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O ser humano está, o tempo todo, exposto aos mais variados riscos, a interação com o meio ambiente envolve diferentes fatores. Por isso, não é incomum que o ser humano esteja propenso a sofrer lesões.
Todos os dias, acordamos, saímos para o trabalho, escola, faculdade e nesse dia a dia podemos sofrer pequenas ou grandes injúrias. É para isso que o sistema imunológico criou um grande e complexo mecanismo de reparo para o organismo. Este mecanismo é a inflamação e é sobre uma parte específica da inflamação que falaremos neste artigo.
O que é inflamação?
Em um resumo simples, a inflamação é a resposta de tecidos vascularizados aos danos teciduais ou infecções, recrutando células imunológicas para locais onde são necessárias para eliminar agentes patogênicos.
Você lembra de quando era pequeno? Bom, eu lembro. Não era incomum que acontecessem arranhões, joelhos ralados, braços machucados, o normal de toda infância, e sempre havia um adulto para ajudar e até passar aquele “remedinho”, que ardia tanto para nós que éramos pequenos. Durante o processo de cicatrização alguns adoravam cutucar a ferida que se formava e então, algumas vezes, aquele mesmo adulto que momentos antes nos fazia chorar com o tal “remedinho”, agora dizia: “Não cutuque a ferida, ou ela vai inflamar”.
A verdade é que a preocupação daquele adulto não era uma inflamação, nossas mãos estão em constante contato com o meio externo, ou seja, geralmente com muitos microrganismos, dessa maneira, ao cutucarmos a ferida, nós praticamente inserimos mais patógenos nela e, dessa maneira, a INFECÇÃO fica cada vez maior. Não se engane, apesar de nos acostumarmos com a ideia errônea de que a inflamação é algo ruim, ela tem funções de extrema importância.
Como funciona a inflamação?
Como sabemos, a função da inflamação é tanto eliminar a causa da lesão, quanto evitar sua consequência. Dessa forma, vários componentes das células de defesa atuam na inflamação.
Imagine que seu corpo seja um grande país. Se esse país for atacado, ele deve conter esse ataque, dessa maneira, as nossas células de defesa serão representadas pelo exército que está espalhado pelo nosso corpo/país e será mobilizado pelo transporte militar/corrente sanguínea. E existe ainda os batalhões militares/células de defesa que estavam na área/tecido no momento do ataque, e estas estão constantemente procurando as ameaças.
Assim como no exército, cada célula de defesa tem suas especialidades, logo combatem a infecção de maneiras diferentes, no entanto, todas são de extrema importância e recebem o nome de leucócitos.
A inflamação libera os leucócitos para isolar e destruir todo e qualquer agente prejudicial, para que depois de sua eliminação a cicatrização possa ocorrer.
Em resumo:
- O patógeno é reconhecido pelas células e moléculas do tecido onde está;
- Leucócitos e proteínas são mobilizados até a localização do patógeno;
- Esses leucócitos e proteínas se unem para eliminar o patógeno;
- A infecção é controlada;
- O tecido é reparado.
A inflamação se apresenta com alguns sinais denominados sinais cardinais/flogísticos, são eles:
- Dor;
- Calor;
- Rubor;
- Tumor;
- Perda de função.
E quanto a inflamação aguda e crônica?
Uma vez que a inflamação crônica é nosso foco neste artigo, vamos a uma explicação rápida sobre isso.
Inflamação Aguda:
Esse tipo de inflamação é o primeiro a se desenvolver, é um tipo de inflamação rápida (minutos ou horas), formada predominantemente de neutrófilos, aparece em caso de lesão leve e autolimitada, mas com sinais flogísticos proeminentes.
Inflamação Crônica:
Esse tipo de inflamação se desenvolve depois de um certo tempo do estímulo inicial, têm um início lento (dias), formada predominantemente de monócitos, macrófagos e linfócitos, aparece frequentemente em caso de lesão acentuada e progressiva, mas com sinais menos proeminentes do que na inflamação aguda.
E o que é uma inflamação crônica granulomatosa?
Bom, como já nos foi apresentado no item 3.2, uma das principais características da inflamação crônica é que esta se dá de maneira mais lenta e arrastada, podendo levar semanas, meses, ou até o resto da vida. Esse fato nos indica que alguns agentes infecciosos podem ser mais resistentes que outros. Sendo assim, as células imunológicas se unirão no local onde o agente infeccioso está e se agruparão formando um granuloma. Logo, dizemos que o granuloma é uma aglomeração de leucócitos.
As reações imunológicas também podem ser chamadas de reações de hipersensibilidade, no caso de uma inflamação granulomatosa, vemos um caso de hipersensibilidade tardia (também chamada de Hipersensibilidade tipo IV).
O infiltrado de linfócitos TCD4+ começa a ser substituído por macrófagos que passam a ser ativados se tornando grandes e planos, e nesse momento passam a ser denominados de células epitelióides. Depois de ativadas, essas células são estimuladas, por citocinas, a se fundir e formar Células Gigantes multinucleares, também conhecidas como Células de Langhans. Enquanto isso os linfócitos TCD4+ indiferenciados são proliferados pela IL-2 (IL = Interleucina), e em seguida são diferenciados em linfócitos Th1 e Th17 pelas quimiocinas produzidas por moléculas apresentadoras de antígenos. Os Th1 produzirão IFN-γ que aumenta a capacidade de fagocitose do macrófago e é um fator de crescimento. Quando essas células gigantes se acumulam e são circundadas por linfócitos há a formação do Granuloma.
Exemplos de doenças com padrão inflamatório granulomatoso
– Tuberculose (O granuloma é, muitas vezes, usado para auxiliar no diagnóstico);
– Sífilis;
– Hanseníase;
– Paracoccidioidomicose;
– Leishmaniose.
O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.
Referências:
- Imunologia Básica, Capítulo 11: Hipersensibilidade| Abul K. Abbas, Andrew H. Lichtman and Shiv Pillai,https://www.evolution.com.br/epubreader/9788535285512
- Robbins Patologia Básica, Capítulo 3: Inflamação e Reparo e Capítulo 5: Doenças do Sistema Imune| Vinay Kumar, Abul K. Abbas and Jon C. Aster,https://www.evolution.com.br/epubreader/9788535288551