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Características do leite materno:
O aleitamento materno é uma prática essencial para a saúde das crianças, uma vez que fornece tudo que a criança precisa para crescer e se desenvolver durante esse período da amamentação. Entre suas características, podemos citar a presença de diversos fatores imunológicos que protegem a criança contra infecções. A IgA secretória é o principal anticorpo, atuando contra microrganismos presentes nas superfícies mucosas.
Além da IgA, o leite materno contém outros fatores de proteção, como:
- Anticorpos IgM e IgG;
- Macrófagos;
- Neutrófilos;
- Linfócitos B e T;
- Lactoferrina;
- Lisosima;
- Fator bífido.
Fases do leite materno:
Durante os 5 primeiros dias após o início da lactação, o leite passa pelo estágio de colostro (desde o terceiro trimestre da gestação). O colostro contém mais proteínas e mineiras do que o leite maduro e menos gorduras e carboidratos. Sua quantidade inicial no 1° dia é pequena, variando entre 10 a 50 ml. Mesmo ingerindo pouco colostro nos primeiros dois a três dias de vida, recém-nascidos normais não necessitam de líquidos adicionais além do leite materno, pois nascem com níveis de hidratação tecidual relativamente altos.

Fonte: https://www.help-sc.com.br
Após esse período, até o 15° dia, ocorrem mudanças químicas e imunológicas, gerando o leite de transição, com um aumento considerável de produção pela puérpera. Esse tipo de leite possui mais gorduras e outros tipos de nutrientes, que favorecem o crescimento da criança.
Após essas mudanças, o leite começa a apresentar características de leite maduro (leite definitivo). Esse é o tipo de leite que irá alimentar o bebê até o final da amamentação. Ele contém os nutrientes indispensáveis para o desenvolvimento corporal e cognitivo da criança.
Tipos de aleitamento materno:
- Aleitamento materno exclusivo: a criança recebe apenas leite materno (direto da mama ou ordenhado) ou leite de humano de outra fonte, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos. A recomendação da Organização Mundial da Saúde é que o aleitamento seja a dieta exclusiva do recém-nascido durante seus primeiros seis meses de vida.
- Aleitamento materno predominante: além do leite materno, a criança recebe água ou bebidas à base de água, sucos de frutas e fluidos rituais.
- Aleitamento materno complementado: além do leite materno, a criança recebe qualquer alimento sólido ou semi-sólido. Não há intenção de substituir o aleitamento, e sim, complementá-lo.
- Aleitamento materno misto ou parcial: a criança recebe leite materno e outros tipos de leite.
Técnica adequada de amamentação:
Ainda que a amamentação seja um ato reflexo para o bebê, é preciso que ele aprenda a retirar o leite da forma correta. Uma posição inadequada da mãe e/ou do bebê na amamentação dificulta o posicionamento correto da boca do bebê em relação ao mamilo e à aréola, que resulta no que se denomina de “má pega”, dificultando o esvaziamento da mama e, consequentemente, levando a uma diminuição da produção do leite. A técnica adequada da amamentação envolve diversos fatores, como por exemplo:
- Corpo do bebê deve estar próximo ao da mãe;
- A criança deve estar bem apoiada;
- Rosto do bebê de frente para a mama;
- O bebê deve estar com a cabeça e tronco alinhados;
- Boca bem aberta com o lábio inferior voltado para fora;
- Queixo tocando a mama.

Fonte: https://www.einstein.br
Quando a mama está muito cheia, a aréola pode estar tensa/endurecida, o que acaba dificultando a pega. Existem sinais que são indicativos de técnica inadequada de amamentação, como:
- Dor na amamentação;
- Bochechas do bebê encovadas a cada sucção;
- Ruídos da língua;
- Mama aparentando estar esticada ou deformada durante a mamada;
- Quando o bebê solta a mama, mamilos com estrias vermelhas ou áreas esbranquiçadas ou achatadas.
Situações em que há restrições ao aleitamento materno:
Restrições absolutas:
- Mães infectadas pelo HIV;
- Mães infectadas pelo HTLV1 e HTLV2;
- Criança portadora de galactosemia.
Restrições temporárias:
- Doença de Chagas: quando na fase aguda da doença ou quando houver sangramento mamilar evidente;
- Infecção herpética: quando houver vesículas localizadas na pele da mama (a amamentação deve ser mantida na mama sadia);
- Varicela: se a mãe apresentar vesículas na pele cinco dias antes do parto ou até dois dias após o parto, recomenda-se o isolamento da mãe até que as lesões adquiram a forma de crosta;
- Abscesso mamário: até que o abscesso tenha sido drenado e a antibioticoterapia iniciada (a amamentação deve ser mantida na mama sadia);
- Consumo de drogas de abuso: recomenda-se interrupção temporária do aleitamento materno, com ordenha do leite, que deve ser desprezado. O tempo recomendado de interrupção da amamentação varia dependendo da droga.

Fonte: Hale e Hall (2005)
Importância do aleitamento materno:
O aleitamento materno é uma prática fundamental para a promoção de saúde das crianças e existem diversas evidências científicas que comprovam sua importância. Dentre os benefícios da amamentação para a mulher, podemos citar a redução da prevalência de diversas doenças, como:
- Câncer de mama.
- Câncer de ovário.
- Câncer de útero.
- Diabetes mellitus tipo 2.
- Hipercolesterolemia.
- Hipertensão.
- Doença coronariana.
- Doença metabólica.
- Osteoporose.
- Artrite reumatoide.
Existem, também, diversos benefícios para a criança, como:
- Melhor desenvolvimento da cavidade bucal.
- Efeito positivo na inteligência.
- Evita mortes infantis.
- Evita diarreias.
- Evita infecções respiratórias.
- Diminuição do risco de alergias.
- Redução do risco de diabetes, hipertensão e colesterol alto.
Portanto, é possível concluir que o aleitamento materno é uma prática fundamental para a melhoria das condições de saúde da população infantil, diminuindo os indicadores de morbidade e mortalidade infantil, especialmente no período neonatal. Sua promoção deve ser incluída entre as ações prioritárias de saúde, uma vez que interfere diretamente na qualidade de vida das mães e de seus filhos.
Autora: Marina Pezzetti
Instagram: @marinapezzetti
O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.
Referências:
BRASIL. Ministério, da Saúde. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Caderno de Atenção Básica, nº 23). Brasília: Editora do Ministério da Saúde; 2009.
Nunes LM. Importância do aleitamento materno na atualidade. Bol Cient Pediatr. 2015.
COSTA, LKO; QUEIROZ, LLC; QUEIROZ, RCCS; RIBEIRO, TSF; FONSECA, MSS. Importância do aleitamento materno exclusivo: uma revisão sistemática da literatura Rev. Ciênc. Saúde, São Luís, v.15, n.1, p. 39-46, jan-jun, 2013.
DR. FLÁVIO GARCIA DE OLIVEIRA. As Fases do Leite Materno. Disponível em: