Hematologia

Interpretação do Hemograma | Colunistas

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O Hemograma estuda as células sanguíneas (hemácias, leucócitos e plaquetas), bem  como as patologias ligadas ao sangue. Está composto pelo eritrograma, leucograma e plaquetograma. 

Exemplos de patologias que alteram o hemograma:

  • Anemias ferropênicas e megaloblásticas (carenciais);
  • Anemias de doenças crônicas;
  • Anemias hemolíticas (genéticas);
  • Infecções bacterianas e virais;
  • Leucemias;
  • Neoplasias.

Eritograma: composto por parâmetros e índices hematimétricos.

Os parâmetros são:

  • RBC : Número total de hemácias;
  • HEMATÓCRITO: Percentagem da hemácia no volume total de sangue;
  • HEMOGLOBINA: Proteína responsável pela oxigenação do sangue.

Os índices hematimétricos são:

  •  VCM: Volume Corpuscular Médio;Indica o tamanho das hemácias
  •  HCM: Hemoglobina Corpuscular Média ; Expressa a cor das hemácias;
  •  CHCM: Concentração da Hemoglobina Corpuscular Média; Expressa a cor das hemácias;
  •  RDW: Índice Geral de Anisocitose.Expressam as diferenças de tamanho que podem existir entre as hemácias na lâmina do paciente. Elevado (acima de 15%. Não tem importância clínica quando abaixo da referência.

Nomenclatura usada no eritrograma

  • Anisocitoses por microcitose ou macrocitose:

Microcitose: Termo técnico usado para descrever as hemácias diminuídas de tamanho.

Este termo deve ser usado quando o VCM estiver abaixo da referência! VCM abaixo de 80 fentolitros(adultos).

Macrocitose: Termo técnico utilizado para as hemácias aumentadas de tamanho.

Este termo deve ser usado quando o VCM estiver acima da referência. VCM acima de 100 fentolitros.(adultos)

  • Hipocromia:
  • → Redução da coloração do eritrócito. 
  • Pode ser citado quando ocorre a diminuição do HCM (*) e/ou do CHCM.
  • Qualquer condição que provoca microcitose pode vir acompanhada de hipocromia
  • Policromasia:
  • Presença de reticulócitos em sangue periférico (hemograma).
  • O termo é usado para descrever hemácias com cores diferentes.
  • O significado clínico é que a medula está mandando a célula precursora da hemácia para o sangue periférico.
  • Anisocromia
  • Pecilocitoses ou Poiquilocitoses:
  • Qualquer formato anormal da hemácia caracteriza uma poiquilocitose ou pecilocitose.

Algumas PECILOCITOSES:

  • Esferócitos
  • Dacriócitos (lágrima)
  • Codócitos ( hemácias em alvo)
  • Estomatócito
  • Drepanócito (hemácia em “foice”)
  • Eliptócitos
  • Esquizócitos
  • Principais causas de poiquilocitoses ou pecilocitoses:
  • Anemias carenciais e hemolíticas;
  • Hepatopatias;
  • Patologias gástricas;
  • Neoplasias;
  • Trauma ou choque celular.

O hemograma no diagnóstico das anemias:

As anemias são caracterizadas pela redução da concentração de hemoglobina no sangue .

Segundo a OMS para indivíduos adultos do sexo feminino, o ideal é uma hemoglobina de 12g/dl e para homens hemoglobina de 13 g/dl. Anemias que se instalam mais rapidamente, os sintomas são mais evidentes, em geral com HG entre 9 a 10g/dl.

Anemia ferropênica e suas características do eritrograma:

  • Hemoglobina e hematócritos abaixo do valor de referência;
  • VCM e HCM abaixo do valor de referência;
  • RDM acima do valor de referência;
  • Presença de microcitose, hipocromia e na maioria dos casos pecilocitoses por eliptócitos e células em alvo.
  • Com a diminuição da hemácia e diminuição da concentração da hemoglobina, o morfologista descreverá a microcitose e hipocromia presentes na lâmina do paciente!
  • Como ocorrerá diferença no tamanho das hemácias, o RDW estará aumentado também caracterizando uma anisocitose!
  • Na anemia em estágio inicial os índices ainda estão normais!
  • A única maneira de descobrir a anemia é solicitando a dosagem de ferritina, que é a proteína de reserva do ferro!
  • No início da depleção do ferro,observamos uma população mista, com hemácias normocíticas e microcíticas. Com o progredir da deficiência, aumenta a população de hemácias microcíticas, acrescidas de outras alterações de forma, características da anemia ferropriva.

Anemia Megaloblástica e características do eritrograma:

  • Hemoglobina e hematócritos diminuídos;
  • VCM e HCM aumentados!
  • RDW : Acima do valor de referência!
  • Anisocitose por macrocitose, policromasia, hemácias jovens (eritoblastos)

ANEMIA DE DOENÇAS CRÔNICAS: Ocorre sempre associada a infecções crônicas como tuberculose, HIV, neoplasias, doenças inflamatórias como o Lúpus e artrite reumatóide, doenças inflamatórias intestinais, doenças renais, dentre outras.

  • É definida como uma anemia hipoproliferativa e é o tipo mais frequente entre pacientes
  • hospitalizados.
  • Laboratorialmente pode apresentar-se por hipoferremia na presença de estoques adequados de ferro.
  • Neste tipo de anemia, os índices hematimétricos estão normais!(*) Apenas a hemoglobina e hematócritos estão diminuídos!

Quem caracteriza uma anemia é a HEMOGLOBINA!

Mulheres adultas: Hemoglobina =12g/dl.

Homens adultos: Hemoglobina = 13g/dl.

LEUCOGRAMA: Os leucócitos englobam os granulócitos, os monócitos e a série linfocitária.

São células responsáveis pela defesa do nosso organismo contra uma grande diversidade de microrganismos.

Está composto pelo:

  • WBC: Número total de leucócitos;
  • Contagem diferencial dos leucócitos presentes em sangue periférico.

Nomenclatura usada no leucograma:

  • Leucocitose: Número total de leucócitos elevados;
  • Leucopenia: Número total de leucócitos diminuídos;
  • Normal: 4.000 a 11.000 leucócitos por mm3 de sangue.

Granulócitos: estão divididos em: 

  1. Neutrófilos: 
  • Maior proporção no sangue periférico.
  • Fagocitose.
  • Destruição intracelular de bactérias: enzimas e proteínas presentes em seu citoplasma. 
  1. Eosinófilos: 
  • Atividade em distúrbios cutâneos alérgicos e neoplásicos.
  • Principal proteína: MBP=Proteína básica.
  • Destruição de larvas de parasitas e células tumorais.
  1. Basófilos:
  • São os granulócitos mais escassos do sangue.
  • Possuem grânulos metacromáticos ricos em histaminas, serotonina e leucotrienos.
  • Principal fonte de histamina em circulação, que contribui como agente quimiotático para os eosinófilos para atraí-los para o foco inflamatório.

Agranulócitos: estão divididos em:

  1. Monócitos:

Possuem vida curta: 4 a 8 horas em circulação, onde migram para os tecidos recebendo o nome de macrófagos.Participam de fagocitose de células mortas, bactérias, destruição de células tumorais e apresentação de antígenos.

  1. Linfócitos:

São o segundo grupo em proporção numérica no sangue periférico; Estão diretamente ligados as respostas imunológicas contra vírus.

Sangue periférico:

é normal encontrarmos os leucócitos maduros durante a contagem diferencial: 

1.Neutrófilos segmentados: 40% a 65%

2.Linfócitos: 20% a 40%

3.Monócitos: 02% a 08%

4.Eosinófilos: 01% a 05%

5.Basófilos: 0 a 1%

Alterações morfológicas:

  • • Granulações tóxicas em neutrófilos!
  • • Vacúolos citoplasmáticos em neutrófilos e monócitos!
  • • Atipias linfocitárias!
  • • Presença de blastos
  • • Hipersegmentação de neutrófilos!

INFECÇÕES BACTERIANAS e suas alterações no hemograma:

  • WBC: Acima de 11.000 leucócitos!
  • Neutrófilos e bastonetes aumentados!
  • Linfócitos diminuídos!
  • Monócitos aumentados ou não!
  • Granulações tóxicas nos neutrófilos
  • Vacúolos citoplasmáticos em neutrófilos e monócitos!
  • NOMENCLATURA: LEUCOCITOSE; NEUTROFILIA; DESVIO A ESQUERDA; MONOCITOSE; LINFOPENIA

INFECÇÕES VIRAIS e suas alterações no hemograma:

  • WBC : Abaixo de 4.000 mm3 de sangue
  • Neutrófilos diminuídos!
  • Linfócitos aumentados!
  • Podem aparecer atipías nos linfócitos!
  • Podem apresentar plaquetopenias! (Diminuição dos números de plaquetas)
  • NOMENCLATURA: LEUCOPENIA; NEUTROPENIA; LINFOCITOSE.

Plaquetograma:

Está composto por:

• Contagem geral de plaquetas: ( 150.000 a 450.000);

• MPV : Volume Plaquetário Médio;

• PDW : Distribuição das Plaquetas pelo Volume.

CONCLUSÃO:

• O Hemograma é na maioria das vezes o primeiro passo na investigação de inúmeras patologias;

• Na maioria das vezes é sugestivo de várias patologias, que tornam-se necessário exames

complementares para sua conclusão.

• Não adianta um hemograma bem executado se o profissional de saúde não souber interpretá-lo corretamente.

Autora: Jéssica N. Borba – @borbajessica_ 

Referência Bibliográfica:

Laboratório de hematologia: teorias, técnicas e atlas / Márcio Antonio Wanderley de Melo / Cristina Magalhães da Silveira – 1. ed. –Rio de janeiro: Rubio, 2015.

O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.