Índice
- 1 Características do vírus sincicial respiratório (VSR)
- 2 Epidemiologia e incidência do VSR nas diferentes faixas etárias
- 3 Fatores de risco para a contaminação pelo vírus sincicial respiratório
- 4 Manifestações clínicas e complicações infecção por VSR
- 5 Métodos diagnósticos: como identificar o vírus sincicial respiratório?
- 6 Transmissão do vírus sincicial respiratório: como prevenir?
- 7 Abordagem terapêutica para o paciente com o vírus sincicial respiratório
- 8 Vacinas contra o VSR: desafios e atualizações
- 9 Conheça o Manual de Clínica Médica
- 10 Perguntas frequentes
- 11 Referências
Entenda o que é o vírus sincicial respiratório (VSR), como o paciente infectado se apresenta, como identificar e abordá-lo. Bons estudos!
O vírus sincicial respiratória (VSR) é um agente causador de sintomas respiratórios tanto leves quanto potencialmente graves. Devido à sua relevância epidemiológica, é fundamental que o médico esteja familiarizado o quadro clínico desse paciente.
Características do vírus sincicial respiratório (VSR)
O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é um vírus de RNA pertencente à família Paramyxoviridae, gênero Pneumovírus.
A sua estrutura é composta por em envelope viral, formado por uma bicamada lipídica derivada da membrana da célula hospedeira. Entendendo isso, conseguimos compreender o seu ciclo de transcrição e replicação, sendo:
- O genoma de RNA viral é liberado no citoplasma da célula inadida (hospedeira);
- A transcriptase viral (RNA polimerase) transcreve os segmentos de RNA em moléculas de mRNA positivas;
- As moléculas de mRNA positivas são utilizadas como modelos para a síntese de moléculas de RNA genômico negativo (cópias do genoma viral).

As novas partículas virais são formadas a partir dos diferentes componentes virais reunidos no citoplasma hospedeiro.
Epidemiologia e incidência do VSR nas diferentes faixas etárias
A suspeita do VSR vem a partir do reconhecimento das populações mais vulneráveis à essa infecção.
Lactentes e crianças pequenas
Dentre os lactentes e crianças pequenas, o VSR é uma das principais causas de infecções respiratórias e complicações graves.
A incidência maior da infecção é entre os bebês com 6 meses de idade. Essa alta prevalência de VSR se mantém até os 2 anos. Com relação às complicações, vemos com frequência a bronquiolite e pneumonia.
Crianças mais velhas e adultos
Embora menos frequentes, o VSR também pode ser a causa de infecções respiratórias em pessoas mais velhas.
No entanto, naturalmente a relevância dos sintomas nessa população é muito inferior. Com isso, ela se assemelha a um resfriado comum, sem complicações.
População idosa e de alto risco
Dentre os idosos, o VSR é mais comum naqueles com comprometimento do sistema imunológicos. Nesse caso, as complicações podem ser mais graves, como a pneumonia e exacerbação de doenças pulmonares crônicas.
Além dos lactentes e idosos, outros grupos podem ser considerados de risco, como:
- Bebês com doença pulmonar crônica;
- Crianças com doenças cardíacas congênitas;
- População imunocomprometida, por HIV e imunoterápicos.
Fatores de risco para a contaminação pelo vírus sincicial respiratório
Muitos são os fatores de risco para a infecção pelo VSR. Além dos que já comentados acerca da faixa etária dos pacientes, temos muitos outros que podem evitar a infecção.
A exposição a ambientes coletivos por crianças e bebês, como creches e berçários pode aumentar a chance de infecção. Ainda, pacientes hospitalizados, especialmente em unidades de cuidados intensivos também têm alto risco de exposição ao vírus.
Quanto à crianças novas, a convivência com irmãos mais velhos que já frequentam a escola pode suscitá-las à contaminação. Com relação aos idosos, o tabagismo ou a exposição passiva ao tabaco também contribui para a infecção por VSR.
Manifestações clínicas e complicações infecção por VSR
Os sintomas do paciente infectado por VSR costumam ser leves, mas podem chegar a quadros graves. Quando isso acontece, geralmente os sintomas são determinados pela complicação associada.
De maneira geral, o quadro leve envolve:
- Congestão nasal;
- Coriza;
- Espirros;
- Odinofagia;
- Tosse seca persistente.
A bronquiolite pode cursar com um estreitamento das vias aéreas superiores, tosse, sibilos à ausculta e uma taquipneia compensatória. Por isso, o exame físico e uma boa história colhida podem favorecer essa identificação. Essa é uma evolução muito comum nas crianças menores de 2 anos.
Em casos mais graves, como a pneumonia, o paciente pode ter a febre e fadiga associadas. Essa deve ser sinais de alerta para pacientes idosos e crianças muito pequenas. Ainda, a dor torácica pode acompanhar o quadro.
Os quadros mais graves de infecção pelo vírus sincicial respiratório chegam a se apresentar com insuficiência respiratória, com necessidade de suporte ventilatório.
Métodos diagnósticos: como identificar o vírus sincicial respiratório?
Assim como ocorre em outras doenças, a identificação do vírus VSR pode ser feita por alguns testes específicos.
Os testes de antígenos virais são muito utilizados, detectando proteínas específicas do VSR, chamadas de antígenos. Essas amostras podem ser conseguidas por secreções nasais ou de garganta.
O PCR, reação em cadeia de polimerase, é altamente específica e sensível para a detecção do VSR. Em tempo real, conhecido como RT-PCR, tem-se essa resposta por meio de esfregaços nasais ou aspirados traqueais. Esse é considerado o método de referência para o diagnóstico do VSR.
É importante conhecer o momento ideal para esse teste diagnóstico, tanto quanto os métodos disponíveis. As amostras devem ser coletadas o mais precocemente possível após o início dos sintomas para maximizar a detecção e evitar complicações.
Transmissão do vírus sincicial respiratório: como prevenir?
Assim como outros vírus respiratórios, o VSR é transmitido por contato com secreções respiratórias de pessoas infectadas.
Assim, por meio da fala, tosse e espirros esse contágio pode acontecer. É importante que seu paciente seja orientado ao cuidado com o suo de máscaras na presença da população de risco para o contágio.
De maneira indireta, o VSR pode ser transmitido pelo contato com superfícies contaminadas. O VSR é um vírus altamente contagioso. Sendo assim, possui capacidade de se espalhar, especialmente em ambientes fechados.
As pessoas já infectadas pelo VSR podem ser contagiosas até 5-7 dias após o início dos sintomas. Por isso, a higiene adequada das mãos, o uso de máscaras e a cobertura de nariz e boca ao tossir devem ser aplicadas. Como já comentamos, essas medidas se fazem ainda mais necessárias em ambientes de pessoas vulneráveis à infecção.
Abordagem terapêutica para o paciente com o vírus sincicial respiratório
Grande parte dos casos de VSR se resolvem espontaneamente. Por isso, as situações que exigem uma abordagem medicamentosa são para o alívio de sintomas.
Em casos graves, por outro lado, algumas medidas podem ser necessárias. A terapia de suporte inclui a administração de fluido, além de controle da febre e sintomas respiratórios.
O uso de medicações têm sido estudado mais especificamente para o tratamento da VSR. Alguns desses trabalhos apontam que a terapia combinada com ribavirina nebulizada e imunoglobulina intravenosa está associada a uma melhora clínica considerável. No entanto, a rivabradina é contra-indicada em mulheres grávidas, devendo ser precedida por um beta-HCG negativo de mulheres na menacme.
A oxigenoterapia é importante para pacientes com dificuldade respiratória, especialmente na bronquiolite grave.
Vacinas contra o VSR: desafios e atualizações
Há décadas a comunidade científica trabalha no desenvolvimento de uma vacina contra o VSR. Embora ainda não existe nenhuma licenciada, existem abordagens nesse desenvolvimento que são reconhecidas como eficazes.
O polivizumabe é um anticorpo monoclonal, administrado a algumas populações de risco. Assim, ainda que não exista uma vacina, os cuidados imunológicos à lactentes, crianças e idosos com doenças crônicas existe e é eficiente.
O polivizumabe é indicado para lactentes e crianças < 24 meses. A dose aplicada é de 15mg/kg, uma vez ao mês durante a temporada conhecida de VSR do ano. A primeira dose deve ser administrada antes do início da temporada. No entanto, trata-se de uma droga cara.
Diante dos avanços das pesquisas com a vacina contra o VSR, a esperança para esse desenvolvimento é grande.
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Perguntas frequentes
- Quais são os principais sintomas clínicos associados à infecção por Vírus Sincicial Respiratório (VSR)?
Tosse, congestão nasal, febre e dificuldade respiratória. - Quais são os fatores de risco para complicações graves da infecção por VSR?
Idade avançada, prematuridade, doenças pulmonares crônicas e condições cardíacas congênitas. - Qual é a faixa etária mais afetada pela infecção por VSR?
Lactentes e crianças pequenas, especialmente menores de 2 anos de idade.
Referências
- Respiratory syncytial virus infection: Treatment. Frederick E Barr, MD. UpToDate
- Figura 1.
- Palivizumab: Drug information. Lexicomp. UpToDate