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O que é?
Os abscessos, na maioria dos casos, surgem a partir da obstrução de uma cripta anal e sua glândula, ocorrendo acúmulo de pus no tecido subcutâneo ao redor da cripta. Outra frequência ocorre devido a material estranho. Os abcessos são tipicamente polimicrobianos com bactérias aeróbias e anaeróbicas, como exemplo, temos Staphylococcus aureus, Streptococcus e Enterococcus, Escherichia coli, Proteus e Bacteroides; pode progredir envolvendo o espaço isquiorretal, interesfíncter ou do músculo elevador do ânus, pois são espaços normalmente preenchidos com tecido areolar gorduroso com pouca resistência à progressão de infecções.
Os abscessos[Pacheco1] apresentam uma complicação muito frequente, que são as fístulas que ocorrem em cerca da metade dos pacientes, este ocorre frequentemente como resultado de um abscesso que se formou nesta região. O pus contido dentro do abscesso é eliminado, naturalmente ou com ajuda de drenagem, dando lugar à formação de uma fístula anal. A fístula comunica a região interna do canal anal ou reto até a pele da região externa do períneo ou nádegas. Não é uma complicação do tratamento e sim uma evolução natural da condição. É um problema que exige avaliação e tratamento especializado para sua cura.
Etiologia
- Doença inflamatória intestinal, como doença de Crohn ou retocolite ulcerativa;
- Hidradenite supurativa;
- Infecções do reto, como amebíase, linfogranuloma venéreo, tuberculose ou esquistossomose retal;
- Fissura anal;
- Câncer anorretal;
- Imunidade comprometida;
- Ter passado por uma cirurgia da região anorretal, como hemorroidectomia, episiotomia ou prostatectomia, por exemplo.
Causas menos comuns: ato de deglutir (engolir) alimentos sem mastigar, podendo levar fragmentos de ossos ou espinhas de peixe até o canal anal. Estes fragmentos não são digeridos e passam pelo canal anal podendo gerar uma escoriação, perfuração, que provoca um abscesso.
Classificação
- Submucoso: Imediatamente abaixo da mucosa, justaposto à cripta.
- Isquiorretal: Ocupa o esfíncter anal externo até o espaço isquiorretal.
- Interesfincteriano: abscessos anorretais que se localizam entre os esfíncteres externos e internos; não costumam causar alterações na pele à inspeção, mas o abscesso pode ser palpado no toque retal, correspondendo cerca de 2 a 5% dos casos.
- Supraelevador ou pelvirretal: Pode originar-se de infecções critpoglandulares com disseminação para região superior para o espaço do músculo supraelevador ou de um quadro inflamatório pélvico. Sintomatologia: dor perianal intensa, febre e, algumas vezes, retenção anal.
- Ferradura: a variação do abscesso pelvirretal, de maior complexidade, originando-se posteriormente ao canal anal e expandindo-se até o assoalho pélvico.
Epidemiologia
A incidência exata do abscesso anorretal não pode ser estimada uma vez que há pessoas que rompem espontaneamente, não buscando assim ajuda médica para possível avaliação e tratamento, enquanto outros ainda são tratados no consultório médico, sem qualquer documentação oficial.
Os abscessos anorretais ocorrem quase duas vezes mais frequentemente em homens em relação a mulheres e está mais relacionado com a terceira e quarta década de vida.
Clínica
Dor significativa em região anal ou retal; característica constante, podendo piorar com evacuação, tosse e esforço. Sensação de febre e mal-estar podem ocorrer. Abscessos que se localizam perto da borda anal, na linha média posterior, sendo uma massa macia superficial indurada, que pode ou não ser flutuante.
Isquiorretais: além do esfíncter anal externo; maiores, endurecidos e bem circunscritos; localizados lateralmente sobre o aspecto medial das nádegas; edema e sintomas constitucionais como febre e anorexia.

Diagnóstico
Dor por movimento e assento. Os abscessos perianais, geralmente não são acompanhados por febre, leucocitose e sepse no paciente imunocompetente. Os isquiorretais são dolorosos no exame retal e são laterais ao limite anal. Os abscessos interesfincterianos: dolorosos com a defecação, geralmente associados à descarga retal e à febre, e uma massa macia pode ser palpável no exame digital do canal retal.
A presença do pus dá o diagnóstico e indica a necessidade de drenagem cirúrgica. A febre pode estar presente, mas não é uma regra. O exame físico: área endurecida, quente, rubor e dolorosa ao toque. É possível observar um local de saída de secreção purulenta.
Nos casos de difícil diagnóstico[Pacheco2] : exames de imagem, ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética, que identificarão o local e a extensão do abscesso. Indica-se também a realização de hemograma, para a avaliação do grau da infecção, e de glicemia, devido ao risco de diabetes associada.
Tratamento
Drenagem cirúrgica: deve ser realizada assim que o diagnóstico é realizado, mesmo quando não exista flutuação no abscesso.
A lidocaína e epinefrina são administradas. A incisão é realizada o mais próximo possível da borda anal, minimizando assim a possibilidade de fístula e drenar o pus do abscesso; a cavidade do abscesso é irrigada com salina estéril.
Condições para uso de antibióticos: celulite extensa perianal, sinais de infecção sistêmica, diabetes melito, doença valvular cardíaca e Imunossupressão.
Prevenção
Água: pode ter diversos benefícios para a saúde, é essencial para várias funções no corpo, como diminuição da prisão de ventre.
Alimentação balanceada, rica em fibras: ajuda o aparelho digestivo a funcionar mais eficientemente. Isso significa que o cólon se mantém saudável, o que ajuda a evitar condições de inflamação, podendo evitar parte dos casos de abscessos perianais.
O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.
Referências
Abscesso Anorretal (https://bit.ly/3aAHHgB)