Índice
- 1 O que é a luxação?
- 2 Principais tipos de luxação
- 3 Luxação glenoumeral anterior
- 4 O que é possível observar no exame físico do paciente com lesão glenoumeral anterior?
- 5 Como diagnosticar um paciente com luxação glenoumeral anterior?
- 6 Quais as principais manobras de redução para um paciente com esse tipo de luxação?
- 7 Tratamento para luxações
- 8 Referências bibliográficas
- 9 Sugestão de leitura complementar
Luxação glenoumeral: tudo o que você precisa saber para atender um paciente na emergência!
Durante a vida profissional, é provável que o médico ficará frente a frente com uma emergência ortopédica. Dentre as principais patologias que chegam a emergência, está a luxação.
A luxação é considerada uma emergência porque causa dor evidente, lacinante e excruciante. Além disso, há grande risco de dano vascular e de necrose epifisária por déficit na perfusão do paciente.
O que é a luxação?
A luxação consiste em uma ruptura da cápsula articular e frequentemente à ruptura ligamentar. Dentre as formas de acometimento mais frequentes, estão as lesões nos:
- Dedos
- Ombro
- Cotovelo
- Joelho
Há também a subluxação, que é um deslocamento parcial, existindo ainda algum contato entre as superfícies articulares.
Principais tipos de luxação
As luxações podem ser classificadas quanto a sua causa e localização. Quando a causa, podem ser divididas em traumáticas, atraumáticas ou congênitas, que são mais comuns em recém-nascidos ou bebês devido a malformações anatômicas.
A luxação classificada quanto à localização anatômica são de diversos tipo, dentre as principais está a luxação gleno-umeral.
Luxação glenoumeral anterior
A articulação Glenoumeral tem como característica ser a articulação mais frouxa do corpo humano, o que permite uma número de movimentos como flexão, extensão, abdução, adução, rotação externa, rotação interna, circundução).
Esse tipo de luxação é a mais comum, sendo caracterizada pela perda da relação entre a cabeça do úmero e a cavidade glenóide da escápula.
Quando há uma luxação traumática, o paciente poderá deslocar o ombro após realizar um movimento súbito, em que o membro estará realizando extensão e rotação externa. Esse tipo de lesão é mais comum em homens, entre os 20-30 anos, época em que o indivíduo tem os tendões com características mais elásticas.
O que é possível observar no exame físico do paciente com lesão glenoumeral anterior?
Ao exame físico, o paciente tem como queixa principal dor. Além disso, durante a inspeção, é possível que o médico visualize o sinal do cabide, caracterizado por uma depressão na face lateral do ombro, exatamente no local em que a cabeça do úmero deveria estar.
Além disso, o paciente também poderá apresentar uma proeminência anterior, causada pela cabeça do úmero que foi deslocada durante a luxação. Dessa forma, o paciente poderá ter queixas relacionadas a lesão no nervo axilar, com sintomas como:
- Parestesia
- Hipoestesia
- Fraqueza muscular
Como diagnosticar um paciente com luxação glenoumeral anterior?
O diagnóstico é clínico e radiológico. As radiografias em AP, perfil escapular e axilar confirmam a suspeita clínica. Na radiografia é possível encontrar achados como:
- Lesão de Hill-Sachs: fratura por compressão da margem póstero-lateral da cabeça umeral.
- Lesão de Bankart: avulsão capsulo-labral do rebordo inferior da glenóide.
Quais as principais manobras de redução para um paciente com esse tipo de luxação?
Na literatura, existem mais de 25 técnicas descritas para realizar a redução em uma luxação. Não existe uma técnica melhor que a outra, cabe ao profissional escolher a manobra que ele acha melhor de aplicar naquela situação.
Antes de iniciar, o paciente deve estar sob sedação e analgesia. No geral, são necessários o uso de opióides, bloqueio do plexo braquial ou anestesia geral. Dentre as principais manobras, podemos citar:
- Manobra de hipócrates: envolve tração e força de alavanca. A planta do pé é posicionada contra a cabeça umeral na axila. Aplica-se tração longitudinal ao membro luxado.
- Manobra de Stimson: Paciente em decúbito ventral, na maca. O braço é pendurado fora da maca. Aplica-se peso de aproximadamente 4,5kg no punho do paciente, aguardando a auto-redução. É comum associar medicamentos que facilitem o relaxamento do membro.
- Manobra de Spaso: nessa manobra, o paciente é colocado na posição de decúbito dorsal, sobre mesa de exame, sendo o membro afetado tracionado pelo punho e na posição vertical em relação ao tronco.
Assim, após reduzida a articulação, o médico deve solicitar repetidas radiografias, para desta forma confirmar o reposicionamento e para afastar fraturas associadas.
Tratamento para luxações
O tratamento poderá ser conservador, tendo como objetivo permitir a cicatrização de partes moles, além de maximizar a força muscular e minimizar a recorrência. Com esse tratamento, o paciente tem um período de imobilização e um programa de reabilitação e restrição às atividades rigorosas por limitado período de tempo.
Já o tratamento cirúrgico é indicado nos casos de comprovada falha da terapia conservadora, sendo realizado por via aberta ou via artroscópica.
Referências bibliográficas
- NETTER, Frank H.. Atlas de anatomia humana. 7ª ed. RIO DE JANEIRO: Elsevier, 2019.
- Rockwood Jr CA, Matsen FA, editors. The Shoulder. 4th.ed. Philadelphia: Saunders; 2009.
- Pozzi I, Reginaldo S, Almeida MV, et al. Manual de trauma ortopédico da SBOT. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2012.