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Como é o internato de cirurgia geral? | Colunistas

Como é o internato de cirurgia geral? | Colunistas

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Imagem de perfil de Comunidade Sanar

Para a maioria dos acadêmicos de medicina o internato de cirurgia geral é muito esperado, desde aqueles que desde o primeiro período da faculdade já se envolveram em ligas cirúrgicas e desenvolveram a paixão pela especialidade, até aqueles que se pudessem pular a parte de cirurgia, seriam os primeiros a deixá-la. Mesmo que a expectativa seja alta para ingressar ainda mais na especialidade, ou só na vontade de passar logo mesmo, todos ficamos ansiosos com esse rodízio.

Eu entrei no curso já sabendo que iria para área cirúrgica. No início, jurava que seria neurocirurgiã, porém durante o decorrer do ciclo clínico descobri minha paixão pela cirurgia geral. Sabendo disso, dá pra perceber como esse rodízio no internato foi extremamente esperado por mim. 

Como o meu rodízio funcionou

O meu internato de cirurgia geral é dividido em dois semestres, onde em cada semestre passamos cerca de 5 semanas na especialidade. Até o momento eu passei pela cirurgia geral 1 , durante o  10° semestre do curso. 

Neste módulo, nós não só acompanhamos cirurgia geral, mas também a parte de ortopedia. Além da parte prática, contamos com dois períodos de aula teórica e de simulação no campus da faculdade. Nas aulas de simulação, minha faculdade adquiriu dois simuladores , um simulador para treinar o exame FAST, e um simulador de cirurgia por videolaparoscopia, além dos simuladores de pele para treinarmos sutura. As simulações na faculdade contavam também com montagem de mesa cirúrgica.

Em relação ao dia a dia, nossa rotina girava em torno de cumprir 12 horas de plantão, tanto em cirurgia geral quanto em ortopedia, em três hospitais diferentes e em municípios diferentes. Nossas atribuições variam de hospital para hospital, mas o que era comum em todos era passar visitas com os residentes e chefes, auxiliar e instrumentar as cirurgias. Além disso, em dois dos três hospitais ficávamos no P.S também.

Expectativas e realidades

Como uma acadêmica que é muito interessada em cirurgia, eu tinha altas expectativas nesse rodízio, porém também tinha um pouco de medo devido a carga horária puxada e o estereótipo que a especialidade carrega.

Para a minha surpresa e alívio, tanto a parte prática quanto a parte teórica do estágio foram muito boas. Em relação à prática nos hospitais, fomos  extremamente bem recebidos em todos os hospitais e tivemos muita liberdade dentro deles. De fato foi muito cansativo, mas o aprendizado durante todo esse tempo com toda certeza compensou esse cansaço. Mesmo voltando exausta, a vontade de estudar os casos e  de ver a melhor abordagem pro paciente, ou até mesmo melhorar a minha sutura, era enorme! 

Uma grande vantagem do internato é saber a rotina da especialidade e ver se é isso mesmo que você quer. Nesse rodízio foi possível ver exatamente como é a rotina dos R1 de cirurgia geral, e consegui entender de fato como é a rotina e como a dinâmica interno-residentes-chefe funciona. Realmente, a residência de cirurgia geral é muito puxada, principalmente no primeiro ano; pontualmente percebi situações desagradáveis em relação à pressão colocada nos residentes, mas pude ver também a importância de ter uma boa relação com a equipe toda para fazer o dia a dia se tornar mais leve durante essa jornada.

Organização de estudos e método de avaliação

Manter uma rotina de estudos durante os rodízios com períodos mais puxados é difícil, mas o que me ajudou muito foi o curso de residência médica da sanar, onde eu personalizei o meu cronograma para os temas estudados baterem com a especialidade que estou passando. Além disso, por ter o curso Resmed da sanar, sempre que tinha um tempinho livre no almoço ou entre uma cirurgia ou outra, eu aproveitava para fazer as questões no aplicativo.

Uma semana antes de terminar o meu rodízio, passei a semana toda estudando para as provas que teriam nos últimos dias do rodízio. Nessa semana eu abdiquei de fazer minhas tarefas extra faculdade, como academia, para poder focar nas provas. Na minha faculdade temos sempre prova teórica e prática no final dos estágios que compõem a nossa nota junto com a nota de conceito dos preceptores nos campos de prática.

Conclusão

De fato, mesmo querendo entrar na especialidade e super ansiosa por esse estágio, às vezes não tem como fugir do medo e das incertezas que temos por escutar e ver experiências de outras pessoas. Após essa experiência tive mais certeza ainda que ser assistida por profissionais extremamente capacitados e que querem realmente ensinar os internos é fundamental nessa jornada. Tanto os professores da parte teórica e de simulação na faculdade, quanto os preceptores nos hospitais estimularam muito o meu aprendizado e deixaram o rodízio mais leve.

O final deste estágio foi um misto de tristeza e dever cumprido. Ver um estágio tão bom, tão proveitoso que me fez crescer tanto como  futura profissional em pouco tempo acabar dá uma tristeza; mas ver que passei por todo o rodízio tirando o máximo de proveito das  oportunidades que apareciam , trouxe a sensação maravilhosa de dever cumprido e a vontade que o tempo passe mais rápido para chegar logo o internato de cirurgia geral 2.

Autora: Camila Figueira

Instagram: @camiifigueira


O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.