A Classificação de Kikiros é utilizada para classificar em cinco graus a retratilidade do prepúcio (prega cutânea que recobre a glande), ou seja, serve para classificar a fimose. Essa é uma doença que pode ter causa fisiológica ou primária como sendo a mais comum e cuja condição impede a exposição parcial ou total da glande – cabeça do pênis – durante a infância. Naturalmente, nos primeiros meses de vida, há aderência do prepúcio, porém ela tende a desaparecer ao longo do primeiro ano de idade na maioria dos casos e, na minoria, até os cinco anos. Segundo o Ministério da Saúde, aos seis meses de idade 80% ainda não possuem o prepúcio retrátil, enquanto que aos três anos esse número diminui para 50%.
Caso a aderência permaneça[Pacheco1] , faz-se necessário realizar tratamento específico para cada caso, desde pomadas à base de corticoides, como betametasona tópica, até mesmo procedimentos cirúrgicos, dependendo do grau de fimose, idade e quadro clínico do paciente. No tratamento cirúrgico pode utilizar-se da postectomia, ou também chamada de circuncisão, sendo indicado de maneira precoce quando ocorre balanopostite (inflamação da glande) recorrente e infecção urinária recorrente em pacientes que também possuem outras anormalidades do aparelho urinário.
Outra causa de fimose é a secundária ou patológica, a qual pode ocorrer em qualquer fase da vida devido a quadros inflamatórios, infecciosos, traumas locais, assim como a falta de higiene local. Na qual o tratamento também será específico para cada caso e seguindo os mesmos princípios, porém tendo indicação absoluta para circuncisão no caso de ser patológica.
Quanto à classificação de Kikiros, a fimose pode ser classificada de grau 0 a 5. Quando é classificado como grau 0, ocorre retração total do prepúcio. No grau 1 ocorre retração total do prepúcio, porém a base da glande ainda é comprimida, ou seja, possui um anel constritivo no sulco coronal. Já no grau 2 ocorre retração parcial e exposição da glande, na qual o prepúcio pode ser retraído, porém não ultrapassa a coroa. Enquanto que no grau 3 também há retração parcial, porém apenas o orifício urinário é visível, ou seja, exposição apenas do meato uretral. No grau 4 há retração sem exposição do meato e da glande. E por fim, no grau 5 não há nenhuma retração do prepúcio, tendo abertura mínima.
Com isso, cabe ao médico avaliar cada caso clínico para que consiga definir prognóstico e tratamento para cada paciente. Sendo que, nos casos primários, ou seja, fisiológico, utiliza-se da classificação de Kikiros como um dos fatores para escolher o tratamento a ser realizado.
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Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.
Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.
Referências:
- Braz A. Fimose. Curso de patologias cirúrgicas do pênis e escroto na criança. Pediatr Atual. 1998;11:54-66.
- Hodges FM. Phimosis in antiquity. World J Urol. 1999;17(3):133-6.
- Kikiros CS, Beasley SW, Woodward AA. The response of phimosis to local steroid application. Ped Surg Int. 1993;8(4):329-32.
- Sahid SK. Phimosis in Children. ISRN Urology. 2012. Article ID 707329.
- Moreno G, Corbalán J, Peñaloza B, Pantoja T. Topical corticosteroids for treating phimosis in boys. Cochrane Database Syst Rev 2014.