Área: Pediatria
Autores: Maria Eduarda Rodrigues Ferreira, Paloma Carneiro Resende e Paulo José Soares André Oliveira
Revisora: Luiza Gabriela Noronha Santiago Orientador: Júlio César Veloso
Liga: Liga Acadêmica de Pediatria UFSJ CCO (LIPED)
Apresentação do caso clínico
CONSULTA EM UM PRONTO ATENDIMENTO DE PEDIATRIA
ID: PRB, 2 anos, feminino, comparece à consulta trazida pela mãe
QP: “Dor no ouvido e febre”
HMA: Mãe relata que a filha está se queixando de dor no ouvido (aponta para o ouvido e chora) e está bastante irritada. Quadro iniciou há dois dias com febre (38°C ontem e 38,5°C hoje, ambas aferidas no período da tarde), prostração, irritabilidade, diminuição do apetite e alteração do sono. Também afirma presença de rinorreia esbranquiçada iniciada há 04 dias após contato com prima com quadro de IVAS. Criança foi medicada com Dipirona gotas e houve melhora da febre, mas com persistência da dor. Nega drenagem de secreção pelo CAE. Também nega náuseas, vômitos e cefaleia.
HPP: Mãe nega internações, cirurgias prévias e alergias medicamentosas. Criança não faz uso de medicamentos contínuos e não apresenta alterações no crescimento/desenvolvimento.
EF: Estado geral: Criança irritada, anictérica, acianótica, febril 38°C, corada e hidratada ACV: BNRNF em 2T, sem sopros. FC 110bpm
AR: MVF sem RA, FR 28 irpm
ABM: RHA +, abdome livre, sem massas palpáveis, normotenso
Otoscopia: CAE hiperemiado, membrana timpânica opaca, sem triângulo luminoso visível e presença de secreção purulenta em ambos os ouvidos. Otalgia significativa ao exame
Rinoscopia: presença de rinorreia esbranquiçada e cornetos hiperemiados Oroscopia: Amigdalas grau I, sem alterações.
HD: IVAS e OMA bacteriana
Questões para orientar a discussão
- Qual a melhor conduta para o caso clínico em questão?
- Explique porque geralmente oma vem posterior a uma ivas
- A infecção do caso acima, possivelmente, é viral ou bacteriana? Explique a diferença
- Quais as complicações de uma oma não tratada?
- Como prevenir a oma?
Respostas
1- Considerando que a paciente apresenta sinais e sintomas característicos de uma otite média aguda – febre, irritabilidade, otalgia, membrana timpânica hiperemiada e opaca – juntamente com uma rinorreia esbranquiçada, a conduta em questão é iniciar a antibioticoterapia, que deve atingir os mais prováveis patógenos (Streptococcus pneumoniae, Haemophillus influenzae e Moraxella catarrhalis). Dessa forma, a Amoxicilina é a droga de primeira escolha nas situações que não se suspeita de resistência a ela, sendo preconizada na dose de 40- 50mg/kg/dia durante um período de 10 dias para pacientes com idade igual ou menor de 2 anos. O uso de antibiótico visa aliviar mais rapidamente os sintomas, prevenir a evolução para doença crônica e evitar complicações graves. Além disso, podem ser usados sintomáticos como a Dipirona para alívio da dor e da febre e também deve ter a orientação dos pais para a lavagem do nariz com soro fisiológico de 2 a 3 vezes no dia.
2 – Na patogênese da otite média há, na maioria das vezes, uma sequência de eventos: a infecção das vias aéreas superiores provoca congestão da mucosa do nariz, nasofaringe, tuba auditiva e orelha média, que resulta na obstrução da tuba, levando a uma pressão negativa e produção de secreção na orelha média. Ou seja, a OMA instala-se após um quadro de resfriado comum, quando a ventilação normal pela tuba faringotimpânica se encontra prejudicada.
3 – A paciente em questão apresenta uma IVAS bacteriana, uma vez que seu quadro apresenta início súbito, secreção nasal, queda do estado geral- irritabilidade e perda de apetite – e febre.
4 – Uma OMA não tratada adequadamente com antibioticoterapia pode evoluir para uma mastoidite e em casos mais graves para uma meningite, o que pode levar a criança ao óbito
5 – Na prevenção da OMA recorrentes deve-se optar pela vacinação contra influenza e pneumocócica conjugada. O uso de xilitol ainda é controverso, apesar de serem observados bons resultados na prática otorrinolaringologista.