporádicos de complicações graves como TVP, tromboembolismo pulmonar, acidente vascular cerebral e embolização cerebral em pacientes com forame oval pérvio, uma contra indicação absoluta. As complicações graves são raras (< 0,1%). Thomasset cita que mulheres apresentam mais reações adversas que os homens, especificamente no item pigmentação cutânea. Cavezzi e Parsiestimam a ocorrência de pigmentação em 10% a 30% dos pacientes.

4. Tratamento com ablação endovenosa por radiofrequência

Este é um procedimento minimamente invasivo para o tratamento de varizes.
Este método utiliza a energia da radiofrequência para aquecer a parede da veia, através de um cateter que é colocado no seu interior, por visualização ecográfica. O aquecimento provoca encolhimento das fibras de colágeno que fazem parte da parede do vaso. O diâmetro da veia é reduzido e simultaneamente as proteínas do sangue são desnaturadas pelo calor, obliterando o vaso. Nos 10 a 12 meses seguintes a veia acaba por fibrosar completamente, tornando-se indetectável ao exame ecográfico, sem que, na realidade, tenha sido extraída.

varizes-radio-frequência

Fig 1. Inserção de cateter de radiofrequência na veia, através de pequena punção na pele.

Fig 2. O cateter libera energia térmica num processo controlado pelo cirurgião.

Fig 3. Aquecimento do cateter provocando encolhimento do vaso.

Fonte: www.cirurgia-vascular.pt

5. Tratamento com laser

      Geralmente, é utilizado um equipamento de laser de diodo com comprimento de onda de 810 nm e 980 nm, potência óptica de 15 W e modo de operação pulsado. Este método também é usado para varizes em regiões de face. A punção da veia safena é realizada na extremidade distal do refluxo orientado pelo eco-Doppler. Nessa técnica, a veia safena sofre um processo de obliteração a partir da energia térmica gerada pelo laser, transformando-se em um cordão fibroso e sem fluxo sanguíneo no seu interior.

A cirurgia de varizes é uma cirurgia segura, sendo o retorno as atividades laborais na grande maioria dos casos em poucos dias. É importante frisar que a prevenção também faz parte do tratamento, como manter o peso ideal, fazer atividade física e evitar uso de hormônios.

A taxa de recidiva das varizes após um procedimento cirúrgico para varizes varia de 7 a 65% em 5 anos na literatura médica. A principal causa para a recidiva é a progressão da própria doença, de maneira que outros fatores podem contribuir como a formação de novos vasos varicosos (revascularização), principalmente na junção da veia safena com a veia femoral, ou, ainda, a manutenção de alguma fonte de refluxo que não foi tratada.