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Sendo um tipo de vitamina B (B9), a deficiência do ácido fólico possui consequências semelhantes aos da vitamina B12, como a anemia megaloblástica, que é a mais comum, todavia com ausência de sinais neurológicos.
Em geral, é causada pela desnutrição, alcoolismo crônico, síndrome da má absorção, uso de antagonistas de folato, além de erros inatos do metabolismo deste. Apesar de ter tido uma queda devido à diminuição de carência nutricional, ainda se vê na clínica, especialmente em gestantes de classes mais pobres.
Na fase inicial, tanto a hemoglobina quanto o volume corpuscular são normais; já na fase grave, indivíduos apresentam anemia sintomática e pancitopenia (diminuição de todas as três linhagens de células sanguíneas).

Fisiopatologia
Ácido fólico ou pteroilglutâmico é amarelo, termoestável e fotossensível. A absorção é feita nos enterócitos do intestino delgado, além de alcançar, pela veia porta, o fígado, porém na forma 5-metiltetraidropteroilglutamato devido a oxidação, sendo este seu maior reservatório, mas seu estoque é curto. Seus sinais podem vir a surgir após 5 meses do começo da perda.
Participa na biossíntese das purinas, timina, serina e histadina.
A anemia megaloblástica se desenvolve mais rapidamente quando comparada à deficiência de B12. Na fase aguda, a língua se torna mais avermelhada e dolorida; já na crônica, temos a hipotrofia das papilas.
Na gestação se explica devido ao folato ser essencial para a síntese de DNA na embriogênese, causando, assim, problemas com o fechamento do tubo neural.
Onde o folato está presente?
O folato está presente em alimentos como vegetais de folhas verde-escuras, frutas e legumes, além de estar presente na sua forma sintética em produtos de cereais fortificados.
A ingestão pode estar inadequada, devido ao consumo pobre nos alimentos citados, além de cozimento excessivo, visto que este destrói o fato dos vegetais.
Folato na gestação
Este é necessário para o desenvolvimento do sistema nervoso central; uma vez que a gestante é a fonte de folato para o bebê, é indispensável que esteja com níveis adequados da vitamina.
Com isso, a deficiência na ingestão de ácido fólico durante a gravidez acarreta em malformações especialmente no fechamento do tubo neural. Alguns defeitos do tubo neural associados à deficiência de folato: anencefalia, defeito causal com displasia da medula espinhal, além de comprometimento das funções intestinal e vesical.
Durante o pré-natal, as gestantes são orientadas a tomar ácido fólico para evitar tais complicações.
Grupos de risco
Pacientes com um risco elevado de desenvolverem deficiência de folato:
- Grupos de baixa condição socioeconômica com desnutrição;
- Idosos com ingestão alimentar deficiente;
- Pessoas que abusam de bebidas alcoólicas;
- Gestantes, lactantes e bebês prematuros;
- Pessoas com anemia hemolítica crônica;
- Pessoas que tomam medicamentos que interferem na absorção e no metabolismo do ácido fólico;
- Indivíduos com má absorção hereditária de folato e com defeitos congênitos no metabolismo do folato.
Sintomas e sinais
A anemia megaloblástica é a principal característica, sendo assim, os sinais e sintomas a serem encontrados em maior proporção são: fadiga, palpitações, dispneia, tontura, cefaleia, perda de apetite e de peso.
Petéquias podem estar presentes em pacientes com trombocitopenia.
Exames diagnóstico e prevenção:
Os iniciais:
- Esfregaço de sangue periférico;
- Hemograma completo;
- Contagem de reticulócitos.
Outros exames que podemos considerar:
- Folato sérico;
- Folato eritrocitário;
- Vitamina B12 sérica;
- Lactato desidrogenase sérico;
- Bilirrubina sérica não conjugada;
- Painel do ferro sérico.
Na prevenção primária, a suplementação é a saída para gestantes, lactantes, indivíduos que sofrem com a má absorção e perda de folato.
Abordagem da deficiência por ácido fólico
- Quando suspeitar?
Pacientes de risco: indivíduos com dieta pobre em vegetais, alcoólatras, anoréticos e com anemia macrocítica (sem sintomatologia neurológica).
- Como confirmar?
Hemograma, pode possuir plaquetopenia, teste terapêutico com ácido fólico, onde pode agravar manifestações neurológicas caso a deficiência seja por B12 e não pelo fólico.
E quanto ao tratamento?
Ácido fólico leva à rápida resposta e reticulose (manter até o hemograma ser normalizado). Vale ressaltar que há uma grande variedade de medicamentos para a vitamina, além de existirem tanto em comprimido quanto em gotas, alguns exemplos são:
- Folacin;
- Bravitan;
- Acfol;
- Afopic;
- Folin.
Suplementação de potássio
Alguns efeitos colaterais dos medicamentos incluem: irritabilidade, distúrbio do sono, confusão, flatulência e hipersensibilidade.
Vale ressaltar a quantidade de folato mg/dia:
- Lactentes, 0-12 meses: 40 – 120;
- Crianças, 1-12 anos: 200;
- Adolescentes 13-16 anos: 400;
- Adultos: 400;
- Grávidas: 800;
- Mulheres amamentando: 600.
Considerações finais
Com relação ao ácido fólico:
- É obtido através de alimentos, como fígado e especialmente verduras verdes;
- Estoques corporais são suficientes para três meses;
- Suplementação durante a gestação é indispensável;
- Falta de ácido fólico na gestação pode ocasionar problemas no fechamento do tubo neural;
- Anemia megaloblástica é o principal sintoma, porém além dela podemos ter: degeneração combinada subaguda da medula espinhal e neuropatia periférica;
- Ingestão abusiva de álcool pode ocasionar deficiência de Vitamina B9;
- Prevenção primária é basicamente a suplementação;
- Pode ser confundida com deficiência de B12, contudo na falta de folato a anemia megaloblástica é desenvolvida mais rápida;
- Exame primário – hemograma completo.
Autoria: Milena Abra
Referências:
- ROSAII, S. K. U. G. Associação da deficiência de ácido fólico com alterações patológicas e estratégias para sua prevenção: uma visão crítica. Revista de Nutrição: Scielo, Campinas, v. 23, n. 5, dez./2005. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732010000500018. Acesso em: 16 nov. 2020.
- BMJ BEST PRACTICE. Deficiência de folato. Disponível em: https://bestpractice.bmj.com/topics/pt-br/823. Acesso em: 17 nov. 2020.
- OLIVEIRA, r. g. d; Blackbook clínica médica: Medicamentos e rotinas médicas. 2. ed. SP: LTDA, 2014. p. 206-206/535-535.
- HALL, Guyton &; Tratado de fisiologia médica. 13. ed. SP: Elsevier, 2017. p. 899-899.
- BOGLIOLO; Patologia. 9. ed. RJ: Koogan, 2016. p. 378-378/1006-1006.
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