Índice
- 1 Indicações de via aérea definitiva
- 2 O que é via aérea difícil?
- 3 Acrônimo “OBESE”
- 4 Acrônimo “LEMON”
- 5 Classificação de Cormack e Lehane
- 6 Critérios de via aérea difícil
- 7 Tentativa ótima de intubação
- 8 Otimizando ventilação
- 9 Otimizando laringoscopia
- 10 Quando trocar de conduta
- 11 Bougie
- 12 Cricotireoidostomia
- 13 Intubação em pacientes com COVID-19
- 14 Armadilhas
- 15 DICAS
Todos os médicos que desejam dar plantões em unidades de urgência e emergência devem estar familiarizados com o manejo da via aérea difícil, agindo de maneira rápida e correta para resolver a situação.
No entanto, antes de tudo, o preparo é fundamental para realizar uma via aérea definitiva. É necessário um tubo com cuff insuflado, abaixo das cordas vocais, devidamente fixado e conectado à fonte de O2.
Indicações de via aérea definitiva
- Insuficiência respiratória aguda
- Obstrução da via aérea
- Rebaixamento do nível de consciência
- Risco de broncoaspiração
O que é via aérea difícil?
Via aérea difícil é aquela em que o profissional convencionalmente treinado experimenta dificuldade para intubação ou ventilação.
A intubação difícil é quando há mais de 3 tentativas ou que demore mais de 10 minutos para ser realizada.
CONHEÇA A PÓS EM MEDICINA DE EMERGÊNCIA DA SANAR!
Acrônimo “OBESE”
A presença de dois desses fatores tem alta probabilidade de ventilação difícil usando máscara facial.
- Obesidade: definida a partir de um IMC> ou= 25Kg/m2
- Barba: presença de barba
- Elderly(idoso): pacientes acima de 55 anos
- Snorers: doentes que roncam
- Edentulous: pacientes com ausência de dentes
Acrônimo “LEMON”
O acrônimo LEMON prevê dificuldade na visualização da laringe.
- Look externally: avaliar possíveis traumas faciais, incisivos muito proeminentes, arco palatino muito elevado, pescoço curto, presença de barba, bigode e forma facial anormal.
- Evaluate: 3- 3- 2 rule: o paciente deve ter uma distância de 3 dedos entre a arcada dentária superior e a arcada inferior. Um distância de 3 dedos entre a proeminência mentual e o inicio do pescoço e por fim, 2 dedos entre entre a cartilagem tiroideia e a mandíbula. Qualquer valor abaixo dessa referência é indicativo de uma via aérea difícil. Lembrando que o dedo que deve ser colocado como referência é a do paciente e não do médico.
- Mallampati: avaliar a visibilidade de palato mole, fauce, úvula e pilares com o paciente sentado numa posição neutra, com a boca na maior abertura possível e com a língua em protrusão máxima.
- Obstrução amigdalianos: avaliar presença de corpo estranho, tumores, abcessos, epiglote ou hematoma em expansão.
- Neck mobility: avalia a mobilidade do pescoço pedindo ao paciente para levar o mento até a peito e tentar fazer uma extensão máxima.


- Classe I: palato mole, fauce, úvula e pilares amigdalianos visíveis;
- Classe II: palato mole, fauce e úvula visíveis;
- Classe III: palato mole e base da úvula visíveis;
- Classe IV: palato mole totalmente não visível
Classificação de Cormack e Lehane


Critérios de via aérea difícil
- Incisivos centrais grandes
- Retrognatismo
- Distância inter-incisivos < 3cm
- Trauma de face
- Obesidade
- Distância entre mento e cartilagem tireoide < 6cm
- Distância entre mento e esterno <12cm
- Mobilidade cervical prejudicada
- Mallampatti classe III e IV
CONHEÇA A PÓS EM PSIQUIATRIA DA SANAR!
Tentativa ótima de intubação
- Profissional com experiência (>3 anos)
- Tônus muscular insignificante
- Pressão laríngea externa ótima
- BURP: back – up- right- position (cartilagem cricóide)
- Adequar tamanho da lâmina
- Adequar tipo da lâmina
- Ótima posição da cabeça “sniff position” ou posição
Otimizando ventilação
- Jaw thrust ou tração da mandíbula (evitar compressão de partes moles. Tração na parte óssea da mandíbula)
- Acoplamento adequado do ambu
- C e E
- Cânula de guedel
- Máscara laríngea
- Tubo laríngeo (esofágico)
- Não é contraindicado retirar o colar cervical, desde que alguém estabilize com a mão a coluna cervical.

Otimizando laringoscopia
- Flexão da cabeça sobre o tronco
- Hiperextensão da cabeça sobre o pescoço
- Não fazer no trauma
- Manobras de Sellick e BURP (backward, upward, rightward pressure on the thyroid cartilage – apertar a cartilagem tireóidea para baixo, depois para cima, para direta e realizar pressão)
- Laringoscópio articulado



Quando trocar de conduta
- Plano A: Ventilação sob máscara e intubação traqueal realizada pelo laringoscópio. Se falhar, partir para o seguinte.
- Plano B: fornecimento de oxigenação e inserção de um dispositivo extra glótico (DEG). Se houver falha com o DEG, partir para o plano C.
- Plano C: tentativa final de intubar pela máscara facial.
- Plano D: acesso cervical anterior emergencial. Realizar cricotireoidostomia.

Bougie
É um dispositivo barato, eficaz e fácil de usar.
Às vezes não conseguimos ter a visibilidade da via aérea devido à extremidade curva do tubo, e perdemos temporariamente a visão da glote. Com o bougie, que tem um tamanho menor, a linha de visão é preservada e facilita a introdução da cânula.
ATENÇÃO: O uso não é indicado se o paciente é Cormack IV (quando não vemos nada que lembre uma via aérea).


Cricotireoidostomia
Indicações
- Via aérea difícil
- Trauma crânio encefálico
- Trauma maxilo-facial
- Politrauma
- Obstrução respiratória por corpo estranho, angioedema e outros
OBS.: Cricotireoidostomia sem prognóstico de intubação em 48h – converter em traqueostomia.
Intubação por 7 a 10 dias – converter em traqueostomia para evitar estenose.
Em pacientes com câncer de cabeça e pescoço a conduta é traqueostomia com anestesia local.
Intubação em pacientes com COVID-19
- Baixa reserva pulmonar. Portanto, dessaturam rápido;
- Altamente contaminante. Lembrar da paramentação e evitar ambu;
- Sistema fechado o tempo todo;
- Tratar como via aérea difícil.
Armadilhas
- Não reconhecer via aérea difícil
- Paciente que não ventila
- Não posicionar bem o paciente
- Não proteger coluna cervical no trauma
- Passar o tubo sem visualizar via aérea
- Sedação ou fixação do tudo inadequadas
- Não haver material de cricotireoidostomia
- Não programar traqueostomia pós cricotireoidostomia
- Câncer de cabeça e pescoço
- COVID
DICAS
- Preditores de via aérea difícil
- Otimizar ventilação: posição + dispositivos
- Otimizar laringoscopia: posição + dispositivos
- Uso adequado do bougie
- Cricotireoidostomia por punção como ponte
- Traqueostomia com anestesia local em CEC de cabeça e pescoço
- Cuidados no COVID
SE QUISER SE APROFUNDAR MAIS EM VIA AÉREA DIFÍCIL, CONHEÇA A PÓS EM MEDICINA DA SANAR!