Índice
- 1 Sinais e sintomas do Abdome Agudo Obstrutivo
- 2 Como o abdome agudo obstrutivo pode ser classificado?
- 3 Obstrução intestinal alta ou baixa?
- 4 Quando a obstrução intestinal é parcial ou total?
- 5 Alça aberta e alça fechada: o que isso significa no abdome agudo obstrutivo?
- 6 Causas do abdome agudo obstrutivo
- 7 Quais exames complementares solicitar para o paciente com abdome agudo obstrutivo?
- 8 Radiografia simples na investigação do abdome agudo obstrutivo
- 9 Sinal do Empilhamento de Moedas no abdome agudo obstrutivo
- 10 Distensão intestinal periférica no abdome agudo obstrutivo
- 11 Níveis hidroaéreos nas imagens radiográficas de abdome agudo obstrutivo
- 12 Sinal da dupla bolha gástrica por meio de radiografia
- 13 Sinal do grão de café
- 14 Conduta inicial do paciente com abdome agudo obstrutivo
- 15 Avaliação cirúrgica do paciente com abdome agudo obstrutivo
- 16 Perguntas frequentes
- 17 Referências
Revise o Abdome Agudo Obstrutivo, bem como as suas possíveis causas e o diagnóstico dessa doença! Bons estudos!
O abdome agudo obstrutivo corresponde a, aproximadamente, 20% dos casos de abdome agudo no departamento de emergência. É caracterizado por uma parada de progressão do trânsito intestinal.
Sinais e sintomas do Abdome Agudo Obstrutivo
Os sinais e sintomas do Abdome Agudo Obstrutivo podem ser explicados pela fisiopatologia da doença.
Quando o trânsito intestinal é interrompido, a parte proximal se dilata e a distal se esvazia. Isso gera uma pressão intestinal, aumentando a força contrária à obstrução, na tentativa de vencê-la.
Como resultado, o fracasso dessa tentativa leva a um sequestro de líquidos para o 3º espaço, reduzindo a perfusão, aumentando a isquemia e necrose.
A partir disso, uma TRÍADE CLÁSSICA do abdome agudo obstrutivo é:
Dor abdominal + Distensão abdominal + Parada de eliminação de
fezes e flatus

Outros sintomas comuns costumam ser náuseas e vômitos, além de diarreia paradoxal (explosiva) e desidratação.
É importante que o médico esteja muito atento, ainda, às possíveis complicações de um abdome agudo obstrutivo. Dentre elas, estão a sepse e a peritonite.
Por esse e outros motivos, a observação atenta do quadro é vital para que sejam tomadas as condutas terapêuticas e diagnósticas com brevidade. Ao exame físico, devido a obstrução, podem estar bem diminuídos, avançando para ausência total. Acompanhada da obstrução ainda, a cólica costuma ser muito presente.
Por fim, ainda devido à obstrução, o abdome do paciente estará hipertimpânico à percussão.
Como o abdome agudo obstrutivo pode ser classificado?
A classificação do abdome agudo obstrutivo é extensa, mas é fundamental para uma compreensão completa e determinante do quadro.
Ela pode ser classificada em:
- Alta ou Baixa;
- Parcial ou Total;
- Mecânica ou Funcional;
- Complicada ou não complicada.
Obstrução intestinal alta ou baixa?
Considerando a anatomia do intestino, tanto delgado quanto grosso, o abdome agudo obstrutivo pode ser classificado como ALTA ou BAIXA.
A obstrução alta acontece no intestino delgado. Alguns sintomas comuns dessa classe são os vômitos biliosos, além de alcalose metabólica. Pensando nas causas desse tipo, podem ser devido a bridas, alguma hérnia interna, tumores ou, em casos mais frequentes em crianças, benzoar.

Já a obstrução baixa se refere às regiões de cólon e reto. Diferente da alta, o paciente apresenta vômitos mais tardios, com odor fecalóide. Essa é, inclusive, sintomas que podem chamar atenção para possível neoplasia colorretal.
Quando a obstrução intestinal é parcial ou total?
Ainda, a obstrução pode ser PARCIAL ou TOTAL. Quando parcial, o paciente ainda consegue evacuar, enquanto que na total a oclusão é completa, não havendo evacuação.
Alça aberta e alça fechada: o que isso significa no abdome agudo obstrutivo?
A obstrução de alça fechada ocorre oclusão em 2 pontos diferentes do trato intestinal (pontos proximal e distal- válvula ileocecal e sigmoide).
Nesse caso, diz-se que a válvula ileocecal é competente e o fluxo é unidirecional, impedindo o retorno do conteúdo para o delgado. Com isso, as fezes podem retornar para o delgado e ocorrer o vômito fecalóide.
Analisamos a obstrução em alça fechada no raio x de abdome, onde podemos ver a distensão do ceco ou volvo de sigmoide. Se o ceco apresentar distensão acima de 12 cm, ele está em iminência de rotura e é indicação de laparotomia.
Causas do abdome agudo obstrutivo
Muitas podem ser as causas do abdome agudo obstrutivo, sendo as mais comuns:
- Aderências (bridas) é a causa mais comum em pacientes com história de cirurgia prévia (a brida é mais comum no intestino delgado).
- Câncer colorretal – causa mais comum em pacientes sem cirurgia prévia e em obstrução no CÓLON.
- Hérnias encarceradas
- Volvo
- Intussuscepção
- Íleo biliar
- Fecaloma
- Síndrome de Ogilvie
- Doenças metabólicas
Quais exames complementares solicitar para o paciente com abdome agudo obstrutivo?
É importante que o paciente seja investigado laboratorialmente, além dos exames de imagem. Esse é um cuidado vital para esse tipo de pacientes, devendo ser solicitados no momento inicial e após isso diariamente.
Dentre eles, são necessários:
- Hemograma completo;
- Função renal;
- Eletrólitos;
- Gasometria;
- Lactato;
- Amilase.
Apesar de esses exames serem necessários, os resultados são inespecíficos, podendo haver leucocitose e evidências de desequilíbrio ácidobásico.

Radiografia simples na investigação do abdome agudo obstrutivo
Os exames de radiografia simples, é possível observar presença de gás no intestino delgado com níveis hidroaéreos e dilatação de alças sugere obstrução intestinal.
As radiografias simples de abdome e tórax são capazes de trazer informações úteis quanto ao tipo, ao grau de evolução, à presença de complicações e até à etiologia da obstrução intestinal.
As mais solicitadas, em geral, são os Raio-x’s de:
- Tórax póstero-anterior em posição ortostática;
- Abdome anteroposterior em decúbito dorsal;
- Abdome anteroposterior em posição ortostática.
Se o paciente não conseguir ficar em pé, fazer o raio x em decúbito lateral esquerdo.
Sinal do Empilhamento de Moedas no abdome agudo obstrutivo
Esse é um sinal clássico do abdome agudo obstrutivo, em especial, mais alta. Na imagem abaixo, conseguimos identificar a obstrução do intestino delgado, porção mais alta e mais proximal do intestino.

empilhamento de moedas de padrão central. Fonte: Tomatheart.
Distensão intestinal periférica no abdome agudo obstrutivo
Já nesse caso é possível identificar as haustrações, o que sugere a obstrução de intestino grosso.

periférica. Fonte: Tomatheart.
Níveis hidroaéreos nas imagens radiográficas de abdome agudo obstrutivo
Através das radiografias simples, ainda é possível identificar a divisão exata entre o líquido e o gás dentro do lúmen intestinal, devido a grande pressão interna intestinal.
Na imagem A, o paciente está em decúbito e vemos uma distensão difusa de alças intestinais. Já na imagem B, que o paciente está em ortostase, há presença de níveis hidroaéreos na mesma alça e níveis diferentes, difusos pelo abdome, apontadas pelas setas.

Sinal da dupla bolha gástrica por meio de radiografia
O sinal da dupla bolha gástrica indica uma atresia de duodeno, importante problema causado pela falha na recanalização da obstrução dessa porção intestinal.

Sinal do grão de café
O volvo de cólon é uma torção de segmento sobre o eixo mesentérico, causando a obstrução intestinal. Na sua evolução, pode incluir o sofrimento da alça, indicando a necessidade de uma abordagem cirúrgica.
Ela pode ser vista por uma forma que lembra o grão de café, como comparado na imagem abaixo.


Conduta inicial do paciente com abdome agudo obstrutivo
É intuitivo pensar que, como a evacuação está sendo pouca ou até ausente, é importante que a primeira conduta seja o jejum.
Ainda, devido à grande perda hídrica do paciente para o 3º espaço, a hidratação deve ser providenciada com brevidade.
Em vista da grande pressão e volume fecal, é importante lembrar da dor que o paciente está sentindo. Antes de que medidas mais determinantes sejam empregadas, a analgesia é fundamental para o conforto do seu paciente.
Em seguida, deve ser passada uma sonda nasogástrica e, considerando a gravidade da obstrução, o cirurgião deve dar seu parecer e analisar a necessidade de intervenção. Por meio dela, por exemplo, é possível realizar a descompressão e reposição hidroeletrolítica.
Avaliação cirúrgica do paciente com abdome agudo obstrutivo
É na avaliação com o cirurgião que será discutido uma conduta não operatória ou cirúrgica.
Em geral, os cirurgiões estipulam 48 horas como limite para a indicação cirúrgica, apesar de não ser uma prática unânime. Por outro lado, todos os pacientes com sinais e sintomas de estrangulamento devem ser submetidos a cirurgias de emergência, já que a mortalidade aumenta muito dentre eles.
As opções para uma conduta não operatória é indicada para casos de suboclusão reversível.
Já a abordagem cirúrgica é indicada em casos de:
- Complicações;
- Alça fechada;
- Refratária às medidas clínicas;
- Obstrução mecânica irreversível.

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Você também pode aprender sobre o diagnóstico do abdome agudo, abdome agudo inflamatório, vascular, hemorrágico, abdome agudo perfurativo ou fique por dentro dos sinais clássicos no abdome agudo. Você também pode ver aqui o CID-10 do abdome agudo.
Perguntas frequentes
- Quais as causas de abdome agudo obstrutivo?
Aderências (bridas); Câncer colorretal; Hérnias encarceradas; Volvo; Intussuscepção; Íleo biliar; Fecaloma; Síndrome de Ogilvie ; Doenças metabólicas. - Quais os tipos de obstrução?
Obstrução simples, mecânica, funcional e em alça fechada. - Quais os achados característicos do abdome agudo obstrutivo em exames de imagem?
Sinal do empilhamento de moedas; da dupla bolha gástrica e do grão de café.
Referências
Kendall, J. & Moreira, M. (2020). Evaluation of the adult with abdominal pain in the emergency department. In R Hockberger (Ed.). Uptodate.
Twonsend CM et al. SABISTON – TRATADO DE CIRURGIA. 18° Edição. Elsevier;. Rio de Janeiro – RJ. 2010
Monteiro A, Lima C e Ribeiro E. Diagnóstico por imagem no abdome agudo não traumático. Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ, 2009.
Brunetti A, Scarpelini S. Abdomen agudo. Medicina, Ribeirão Preto, 2007.