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A manobra de Rivero Carvallo é de extrema importância na ausculta cardíaca, tornando‑a mais clara e específica, permitindo a identificação de alterações relacionadas às estruturas direitas do coração. Neste texto, vamos discorrer sobre como é realizada esta manobra, seu mecanismo fisiopatológico, quando deve ser usada e, por fim, sua utilidade na semiologia cardíaca.
O que é a manobra de Rivero Carvallo?
A manobra de Rivero Carvallo, criada em 1946 pelo médico mexicano José Manuel Rivero Carvallo, consiste em pedir ao paciente que realize uma inspiração prolongada seguida por apnéia inspiratória por alguns segundos durante a ausculta cardíaca.
O mecanismo fisiopatológico desta manobra semiológica é explicado pelo fato de que a inspiração prolongada diminui a pressão intratorácica, permitindo maior retorno venoso para câmaras cardíacas direitas. A partir disso, temos maior volume venoso no coração direito, levando ao aumento da força de contração do ventrículo direito (VD), como descrito na lei de Frank-Starling. Como consequência da maior força de contração do VD, o volume de ejeção do mesmo aumenta e, em casos de insuficiência tricúspide, aumenta-se o refluxo de sangue para o átrio direito pela valva insuficiente, de maneira que o sopro auscultado neste momento é intensificado.

Qual sua função na ausculta cardíaca e quando deve ser utilizada?
Esta manobra semiológica tem como principal função auxiliar na distinção entre sopros originários das câmaras cardíacas direitas ou esquerdas. Portanto, deve ser usado para auxiliar no diagnóstico mais preciso do sopro em questão.
Um exemplo seria o seguinte: um sopro sistólico é auscultado em foco tricúspide, no entanto, busca-se definir se sua origem é tricúspide ou mitral. Assim, coloca-se o estetoscópio em foco tricúspide no paciente já em decúbito dorsal e este realiza a manobra em questão – inspiração profunda –, assim, caso a intensidade do sopro aumente, temos uma manobra positiva e definimos que a origem do sopro auscultado é direita, logo, de origem tricúspide, indicando uma insuficiência tricúspide. Logo, caso a intensidade do sopro diminua ou permaneça inalterada, a manobra é considerada negativa e a origem provável é esquerda e, portanto, indicando uma insuficiência mitral.
Conclusão
Notamos que a manobra de Rivero Carvallo é utilizada para diferenciar a origem de sopros – ou seja, se são originados das câmaras esquerdas ou direitas –, de modo que, quando a ausculta do sopro se torna mais intensa durante a realização da manobra, o som auscultado tem origem cardíaca direita e a manobra de Rivero Carvallo é positiva.
O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.
Referências
“Sopros cardíacos: bases fisiológicas e aspectos clínicos” – Daniel Chamié, Sociedade Iberoamericana de Informacíon Científica – https://www.siicsalud.com/des/expertoimpreso.php/20417#:~:text=Uma%20forma%20de%20se%20distinguir,nas%20c%C3%A2maras%20direitas%20do%20cora%C3%A7%C3%A3o.
“Semiologia Cardiovascular: As Personalidades por Detrás dos Epônimos” – ALMEIDA R. et al, International Journal of Cardiovascular Sciences – http://www.onlineijcs.org/sumario/29/pdf/v29n5a09.pdf