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Hemangiomas no fígado | Colunistas

Hemangiomas no fígado | Colunistas

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Imagem de perfil de Comunidade Sanar

Hemangiomas são massas benignas formadas por vasos sanguíneos enovelados, não se sabe ao certo o que pode ocasionar esse enovelamento, mas acredita-se que ocorre durante a formação fetal, sendo considerado, portanto, um problema congênito. São relativamente comuns e assintomáticas na maioria das pessoas, há casos que causam algum desconforto no hipocôndrio direito, hemorragias intraperitoneais e até hepatomegalias.

Sua incidência é em cerca de 1-5% da população adulta e, geralmente, são descobertos acidentalmente em algum exame de imagem do abdome. Intervenções só serão consideradas na mínima porcentagem dos casos, portanto é um quadro de excelente prognóstico.

Epidemiologia

A incidência de hemangiomas é pouco frequente, as estimativas estão em torno dos 3 a 5% da população adulta, na faixa etária dos 35-50 anos. Há casos em todas as idades, mas são mais raros. Estudos demonstraram que a população feminina é mais afetada que a masculina em torno de três vezes.

Sinais e sintomas

Por ser uma massa tão pequena e sem características malignas, os sintomas associados a elas não são frequentes, mas podem incluir: desconforto, edema, anorexia, náuseas, saciedade precoce e dor secundária ao sangramento ou trombose.

Abordagem do paciente

O exame físico dos pacientes com esse quadro, na maioria das vezes, é bem escasso se o paciente não apresentar sintomas. Em alguns casos a massa pode ser palpada no fígado, mas não é recorrente.

Podem ser solicitados exames laboratoriais, mas não é o ideal, uma vez que há seletos casos de compressão da estrutura hepática, sangramentos e em casos de trombose que podem alterar taxas enzimáticas.

A dificuldade que se pode ter é a exclusão de outros tipos tumorais que podem designar um quadro mais delicado, por isso ao detectar-se uma massa no fígado é comum a solicitação de marcadores tumorais como a alfafetoproteína que vai permanecer dentro da normalidade, se o único fator anormal for o hemangioma.

Biópsias não são indicadas para esse quadro, na medida em que pode favorecer o rompimento vascular da estrutura, possibilitando uma hemorragia.

Achados de imagem

São encontrados em exames de imagem, como TC, RM e ultrassonografias, ou acidentalmente em laparotomias. Seus achados na imagem demonstram uma massa hipodensa e com bons contornos. Não se faz necessário o uso de contraste, mas caso seja utilizado fica nítido um realce periférico inicial, seguido por um realce centrífugo posterior.

Apesar da lesão ser uniforme, a utilização de contraste pode ajudar a descartar a possibilidade de câncer. O contraste vai encher o hemangioma, de forma que as lesões menores vão se encher rapidamente, enquanto as maiores levarão um pouco mais de tempo a partir do centro, há possibilidade de falhas nesse enchimento que podem trazer a possibilidade de trombose e focos de fibrose.

À esquerda, imagem em T2, mostrando lesão mais clara (seta) e à direita em T1, mostrando imagem escura. “S” é o baço (spleen). Fonte

Incidência infantil

Nas crianças, os hemangiomas usualmente regridem até os 2 anos de idade, no entanto os grandes podem acabar evoluindo para uma derivação arteriovenosa suficiente para produzir uma insuficiência cardíaca e, em alguns casos, coagulopatias. Nesses casos excepcionais, podem ser utilizados tratamentos à base de corticoides, diuréticos, digitálicos para melhorar a função cardíaca, interferon alfa subcutâneo, ressecção cirúrgica, embolização arterial e em raros casos um transplante de fígado.

Situações excepcionais

Há uma síndrome rara associada, chamada de Síndrome de Kasabach-Merrit que consiste em um hemangioma proliferativo extenso, que leva à coagulopatia de consumo. O quadro é caracterizado pela ocorrência de hemangiomas tuberosos extensos, que evoluem no primeiro ano de vida e são acompanhados de equimoses e petéquias determinadas pela coagulopatia de consumo.

Outro quadro associado a essa Síndrome é o Hemangioendotelioma kaposiforme, que é um tumor raro, também de origem vascular, com características malignas incluindo proliferação local.

Tratamento

Os assintomáticos que possuem hemangiomas pequenos em geral, não precisam de nenhuma intervenção. No caso de hemangiomas grandes é necessário um acompanhamento, levando em consideração o risco de comprometimento local, esse acompanhamento pode ser realizado dentro de um curto período de tempo de 6 meses a 12 meses. Os sintomáticos podem ser sujeitos a ressecção cirúrgica, após o descarte de todas as possibilidades geradas pelos sintomas.

 De maneira geral, o tratamento é ressecção cirúrgica, mas só é indicada em casos de alargamento ou se os sintomas forem muito incômodos e estejam prejudicando a qualidade de vida do paciente.

Os procedimentos cirúrgicos utilizados são: ressecção, enucleação, ligadura de artéria hepática e transplante.

AUTOR: RIAN BARRETO ARRAIS RODRIGUES DE MORAIS

INSTAGRAM: https://instagram.com/rianrodrigues10

Referências

1.Hepatologia médica, acesso em: http://www.hepcentro.com.br/hemangioma.htm

2.Hemangioma cavernoso hepático, acesso em: http://www.mri.tju.edu/MRI-WEB/LivHem.html

3.Hemangioendotelioma kaposiforme e síndrome de Kasabach-Merritt, acesso em: https://www.scielo.br/j/rpp/a/LXwyKpsSxLvHXKZsRJmCpQd/?lang=pt



O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: material produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar junto com estudantes de medicina e ligas acadêmicas de todo Brasil. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido. Eventualmente, esses materiais podem passar por atualização.

Novidade: temos colunas sendo produzidas por Experts da Sanar, médicos conceituados em suas áreas de atuação e coordenadores da Sanar Pós.