Carreira em Medicina

Escore de Wells | Colunistas

Escore de Wells | Colunistas

Compartilhar
Imagem de perfil de Comunidade Sanar

Introdução

A trombose venosa profunda (TVP) caracteriza-se pela formação de trombos dentro de veias profundas, com obstrução parcial ou oclusão, sendo mais comum nos membros inferiores.

As principais complicações decorrentes dessa doença são: insuficiência venosa crônica/síndrome pós-trombótica (edema e/ou dor em membros inferiores, mudança na pigmentação, ulcerações na pele) e embolia pulmonar (EP). Esta última tem alta importância na prática clínica, por apresentar alto índice de mortalidade e diminuição da qualidade de vida.

Entre as complicações de uma TVP pode ocorrer a embolia pulmonar (EP) por consequência de um trombo, formado no sistema venoso profundo, que se desprende e, atravessando o átrio e ventrículos direitos, alcança a circulação pulmonar e causa uma obstrução com repercussões sistêmicas.

Não se trata de doença que aparece apenas no consultório do cardiologista ou nas salas de emergência, mas, sim, de uma enfermidade que surge como condição primária ou como complicação, em qualquer área da medicina.

Fatores de risco

Condições como: trauma não cirúrgico e cirúrgico, idade maior que 40 anos, tromboembolismo venoso prévio, imobilização, doença maligna, insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio, paralisia de membros inferiores, obesidade, veias varicosas, estrogênio, parto, doença pulmonar obstrutiva crônica e outras podem levar a um TVP.

A presença de fatores de risco para o tromboembolismo venoso é a condição inicial para o estabelecimento de elevada suspeita clínica.

Fisiopatologia

Em relação à fisiopatologia, os principais fatores diretamente ligados à gênese dos trombos são: estase sanguínea, lesão endotelial e estados de hipercoagulabilidade. Portanto, idade avançada, câncer, procedimentos cirúrgicos, imobilização, uso de estrogênio, gravidez, distúrbios de hipercoagulabilidade hereditários ou adquiridos, constituem-se como fatores de risco para TVP.

A trombose venosa profunda, na maioria das vezes, tem origem nas grandes veias profundas da perna e em segundo plano na veia femoral, mais frequentemente secundária a uma estase venosa. Os êmbolos pulmonares podem ser originados de diversas fontes, tais como de gordura e de medula óssea.

Classificação

 A TVP nos membros inferiores é dividida, simplificadamente, segundo sua localização:

· Proximal – quando acomete veia ilíaca e/ou femoral e/ou poplítea.

· Distal – quando acomete as veias localizadas abaixo da poplítea.

Quadro clínico

O quadro clínico, quando presente, pode consistir de: dor, edema, eritema, cianose, dilatação do sistema venoso superficial, aumento de temperatura, empastamento muscular e dor à palpação.

Diagnóstico

A acurácia no diagnóstico de tromboembolismo pulmonar é essencial para reduzir a morbimortalidade causada por esta enfermidade. Devido ao quadro clínico e fatores de risco inespecíficos, o diagnóstico de tromboembolismo pulmonar torna-se um desafio.

O sistema de predição clínica de TVP mais bem estudado é o escore de Wells.

Escore de Wells é um modelo de predição clínica, baseado em sinais e sintomas, fatores de risco e diagnósticos alternativos, estimando a probabilidade pré-teste para TVP.

Entre os principais benefícios do uso desse escore, temos a facilidade da sua aplicação e o fato de não precisar de exames complementares e outros custos adicionais.

A avaliação diagnóstica do paciente com suspeita de TEP tem início com a análise da probabilidade pré-teste e associação com medida do D-dímero, e quando essa avaliação é indicada, baseia-se, principalmente, em um dos dois critérios mais bem validados: o escore de Wells e a pontuação de Genebra.

Este escore categoriza os pacientes com probabilidade baixa, moderada ou alta de TVP. Ele pode ser usado em combinação com meios diagnósticos adicionais, como o eco Doppler colorido (EDC) associado à compressão de todo trajeto venoso troncular do membro inferior (pacientes com alto escore) e a mensuração do D-dímero (pacientes com baixo escore).

Apresenta melhor resultado na avaliação de pacientes jovens sem comorbidades ou história prévia de tromboembolismo venoso (TEV), que em outros pacientes. Para TVP recorrente é recomendado usar o escore de Wells modificado (que inclui pontuação extra para a história prévia de TVP).

Conclusão

Os distúrbios tromboembólicos representam um desafio à medicina moderna, pois existe um avanço no diagnóstico e terapêutica de diversas patologias, mas isso acarreta aumento na quantidade de tempo restrito ao leito e submetido a procedimentos invasivos. Mas esses avanços têm garantido melhor qualidade de vida aos pacientes e uma saúde melhor a cada dia.

Autor: Juliana da Silva Oliveira

Instagram: @julianaolive_


O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.


Referências:

TROMBOSE VENOSA PROFUNDA DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO. Projeto Diretrizes SBACV. Planejamento e Elaboração – Gestões 2012/2015 Elaboração final: novembro de 2015 Participantes: SBACV Calógero Presti – Responsável do Projeto Diretrizes SBACV Fausto Miranda JR. – Coordenador-geral do Projeto Diretrizes SBACV.

DIRETRIZ DE EMBOLIA PULMONAR. Arquivos Brasileiros de Cardiologia – Volume 83, Suplemento I, Agosto 2004. Editor André Volschan.

Noschang J, Guimarães MD, Teixeira DFD, Braga JCD, Hochhegger B, Santana PRP, Marchiori E. Novas técnicas no diagnóstico por imagem do tromboembolismo pulmonar. Radiol Bras. 2018 Mai/Jun;51(3):178–186.

van Belle A, Büller HR, Huisman MV, Huisman PM, Kaasjager K, Kamphuisen PW , et al. Effectiveness of managing suspected pulmonary embolism using an algorithm combining clinical probability, D-dimer testing, and computed tomography. JAMA 2006 Jan;295(2):172-9.

https://www.e-sanar.com.br/aluno/noticia/220,escore-de-wells.html