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O cuidado às pessoas com IST (infecções sexualmente transmissíveis) – assim como outras condições de saúde – deve refletir a melhor evidência científica disponível, aliada a fatores contextuais indissociáveis: a experiência do profissional, as características individuais e a potencialidade do sistema de saúde.
A sistematização do diagnóstico e tratamento das pessoas com IST requer, portanto, que as recomendações estejam organizadas e acessíveis aos profissionais de saúde e que estes recebam capacitação e possuam condições de trabalho apropriadas, permitindo que pessoas cuidem de outras pessoas.
A assistência à saúde funciona, na maioria dos municípios do país, mediante o agendamento de consultas, apresentando dificuldades para o atendimento por demanda espontânea. Visando à quebra da cadeia de transmissão das IST, a unidade de saúde deve garantir, o mais breve possível, o acolhimento adequado e com privacidade.
- Inicialmente, devemos lembrar que estas patologias apresentam apresentação em síndromes: úlceras genitais, corrimento uretral, corrimento vaginal, DIP, verrugas urogenitais.
- Os critérios para o tratamento são: eficácia, segurança, posologia, via de administração, custo, adesão e disponibilidade.
Ademais, devemos lembrar sempre do tratamento dos parceiros (ou parceiras), oferecer sempre testes rápidos e reforçar a importância do uso de preservativos.
Manejo das ISTS sintomáticas
- Realizar orientação centrada na pessoa e suas práticas sexuais;
- Contribuir para que a pessoa a reconheça e minimize o próprio risco de infecção por uma IST.
- Oferecer testagem para HIV, sífilis e hepatite B e C.
- Oferecer vacinação para hepatite A e hepatite B, e para HPV, quando indicado.
- Informar sobre a possibilidade de realizar Prevenção Combinada para IST/HIV/hepatites virais.
- Tratar, acompanhar e orientar a pessoa e suas parcerias sexuais.
- Notificar o caso, quando indicado.

Corrimento vaginal e cervicite
- Queixa muito comum entre mulheres na idade reprodutiva;
- Causas não-infecciosas: corrimento fisiológico, vaginite atrófica em mulheres na pós- menopausa,…
- Ao exame: Dor à mobilização do colo uterino, material mucopurulento no orifício externo do colo, edema cervical e sangramento ao toque da espátula ou swab
- O exame preventivo de câncer de colo do útero (colpocitologia oncótica) e a colposcopia não devem ser realizados com o intuito de diagnosticar vulvovaginite, vaginose e cervicite. Quando indicados (ex.: para rastreio de neoplasia intraepitelial cervical), devem preferencialmente ser realizados após tratamento das ITR.
- História Clínica: avaliar práticas sexuais e os fatores de risco para IST (idade abaixo dos 30 anos, novas ou múltiplas parcerias sexuais, parcerias com IST, uso irregular de preservativo, história prévia/presença de outra IST), data da última menstruação, práticas de higiene vaginal e uso de medicamentos tópicos ou sistêmicos e/ou outros potenciais agentes irritantes locais

Candidíase Vaginal
As parcerias sexuais não precisam ser tratadas, exceto as sintomáticas
É comum durante a gestação, podendo haver recidivas pelas condições propícias do pH vaginal que se estabelecem nesse período.
Tratamento em gestantes e lactantes: somente por via vaginal. O tratamento oral está contraindicado.


Vaginose Bacteriana

Tricomoníase

- durante o tratamento, deve-se evitar a ingestão de álcool (pelo efeito antabuse) e suspender as relações sexuais
- manter o tratamento durante a menstruação
- o tratamento do(s) parceiro(s) sexual(is), quando indicado, deve ser realizado de forma preferencialmente presencial, com a devida orientação.
Gonorreia e Clamídia

Úlceras Genitais
Os aspectos clínicos das úlceras genitais são bastante variados e têm baixo poder preditivo do agente etiológico (baixa relação de sensibilidade e especificidade), mesmo nos casos considerados clássicos; Sífilis Primária; Herpes Genital Cancroide; Linfogranuloma venéreo (LGV); Donovanose.

Herpes genital
O quadro local na primoinfecção costuma ser bastante sintomático e, na maioria das vezes, é acompanhado de sintomas gerais, podendo cursar com febre, mal-estar, mialgia e disúria, com ou sem retenção urinária. Em especial, nas mulheres, pode simular quadro de infeção urinária baixa. A linfadenomegalia inguinal dolorosa bilateral está presente em 50% dos casos.

Doença Inflamatória Pélvica

- O tratamento imediato evita complicações tardias (infertilidade, gravidez ectópica e dor pélvica crônica);
- Recomenda-se que, por menor que seja a suspeita, o tratamento seja iniciado o quanto antes;
- O tratamento ambulatorial aplica-se a mulheres que apresentam quadro clínico leve e exame abdominal e ginecológico sem sinais de pelviperitonite.

Referências Bibliográficas
- Ministério da Saúde, 2019. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST).
- Galvão, Taís Freire, Costa, Carlos Henrique Nery e Garcia, Leila Posenato. Atenção integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis. Epidemiologia e Serviços de Saúde [online]. 2021, v. 30, n. spe1 [Acessado 3 Fevereiro 2022] , e2020954. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1679-4974202100001.especial. Epub 15 Mar 2021.
O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.