Índice
- 1 Conceito e como realizar a ausculta pulmonar
- 2 Importância da ausculta pulmonar
- 3 Classificação dos sons pleuropulmonares
- 4 Sons respiratórios normais
- 5 Sons ou Ruídos Anormais
- 6 Sons vocais (ausculta da voz)
- 7 Como adquirir conhecimento sobre ausculta pulmonar?
- 8 Ausculta: preparação para prova e para prática médica
- 9 Exemplos de questões sobre este tema e suas devidas respostas
- 10 Quer estudar mais sobre pneumologia?
- 11 Sugestão de leitura complementar
- 12 Referências bibliográfica
A ausculta pulmonar é um método semiológico simples e que permite senão diagnosticar, suspeitar, de uma série de condições pulmonares patológicas. Dessa forma cabe ao médico o conhecimento técnico necessário para procurar e interpretar achados.
Conceito e como realizar a ausculta pulmonar
A ausculta pulmonar é o método semiológico mais importante no EF pulmonar, pois permite analisar o funcionamento pulmonar e obter informações valiosas sobre a saúde respiratória dos pacientes.
Para ser realizado, é preciso estar em um ambiente silencioso e que o paciente esteja em uma posição cômoda (quando possível).
O paciente deve estar com tórax despido e respirar pausada e profundamente, com a boca aberta, sem fazer ruído, idealmente. A ausculta pulmonar é realizada com diafragma do estetoscópio, de maneira simétrica nas faces posterior, laterais e anterior do tórax.
Importância da ausculta pulmonar
A ausculta pulmonar é uma habilidade crucial na prática médica por diversos motivos. Entre eles:
- Diagnóstico clínico: ajuda na identificação de uma ampla gama de condições pulmonares e cardíacas. Sons anormais podem indicar doenças como pneumonia, asma, enfisema, insuficiência cardíaca, entre outras.
- Monitoramento de condições: é possível acompanhar a progressão ou regressão de doenças pulmonares. Mudanças nos sons pulmonares podem indicar melhora ou piora do estado clínico do paciente.
- Realização de uma triagem rápida: em situações de emergência, a ausculta pode fornecer pistas vitais sobre o estado respiratório do paciente, ajudando os médicos a tomar decisões rápidas e precisas.
- Auxílio no diagnóstico diferencial: permite distinguir entre diferentes condições pulmonares com características sonoras específicas. Isso é crucial para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado.
- Avaliação da eficácia do tratamento: ao longo do tratamento, a ausculta ajuda a avaliar a resposta do paciente à terapia.
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Classificação dos sons pleuropulmonares
A ausculta dos sons pleuropulmonares é uma parte importante do exame físico do sistema respiratório. Os sons auscultados na área torácica podem fornecer informações valiosas sobre a saúde dos pulmões, pleura e vias respiratórias.
Os principais sons pleuropulmonares e suas classificações são:
- Sons normais
- Sons anormais
- Vocais
Sons normais
- Som traqueal
- Som brônquico
- Murmúrio vesicular
- Som broncovesicular
Sons anormais
- Descontínuos: estertores finos e grossos
- Contínuos: roncos, sibilos e estridor
- Sopros
- Atrito pleural
Sons vocais
- Broncofonia
- Egofonia
- Pectorilóquia fônica e afônica.
Sons respiratórios normais
Os sons respiratórios normais são os ruídos produzidos pela passagem do ar pelas vias aéreas durante a respiração. Eles podem ser divididos em três tipos principais:
- Som traquel
- Brônquico
- Broncovesicular
- Murmúrio vesicular
Som traqueal
Audível na região de projeção da traqueia, no pescoço e região esternal. Origina-se da passagem de ar da fenda glótica e na própria traqueia.
Há componente inspiratório – composto por ruído soproso, um pouco rude – e expiratório – ruído forte e prolongado que ocorre após curto intervalo silencioso.
Som brônquico
Som traqueal audível na zona de projeção dos brônquios de maior calibre, na face anterior do tórax, nas proximidades do esterno.
Assemelha-se ao som traqueal, diferenciando-se dele apenas por ter componente expiratório menos intenso.
Som broncovesicular
Somam-se características do som brônquico com murmúrio vesicular. Desse modo, intensidade e duração da inspiração e expiração são de igual magnitude, ambas um pouco mais forte que murmúrio vesicular, mas sem alcançar a intensidade do som brônquico.
Em condições normais, é auscultado na região esternal superior, interescapulovertebral superior e no nível da terceira e quarta vértebras dorsais.
Em outras regiões, indica condensação pulmonar, atelectasia por compressão ou presença de caverna, ou seja, mesmas condições que originam som brônquico.
Para que surja esse som é necessário que na área lesionada haja alvéolos mais ou menos normais capazes de originar o som vesicular.
Murmúrio vesicular
Os ruídos respiratórios ouvidos na maior parte do tórax são causados pela turbulência do ar circulante ao chocar-se contra as saliências das bifurcações brônquicas, ao passar por cavidades de tamanhos diferentes, tais como bronquíolos ou alvéolos, ou vice-versa.
O componente inspiratório é mais intenso, mais duradouro e de tonalidade mais alta em relação ao componente expiratório que, por sua vez, é mais fraco, de duração mais curta e tonalidade mais baixa. Não há intervalo silencioso entre inspiração e expiração, como no som traqueal.
Ao comparar-se o murmúrio vesicular com o som brônquico, nota-se que o murmúrio vesicular é mais fraco e suave. Ausculta-se o murmúrio vesicular em quase todo o tórax, com exceção nas regiões de sons brônquicos e broncovesicular. Entretanto, é mais forte na parte anterossuperior, axilas e regiões infraescapulares. Sofre variações em sua intensidade na dependência da amplitude dos movimentos respiratórios e da espessura da parede torácica, sendo mais débil nas pessoas musculosas ou obesas.
A diminuição do murmúrio vesicular pode resultar de presença de ar (pneumotórax), líquido (derrame pleural) e tecido sólido na cavidade pleural (espessamento pleural); enfisema pulmonar, dor torácica que impeça ou diminua a movimentação torácica, obstrução das vias aéreas superiores (espasmo ou edema de glote, obstrução da traqueia), oclusão parcial ou total de brônquios ou bronquíolos.
Pode haver alteração do murmúrio vesicular chamada prolongamento da fase expiratória, que, em condições normais, é mais curta e suave que fase inspiratória. Esse prolongamento aparece na asma brônquica em crise e na DPOC avançada, traduzindo dificuldade de saída de ar.
Som | Local de Ausculta | Inspiração | Expiração |
Som traqueal | Áreas de projeção da traqueia | +++ | ++++ |
Som brônquico | Áreas de projeção dos brônquios principais | +++ | +++ |
Som broncovesicular | Região esternal superior e interescapulo-vertebral superior | ++ | ++ |
Murmúrio vesicular | Periferia dos pulmões | +++ | ++ |
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Sons ou Ruídos Anormais
Os sons ou ruídos anormais que podem ser auscultados durante a respiração indicam a presença de alterações nas vias aéreas, pulmões ou pleura.
Aqui estão alguns dos sons respiratórios anormais mais comuns:
- Descontínuos
- Contínuos
Descontínuos
São representados pelos estertores, ruídos audíveis na inspiração ou expiração, superpondo-se aos sons respiratórios normais. Podem ser crepitantes (finos) ou subcrepitantes (grossos).
Os estertores finos ou crepitantes ocorrem no final da inspiração e têm frequência alta, isto é, são agudos. Curta duração. Não se modificam com a tosse. Podem ser comparados ao ruído produzido pelo atrito dos fios de cabelo. Auscultados principalmente nas zonas pulmonares influenciadas pela força da gravidade quando originados por congestão pulmonar.
Estertores finos são produzidos pela abertura sequencial das vias respiratórios anteriormente fechadas, devido à pressão exercida pela presença de líquido ou exsudato no parênquima pulmonar – isso explica a presença de estertores finos na pneumonia e congestão pulmonar da IVE – ou por alteração no tecido de suporte das paredes brônquicas – doenças intersticiais pulmonares.
Os estertores grossos, bolhosos ou subcrepitantes têm frequência menor e maior duração que os finos. Podem desaparecer com tosse e são audíveis em todo o tórax. São audíveis no início da inspiração e durante toda a expiração. Surgem por causa da abertura e fechamento de vias respiratórias contendo secreção viscosa e espessa, bem como pelo afrouxamento da estrutura de suporte das paredes brônquicas. Comuns na bronquite crônica e bronquiectasias.
Tipos | Fase do ciclo respiratório | Efeito da tosse | Efeito da posição do paciente | Áreas em que predominam |
Estertores crepitantes | Final da inspiração | Não se alteram | Se causa inflamatória, não se modificam. Caso sejam secundários à congestão pulmonar, podem aumentar ou reduzirem-se | Bases se originados por congestão pulmonar. Variam se a causa for inflamatória (lobos superiores na tuberculose) |
Estertores subcrepitantes | Início da inspiração e toda expiração | Podem desaparecer | Não se modificam | Todas as áreas do tórax |
Contínuos
Podem ser classificados em:
- Roncos
- Sibilos
- Estridor
Roncos e sibilos
Os roncos são constituídos por sons graves, portanto de baixa frequência e os sibilos por sons agudos, portanto, alta frequência.
Ambos originam-se nas vibrações das paredes brônquicas e do conteúdo gasoso quando há estreitamento desses ductos, seja por espasmo, edema da parede ou secreção aderida a ela, como ocorre na asma brônquica, bronquites, bronquiectasias e obstruções localizadas.
Embora apareçam na inspiração e expiração, predominam nessa. Surgem e desaparecem em curto período.
Os sibilos também se originam de vibrações das paredes bronquiolares e de seu conteúdo gasoso, aparecendo na inspiração e na expiração.
Em geral, são múltiplos e disseminados por todo o tórax, quando provocados por enfermidades que comprometem a árvore brônquica, como acontece na asma e bronquite.
Quando bem localizados, indicam semiobstrução por neoplasia ou CE.
Estridor
O estridor é um som produzido pela semiobstrução da laringe ou traqueia, o que pode ser provocado por difteria, laringites agudas, CA de laringe e estenose de traqueia.
Quando a respiração é calma e pouco profunda, sua intensidade é pequena. Entretanto, na hiperpneia, o aumento do fluxo de ar intensifica esse som.
Sopros
Em certas regiões torácicas (C7 no dorso, traqueia e região interescapular), o sopro brando é mais longo na expiração que inspiração. Nesses casos, é normal. Porém, quando o pulmão perde sua textura normal, como na pneumonias bacterianas, grandes cavernas e pneumotórax hipertensivo ocorrem, respectivamente sopro tubário, cavitário e anfórico.
Atrito pleural
Em condições normais, os folhetos parietal e visceral deslizam um sobre o outro, durante movimentos respiratórios, sem produzir qualquer ruído. Na pleurite, estão recobertas de exsudato e produzem ruído irregular, descontínuo, mais intenso na inspiração, com frequência comparado ao ranger de couro atritado.
Sons vocais (ausculta da voz)
Para terminar o EF, ausculta-se a voz nitidamente pronunciada e a voz cochichada. Para isso, o paciente pronúncia “33” enquanto faz a ausculta comparando regiões homólogas, semelhante ao exame de FTV.
Os sons produzidos pela voz e ouvidos na parede torácica são ressonância vocal. Normalmente, são sons incompreensíveis, isto é, não distinguem sílabas que formam as palavras, uma vez que o parênquima pulmonar normal absorve muitos componentes sonoros.
Por outro lado, quando está consolidado (pneumonia, infarto pulmonar) a transmissão é facilitada. A ressonância vocal é mais intensa nas regiões onde se ausculta respiração broncovesicular. Costuma ser mais forte em homens do que em mulheres e crianças.
O aumento da ressonância é chamado broncofonia e ocorre quando há condensação pulmonar – RI, neoplasia ou peri-cavitária. Na atelectasia, espessamento pleural e nos derrames, ocorre diminuição da ressonância vocal.
Os resultados coincidem com a manobra do FTV, porque as vibrações são facilmente percebidas no tórax pelo tato (FTV) e orelha (ausculta). Por isso, a ausculta da voz é pouco usada.
Quando se ouve com nitidez a voz falada, chama-se pectorilóquia fônica. Com a voz cochichada, pectorilóquia afônica. Broncofonia é quando se ausculta a voz sem nitidez. Egofonia é forma especial de broncofonia, broncofonia de qualidade nasalada e metálica, comparada ao balido de cabra. Aparece na parte superior dos derrames pleurais e nas condensações pulmonares.
Na ausculta da voz, a ressonância vocal pode estar aumentada, diminuída ou normal.
Como adquirir conhecimento sobre ausculta pulmonar?
Para estudar e aprimorar os conhecimentos sobre ausculta e sons pulmonares, o primeiro passo é adquirir uma compreensão sólida da anatomia e fisiologia dos pulmões e do sistema respiratório. Dessa forma, você consegue correlacionar os sons que você ouve com as condições subjacentes com mais facilidade.
Nesse processo de aprendizado vale consultar livros, ilustrações, assistir vídeo aulas e praticar os assuntos. Com relação ao praticar, você pode conviar seus coleas para realizar sessões práticas de ausculta e também para responder casos clínicos sobre o tema.
Ausculta: preparação para prova e para prática médica
É fundamental que você memorize os padrões mais comuns (sibilos, estertores, crepitações e ruídos broncovesiculares) e suas características.
Além disso, busque se familiarizar com a terminologia utilizada na descrição dos sons pulmonares. Isso será crucial para comunicar suas descobertas de forma clara e precisa.
Lembre-se de, sempre que possível, fazer revisões regulares e observar e auscultar pacientes reais para reforçar seu aprendizado.
Tipos comuns de questões sobre ausculta e sons pulmonares
As questões sobre ausculta pulmonar podem variar em formato. Normalmente, o objetivo é avaliar a capacidade do estudante de reconhecer os sons pulmonares e também a compreensão do mecanismo fisiopatológico por trás desses sons e a habilidade de correlacionar esses achados com condições clínicas específicas.
Para você ter uma noção de como se preparar para prova, confira algumas abordagens comuns:
Associação de sons com condições clínicas
Questões que apresentam uma descrição dos sons auscultados e pedem que você associe esses sons a condições médicas específicas. Exemplo: identificar estertores crepitantes e relacioná-los à pneumonia.
Explicação dos mecanismos fisiopatológicos
O objetivo é que o estudante explique os processos fisiopatológicos por trás dos sons auscultados. Exemplo: explicar por que os sibilos ocorrem na asma ou os estertores na insuficiência cardíaca congestiva.
Interpretação de casos clínicos
O foco em cobrar uma análise detalhada dos achados e a identificação de condições subjacentes.
Relação entre exames físicos e diagnósticos
Questões que solicitam que você demonstre como a ausculta pulmonar pode ser utilizada como parte de um exame físico para auxiliar no diagnóstico de condições médicas específicas.
Tratamento e abordagem clínica
Perguntas para testar a indicação de tratamento apropriado para uma determina condição através de determinados sons pulmonares.
Exemplos de questões sobre este tema e suas devidas respostas
Questão 1 respondida
Paciente de 45 anos chega ao consultório com queixa de tosse persistente e dificuldade respiratória. Durante a ausculta pulmonar, são ouvidos estertores crepitantes bilaterais. Qual é a provável condição associada a esses achados e qual é o mecanismo fisiopatológico por trás desses sons?
Resposta:
Os estertores crepitantes são sons semelhantes a estalidos finos e são frequentemente associados à presença de líquido nos alvéolos pulmonares. Nesse caso, a condição provável é a pneumonia.
A presença de estertores crepitantes bilaterais sugere um processo inflamatório envolvendo ambos os pulmões. A pneumonia é caracterizada pela inflamação dos alvéolos, resultando na acumulação de líquido, células inflamatórias e detritos celulares nos espaços alveolares.
Esses sons são produzidos pelo colapso dos alvéolos preenchidos com fluido durante a inspiração.
Questão 2 respondida
Durante um exame físico de rotina, um médico ausculta um som sibilante durante a expiração de um paciente jovem assintomático. Explique a possível causa desse som e mencione uma condição médica associada.
Resposta:
O som sibilante é um som agudo e musical ouvido durante a expiração e está associado à obstrução das vias aéreas, especialmente nos bronquíolos. Uma possível causa desse som é a presença de hiper-reatividade das vias aéreas, comum na asma.
Na asma, há constrição dos bronquíolos devido a inflamação e resposta exagerada a estímulos, resultando em dificuldade para o fluxo de ar, o que gera os sons sibilantes durante a expiração devido ao estreitamento das vias aéreas.
Responsável pelo conteúdo: Luis Guilherme Miranda de Oliveira Andrade | Instagram: @luis.gandrade e equipe de conteúdo Sanarmed.
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Referências bibliográfica
- Porto & Porto, Semiologia Médica, 8 ed. 2019.
- PEREIRA, Carlos Alberto de Castro. Pneumologia – Princípios e Prática. São Paulo: Manole, 2019.
- Sanar, Semiologia por casos clínicos, 1 ed. 2020.