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O Câncer de esôfago é uma neoplasia maligna caracterizada por dois grandes tipos histológicos que pode acometer diversas regiões do esôfago. Possui, em geral, prognóstico ruim e alta letalidade.
O câncer de esôfago é uma neoplasia relativamente incomum. É mais prevalente após a quinta década de vida – raramente ocorrendo antes dos 30 anos. No Brasil, estima-se um número em torno de 10 a 12 mil casos por ano, com acometimento preferencial em homens a partir de 50 anos. Os números dos EUA são semelhantes, mantendo as características de gênero e etárias. O local de maior incidência mundial, porém, é a região da Ásia Central, que registra mais de 50 casos por 100.000 habitantes por ano.
Fisiopatologia
Diversos fatores de risco ambientais estão associados ao aparecimento da doença. O principal deles, isoladamente, é o tabaco, responsável em aumentar de 2 a 4 vezes o risco para o câncer – tanto mascado quanto fumado.
O álcool também é apontado como fator predisponente importante para o câncer de esôfago, agindo em sinergia com o fumo e aumentando as chances nos pacientes quanto maior for o consumo dessas duas substâncias.
Dentre outros fatores ambientais, pode-se destacar a infecção por HPV e a ingesta de vegetais em conserva e de bebidas aquecidas. Sobre este último, é interessante destacar que o Rio Grande do Sul é o estado brasileiro com maior incidência da neoplasia, sugerindo uma associação do aparecimento da doença com o consumo elevado de chimarrão (erva-mate aquecida). Dados de países com a mesma prática cultural, como o Uruguai, corroboram essa hipótese.
O fator genético isolado mais importante é a tilose tipo A, síndrome autossômica rara que cursa com hiperceratose.
Histologicamente, a neoplasia pode ser dividida em carcinoma escamoso (ou epidermóide) e adenocarcinoma.
O Carcinoma Escamoso é o tipo mais comum. Está mais associado aos fatores de risco supracitados e é derivado da mucosa natural do esôfago (epitélio estratificado não-queratinizado), acometendo de forma preferencial os terços médio e superior do esôfago.
O Adenocarcinoma é uma neoplasia usualmente originária da metaplasia do epitélio por refluxo gástrico (esôfago de Barret) e, portanto, é mais comum em obesos e na extremidade distal do órgão.
Clínica
A neoplasia de esôfago geralmente apresenta sintomas inespecíficos, de evolução insidiosa, geralmente caracterizados por desconforto retroesternal, emagrecimento, desnutrição, disfagia e obstrução progressiva do órgão.
Nas fases mais avançadas, a ingesta de sólidos e até líquidos pode estar prejudicada. Cabe aos médicos, portanto, ficarem atentos a pacientes que apresentem história de anorexia com leve disfagia, sensação de corpo estranho em região esofágica ou náuseas e pirose.
Diagnóstico
O melhor método diagnóstico é a esofagoscopia complementada por citologia e biópsia.
Os tumores podem ser visualmente identificados como lesões de diversos tipos – desde planas ou levemente elevadas a úlceras ou de aspecto vegetante.
A citologia deve ser realizada após obtida amostra por meio de uma pequena escova durante exame endoscópico. Também pode ser usado o lugol a 3% para evidenciar as células neoplásicas (pobres em glicogênio) e facilitar a coleta de material para análise histopatológica.
Exame radiológico com contraste deve ser realizado para identificação de tumores superficiais.
USG endoscópica pode avaliar a invasão de parede do esôfago por metástases e orienta na coleta de linfonodos suspeitos.
Tomografia e ressonância estão indicados apenas para estadiamento da doença, método que apresenta rica classificação e variações a depende do tipo histológico da lesão. De forma simplificada, consiste basicamente na tabela abaixo:
Tratamento
A detecção precoce do câncer de esôfago é essencial para o sucesso de seu tratamento.
De forma geral, os pacientes com tumores até o estágio II são potencialmente tratáveis com ressecção cirúrgica.
Tumores de estágio III são incertos quanto à possibilidade de operação, porém não devem ser descartados.
A presença de metástase a distância torna a doença potencialmente incurável e irressecável, devendo ser feito controle paliativo dos sintomas e com colocação de prótese ou terapia de fulguração endoscópica com laser para desobstrução do esôfago.
Quimio ou radioterapia devem ser indicadas, embora o prognóstico ainda seja bem reservado, especialmente para os pacientes com tumor estágio IV, grupo no qual a sobrevida em 5 anos é de cerca de 5%.
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Mapa Mental Câncer de Esôfago
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