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Cuidados Pré-Operatórios: Antibioticoprofilaxia Cirúrgica | Colunistas

Cuidados Pré-Operatórios: Antibioticoprofilaxia Cirúrgica | Colunistas

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Os cuidados pré-operatórios são tão importantes quanto o procedimento cirúrgico em si, sendo necessário um cuidado especializado para cada paciente. A antibioticoprofilaxia é uma das estratégias fundamentais para prevenção das infecções cirúrgicas. Juntamente com a antissepsia da pele e técnica cirúrgica adequadas, o uso racional dos antibióticos reduz as taxas de infecções de forma significativa.

Objetivos

  • Reduzir a incidência de infecções em sítios cirúrgicos.
  • Promover o uso de antibióticos de efetividade comprovada.
  • Minimizar o efeito dos antibióticos na flora bacteriana.
  • Minimizar riscos de efeitos adversos aos antibióticos.
  • Minimizar custo com antibioticoprofilaxias desnecessárias.

Infecção de sítio cirúrgico

A infecção de sítio cirúrgico (ISC) é aquela que ocorre até 30 dias após a realização do procedimento cirúrgico e, em caso de implante de prótese, até um ano após o procedimento. Contribuem para cerca de 15% de todas as infecções relacionadas à assistência à saúde e 37% das infecções de pacientes cirúrgicos adquiridas em hospital. As ISC levam ao aumento médio da duração da internação hospitalar em 4 a 7 dias; os pacientes infectados têm duas vezes mais chances de ir a óbito, duas vezes mais chances de passar algum tempo na UTI e cinco vezes mais chances de serem readmitidos após alta.

Etiologia

Os agentes etiológicos são constituídos pela flora bacteriana do paciente no local da cirurgia: 

Critérios para indicação da profilaxia cirúrgica

Tradicionalmente, a profilaxia cirúrgica é indicada de acordo com a classificação da ferida operatória. No entanto, devemos avaliar também o tipo de cirurgia, as condições do paciente, o risco de ISC e, se esta ocorrer, qual a sua gravidade.

Classificação da ferida operatória

Antibioticoprofilaxia cirúrgica

Os antibióticos escolhidos devem ser efetivos contra os patógenos esperados para aquele sítio cirúrgico e opta sempre por utilizar a medicação com baixo espectro de ação. Nos pacientes colonizados com bactérias multirresistentes ou inseridos em ambiente com alta prevalência desses microrganismos e em procedimentos de alto risco, deverá ser solicitada uma avaliação quanto à necessidade de antibioticoprofilaxia cirúrgica especial. Além disso, deverá ser feita uma antibioticoprofilaxia com drogas específicas, como a vancomicina, e uma descolonização prévia. Pacientes alérgicos a beta-lactâmicos podem usar clindamicina como substituta e os alérgicos a sulfametoxazol/trimetoprim devem usar ciprofloxacin. Em cirurgias abdominais, a clindamicina pode ser substituída por metronidazol se houver impedimento do uso do primeiro antibiótico.

Quanto à administração, ela deve ser feita por via endovenosa, preferencialmente, e estar completa em até 30 minutos antes da incisão cirúrgica. É importante observar o tempo de infusão de cada medicação e a dose recomendada é a mesma empregada para o tratamento de infecção. Geralmente, a antibioticoprofilaxia é feita em dose única, salvo algumas exceções e quando há necessidade de dose adicionais durante a cirurgia. Este caso ocorre quando a cirurgia durar mais de 4 horas, no uso de cefazolina e se houver perda significativa de sangue durante a cirurgia.

Conclusão

Assim como uma técnica cirúrgica bem-feita, os cuidados pré-operatórios são fundamentais para evitar possíveis complicações. As ISC aumentam a mortalidade dos pacientes operados e a necessidade de cuidados especiais que elevam os custos com a saúde pública. Este texto forneceu uma visão global sobre o uso da antibioticoprofilaxia no paciente cirúrgico, contudo, a antibioticoprofilaxia é apenas uma das muitas estratégias para o controle da ISC, como técnica e experiência da equipe cirúrgica, ambiente hospitalar, instrumental cirúrgico estéril, preparo pré-operatório (degermação, antissepsia, remoção de pelos) e manejo perioperatório (controle glicêmico e da temperatura).


O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.