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Características e nomenclatura das neoplasias | Colunistas

Características e nomenclatura das neoplasias | Colunistas

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O termo Neoplasia significa crescimento novo (grego. “neo” “plasis” = neoformação). Segundo Sir Rupert Willis a “neoplasia é uma massa anormal de tecido cujo crescimento excede e não está coordenado ao crescimento dos tecidos normais e que persiste mesmo cessada a causa que a provocou”. Diz-se que células neoplásicas são transformadas porque continuam a se replicar, aparentemente “desatentas” às influencias regulatórias que controlam o crescimento celular normal. As neoplasias, portanto, desfrutam de certo grau de autonomia e tendem a aumentar de tamanho independentemente de seu ambiente local. Todas as neoplasias dependem do hospedeiro para sua nutrição e suprimento sanguíneo. 

As neoplasias ou tumores são classificados em malignos ou benignos. O estudo das neoplasias é conhecido como oncologia (onco= massa). Diz-se que um tumor é benigno quando suas características micro e macroscópicas são consideradas relativamente inocentes, indicando que permanecerá localizado, e é tratável com a remoção cirúrgica. Os tumores malignos são coletivamente referidos como cânceres, termo derivado da palavra em latim “caranguejo”_ ou seja, eles aderem a qualquer parte onde se agarram e de maneira obstinada, semelhante ao comportamento do caranguejo. O termo maligno aplica-se a uma neoplasia indicando que a lesão pode invadir e destruir estruturas adjacentes e disseminar-se para locais distantes (metástases) para causar danos, podendo em alguns casos resultar em morte.

Considerando as características gerais das neoplasias, todos os tumores benignos e malignos apresentam dois componentes básicos:

  • Parênquima: composto por células neoplásicas em proliferação que determinam o comportamento e as consequências patológicas.
  • Estroma:  tecido de sustentação formado por tecido conjuntivo e vasos sanguíneos, o qual define o crescimento e a evolução do tumor.

A nomenclatura dos tumores é baseada no componente parenquimatoso como descrito a seguir:

1)    Tumores benignos: Célula parenquimatosa + sufixo -OMA (ex: fibroblastos + –oma = fibroma).

2)    Tumores malignos:

Não hematopoiéticas:  sarcomas

Hematopoiéticas: linfomas e leucemias

Epitélio de revestimento:  carcinomas

Epitélio Glândular: adenocarcinomas

Além disso, a diferenciação e a anaplasia são características observadas apenas em células parenquimatosas que constituem os elementos transformados das neoplasias. A diferenciação das células tumorais parenquimatosas refere-se à extensão em que ser assemelham aos seus antepassados normais morfológica e funcionalmente.

Neoplasias benignas são compostas por células bem diferenciadas que se assemelham estritamente a suas contrapartes normais. Neoplasias malignas caracterizam-se por ampla gama de diferenciações celulares parenquimatosas, desde as bem diferenciadas até as completamente indiferenciadas.

Robbins – Patologia Básica/ 6ª edição

            Quanto ao ritmo de crescimento, genericamente a maioria das neoplasias benignas cresce lentamente e as malignas crescem rapidamente. Entretanto, alguns tumores benignos podem apresentar crescimento mais rápido que tumores malignos.

Ademais sobre a Invasão local: as neoplasias benignas crescem por expansão, permanecendo no local de origem, sem infiltrar ou invadir tecidos vizinhos ou provocar metástase para outros locais. As neoplasias benignas são geralmente circunscritas por uma cápsula de tecido fibroso que delimita as margens do tumor. Entretanto, alguns tumores benignos são localmente invasivos e recidivantes, como os ameloblastomas e mixomas. As neoplasias malignas são invasivas provocando destruição dos tecidos adjacentes e podendo desenvolver metástase regional e à distância. Devido a essa característica invasiva, é necessária a ressecção cirúrgica de considerável margem de tecido aparentemente normal, conhecida como cirurgia radical.

 É preciso ressaltar que alguns tipos de câncer evoluem de uma lesão inicial conhecida como carcinoma in situ. Neste estágio as células tumorais estão restritas ao epitélio e não romperam a membrana basal com consequente invasão do conjuntivo. Outro conceito que precisamos saber é o de metástase. As metástases são implantes secundários de um tumor, as quais são descontinuas com o tumor primário e localizadas em tecidos remotos. É a principal característica das neoplasias malignas e a disseminação das células tumorais ocorre através dos vasos sanguíneos, linfáticos ou cavidades corporais.

As neoplasias malignas disseminam-se por uma de três vias: (1) semeadura nas cavidades corporais, (2) disseminação linfática ou (3) disseminação hematogênica. Vamos analisar abaixo:

1) Disseminação através de cavidades e superfícies corporais: Esse tipo de disseminação ocorre quando células neoplásicas penetram em uma cavidade natural, como a peritonial. Em casos de carcinomas de ovário não é raro que as superfícies peritoniais fiquem revestidas por células neoplásicas. Outras cavidades corporais podem estar envolvidas como a pleural, pericardial e subaracnóide.

2) Disseminação linfática: As células tumorais são transportadas pelos vasos linfáticos. É a via preferencial dos carcinomas, e a menos frequente nos sarcomas. Os gânglios linfáticos regionais funcionam como barreiras contra a disseminação generalizada do tumor, pelo menos por algum tempo.

3) Disseminação hematogênica: É a via de disseminação mais utilizada pelos sarcomas, porém também pode ocorrer nos carcinomas. As artérias são mais resistentes que as veias a invasão tumoral. Os órgãos mais acometidos por essa disseminação são o fígado e o pulmão.

É interessante citar que a disseminação linfática é mais típica dos carcinomas, enquanto a hematogenica é favorecida pelos sarcomas. Um linfonodo-sentinela é o primeiro linfonodo regional que recebe o fluxo linfático de um tumor primário. A biopsia do linfonodo- sentinela permite a determinação da extensão da disseminação do tumor e pode ser usada para planejar o tratamento.

Mediante o exposto, percebe-se a relevância desse assunto no contexto acadêmico para o estudante de medicina e sabermos disso é algo importante para nosso conhecimento médico.

Ayla Campanha Ramos

@aylaramosc


O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.


Referencias

https://w2.fop.unicamp.br/ddo/patologia/downloads/db301_un5_Aula44CaracGerNeop.pdf

http://www2.ufac.br/geralpat/neoplasia

https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5256832/mod_resource/content/4/Neoplasias.pdf