Índice
Fique por dentro do que você precisa saber sobre a classificação ASA no pré-operatório. Acesse agora e saiba mais!
Antes de realizar uma cirurgia, é feita uma série de questionários pela equipe médica e de enfermagem. Isso serve para assegurar que todas as informações essenciais sobre o histórico pessoal, familiar e clínico do paciente são compatíveis e se algum dado é relevante para prevenir morbimortalidade pós-operatória. A união de determinadas informações é chamada Classificação ASA.
ASA é a sigla para American Society of Anesthesiology (em português: Sociedade Americana de Anestesiologia). Representa o sistema de pontuação clínica mais utilizado no mundo.
O que ela significa e quais são os critérios adotados para sua classificação você verá a seguir.
História
O sistema de classificação da ASA vem sendo usado há mais de seis décadas ao redor do mundo. Em 1940, a ASA pediu a um grupo de médicos que desenvolvesse um sistema para coleta e tabulação de dados estatísticos referentes à anestesia, o qual pudesse ser aplicável em qualquer circunstância. Daí surgiu o escore ou classificação da ASA.
A atenção inicial da ASA eram as comorbidades pré-operatórias do paciente, e não o procedimento cirúrgico ou em qualquer outro fator que pudesse influenciar o desfecho da cirurgia.
Qual o propósito da ASA?
Esse sistema é idealizado com o intuito de acessar e comunicar as comorbidades médicas do paciente durante o período pré-anestésico. Associado a outros fatores (tipo de cirurgia, por exemplo) pode prever possíveis riscos perioperatórios.
As instituições podem desenvolver exemplos específicos de fatores para suplementar a ASA, isso possibilita um melhor esclarecimento dos casos locais.
Quando e por quem ela é feita?
A classificação pode ser realizada em vários momentos durante a avaliação pré-operatória do paciente, porém a avaliação final é feita no dia da anestesia pelo (a) médico (a) anestesista.
Avaliação pré-operatória

A tabela acima resume a classificação da ASA em 6 aspectos, descrita a seguir:
ASA 1
Ausência de alterações orgânicas, fisiológicas, bioquímicas ou psiquiátricas. Paciente saudável.
- Exemplos em adulto: saudável, não tabagista, que não faz uso ou que consome pouca bebida alcoólica.
- Exemplos em criança: saudável, sem doença aguda ou crônica, IMC normal dentro do percentil para a idade.
ASA 2
Alterações sistêmicas que podem ou não estarem relacionadas com a necessidade de intervenção cirúrgica. Doenças sem limitações funcionais substantivas.
- Exemplos em adulto: tabagista, alcoolista social, gestante, obesos (IMC entre 30 e 40), DM controlada, doença pulmonar leve.
- Exemplos em criança: doença cardíaca congênita assintomática, arritmias controladas, asma não exacerbada, epilepsia controlada, DM não insulino dependente, IMC anormal para o percentil da idade, autismo com poucas limitações.
ASA 3
Doenças sistêmicas graves, relacionadas ou não com a necessidade de intervenção cirúrgica.
- Exemplos em adulto: Uma ou mais doenças moderadas a severas. DM mal controlada, obesidade mórbida (IMC >40), hepatite ativa, dependência ou abuso de álcool, marcapasso implantado.
- Exemplos em criança: asma com exacerbação, doença cardíaca congênita com anormalidade não corrigida, epilepsia mal controlada, obesidade mórbida, desnutrição, DM insulino dependente.
ASA 4
Doenças ou condições clínicas com risco de vida, com ou sem a intervenção cirúrgica.
- Exemplos em adulto: IAM recente (<3 meses), isquemia cardíaca em curso, choque, sepse.
- Exemplos em criança: falência cardíaca congestiva, sequelas ativas da prematuridade, choque, sepse, endocrinopatia.
ASA 5
Pacientes moribundos, indicação cirúrgica de último recurso.
- Exemplos em adulto: rotura de aneurisma abdominal/torácico, hemorragia intracraniana com efeito de massa.
- Exemplos em criança: Hipertensão maligna, hemorragia intracraniana com efeito de massa.
ASA 6
Morte cerebral declarada, doador de órgãos.
“E”
A adição de “E” denota cirurgia de emergência. Segundo a Sociedade de Anestesiologia de São Paulo, uma emergência é definida como existente quando o atraso no tratamento do paciente levaria a um aumento significativo na ameaça à vida ou parte do corpo.
Avaliação do risco cirúrgico
Ela é útil para a classificação do risco cirúrgico, este também pode ser definido como baixo, médio ou elevado.
Comentários
Apesar de parecer simples, este sistema é complexo, pois associa elementos da condição do paciente antes da cirurgia (nas classes de 1 a 3) com elementos da opinião subjetiva do anestesista (classes 4 e 5). Alguns autores acrescentam uma sexta classe aos pacientes anestesiados exclusivamente para remoção de órgãos.
Por mais que a gestação não seja considerada uma doença, o estado fisiológico da parturiente é alterado significativamente em comparação a uma mulher não grávida.
Nesta classificação não são levados em consideração os problemas administrativos, as diferenças entre os protocolos de cada hospital ou serviço, a habilidade da equipe multidisciplinar de saúde, entre outros aspectos referentes a uma avaliação fidedigna.
A simplicidade do sistema da ASA pode ser menos relevante na prática médica atual. É importante que sejam desenvolvidos métodos modernos e mais aperfeiçoados, que levem em consideração as características relevantes de cada população em estudo.
Guia prático em cirurgia geral
Se você está interessado em aprofundar seus conhecimentos sobre cirurgia geral, recomendamos o livro “Guia Prático em Cirurgia Geral“. Escrito por especialistas renomados, este livro aborda de forma abrangente e atualizada os principais tópicos relacionados à cirurgia geral, incluindo as abordagens diagnósticas, técnicas cirúrgicas e cuidados pós-operatórios.

Com o “Guia Prático em Cirurgia Geral”, você terá acesso a informações detalhadas sobre uma variedade de procedimentos cirúrgicos, desde os mais comuns até os mais complexos.
Além disso, o livro oferece insights sobre as melhores práticas no pré e pós-operatório, destacando a importância da avaliação do estado físico do paciente, como a classificação da ASA, na tomada de decisões anestésicas.
Se você é um estudante de medicina, residente, cirurgião ou profissional da área de saúde que busca aprimorar seus conhecimentos em cirurgia geral, este livro é uma leitura indispensável. Clique no link abaixo para saber mais e adquirir o seu exemplar do “Guia Prático em Cirurgia Geral”:
[Adquirir Guia Prático em Cirurgia Geral]
Autora: Alice Nunes
O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.
Sugestão de leitura complementar
- Avaliação pré anestésica: Tudo que você precisa saber! | Colunistas
- Caso Rodrigo Mussi: como é o tratamento de traumatismo craniano e a cirurgia?
- Entenda o que muda com a regulamentação da cirurgia robótica no Brasil
Assista ao vídeo
Referências
- Avaliação e preparo do paciente. Medicação pré-anestésica. Joaquim Edson Vieira Disciplina de Anestesiologia – FMUSP https://www.anestesiologiausp.com.br/wp-content/uploads/graduacao/informacoes-gerais/avaliacaoemedicacaopre-anestesica-graduacao-2010.pdf
- ASA Physical Status Classification System- https://www.asahq.org/standards-and-guidelines/asa-physical-status-classification-system
- Protocolo de Risco Cirúrgico- http://www.pbh.gov.br/smsa/biblioteca/protocolos/risco_cirurgico.pdf
- O escore da American Society of Anesthesiologists: ainda útil após 60 anos? Resultados do estudo EuSOS- https://www.scielo.br/pdf/rbti/v27n2/0103-507X-rbti-27-02-0105.pdf
- Sistema de classificação de estado físico ASA – Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo.