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Fake news na medicina: um desserviço à sociedade | Colunistas

Fake news na medicina: um desserviço à sociedade | Colunistas

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Imagem de perfil de Wallyson Pablo de Oliveira Souza

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, muito tem sido discutido sobre a disseminação de inverdades na Internet. Apesar de serem um fenômeno bastante antigo, as fakes news estão em evidência devido à velocidade de distribuição e ao alcance que as mídias digitais propiciam às informações, notadamente as falsas, o que é preocupante. Nesse contexto, a medicina, infelizmente, transformou-se num alvo recorrente de muitas notícias sem embasamento científico, capazes de provocar sérios prejuízos para a sociedade em geral. É provável que você, assim como acontece comigo, receba nos grupos de WhatsApp ou veja em redes sociais mensagens falsas acerca de assuntos relacionados à saúde. Essa situação torna-se cada vez mais comum em decorrência, sobretudo, do teor sedutor de algumas informações que nem sempre vão ao encontro da validade científica. Muitas pessoas, seja pelo medo, seja pelo desejo incessante de encontrar curas para suas doenças, deixam-se iludir pelo conteúdo apelativo e alarmante dessas mensagens. Assim, as redes sociais, de grupo em grupo, possibilitam, praticamente numa exponencial, a divulgação de tais boatos, causando um desserviço a todos.

NOTÍCIAS FALSAS E SEUS IMPACTOS NA MEDICINA

Recentemente, a epidemia do novo coronavírus foi o epicentro de vários boatos na internet, como os que destacavam ser possível combater o vírus em questão utilizando cocaína. Já não bastasse a preocupação a qual recai sobre o assunto em si, as pessoas ainda são expostas a essas inverdades que, acredite, disseminam-se bem mais rápido que o próprio patógeno. Outros exemplos comuns são aquelas notícias que anunciam procedimentos estéticos milagrosos, dietas mirabolantes e curas imediatas para doenças muito complexas, como o câncer. Por envolverem o emocional de várias pessoas, os impactos disso são extremamente nocivos.

Você certamente deve ter um parente ou um amigo que não costuma ir ao médico porque acredita que, se for, vai “achar’’ alguma doença e, por isso, prefere se guiar por consultas caseiras com o “Dr. Google”. Tais indivíduos são ainda mais vulneráveis aos efeitos danosos dos boatos que são divulgados, o que os faz buscar em fontes geralmente duvidosas e optar por soluções, por vezes questionáveis, como remédios caseiros ou plantas ditas medicinais cujos efeitos nem sempre possuem respaldo científico. Isso agrava um outro problema já bastante grave no País, qual seja: a automedicação. Vê-se, pois, as sérias implicações que uma problemática acarreta em outra.

Ademais, os programas de imunização, lamentavelmente, também são afetados pelas fake news. Muitas mentiras são irresponsavelmente disseminadas sobre as vacinas, como a capacidade de causar doenças e de provocar mortes. Em consequência desse absurdo, os índices de vacinação caíram significativamente no Brasil, colocando em risco a vida de muitas pessoas, pois doenças que outrora estavam erradicas – tais quais sarampo e poliomielite – voltaram a assombrar a sociedade. É inadmissível que vários pais, amedrontados por inverdades e por desinformação, negligenciem a vacinação de seus filhos e os tornem vulneráveis a doenças lastimáveis. Aderir às vacinas é um exercício de cidadania e de responsabilidade social.

FATO x FAKE: A IMPORTÂNCIA DO COMBATE À DESINFORMAÇÃO

São nítidos os prejuízos decorrentes das notícias falsas, especialmente na saúde. Certas informações são tão controversas que confundem, inclusive, acadêmicos e profissionais da área, razão pela qual devemos estar em constante vigilância no tocante à veracidade dessas notícias. Para tanto, o Ministério da Saúde já disponibiliza um canal de checagem a fim de combater as fake news relacionadas a tal área. Quando você receber algo nesse contexto, antes de compartilhar de modo inconsequente, entre em contato com número (61) 99289-4640. No entanto, como o próprio site do Ministério da Saúde destaca, “o canal não será um SAC ou tira dúvidas dos usuários, mas um espaço exclusivo para receber informações virais, que serão apuradas pelas áreas técnicas e respondidas oficialmente se são verdade ou mentira’’. Você, acadêmico, profissional, além de fazer isso, deve divulgar esse canal nas redes sociais a fim de estimular outras pessoas a procederem de mesmo modo, evitando ao máximo a proliferação de mentiras na internet. Agindo assim, é possível ultrapassar os limites das salas de aulas e dos centros de saúde e potencializar, no sentido mais amplo, a promoção de saúde. Para os médicos, em especial, o marketing de conteúdo é outra poderosa ferramenta no combate às notícias falsas. Fazer postagens confiáveis em redes sociais, sempre com uma linguagem didática, mas sem perder o rigor das informações, fideliza e tranquila muitas pessoas, as quais passam a ter uma “fonte segura’’. As mesmas redes sociais que endossam os efeitos negativos nas fake news são, e devem ser, aliadas essenciais na divulgação de conhecimento. A informação é o melhor antídoto contra a desinformação. Até a próxima leitura!