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Luxação glenoumeral: saiba tudo sobre a principal emergência ortopédica

Luxação glenoumeral: saiba tudo sobre a principal emergência ortopédica

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Luxação glenoumeral: tudo o que você precisa saber para atender um paciente na emergência!

Durante a vida profissional, é provável que o médico ficará frente a frente com uma emergência ortopédica. Dentre as principais patologias que chegam a emergência, está a luxação. 

A luxação é considerada uma emergência porque causa dor evidente, lacinante e excruciante. Além disso, há grande risco de dano vascular e de necrose epifisária por déficit na perfusão do paciente. 

O que é a luxação? 

A luxação consiste em uma ruptura da cápsula articular e frequentemente à ruptura ligamentar. Dentre as formas de acometimento mais frequentes, estão as lesões nos:

  • Dedos
  • Ombro
  • Cotovelo
  • Joelho

Há também a subluxação, que é um deslocamento parcial, existindo ainda algum contato entre as superfícies articulares.

Principais tipos de luxação

As luxações podem ser classificadas quanto a sua causa e localização. Quando a causa, podem ser divididas em traumáticas, atraumáticas ou congênitas, que são mais comuns em recém-nascidos ou bebês devido a malformações anatômicas.

A luxação classificada quanto à localização anatômica são de diversos tipo, dentre as principais está a luxação gleno-umeral

Luxação glenoumeral anterior

A articulação Glenoumeral tem como característica ser a articulação mais frouxa do corpo humano, o que permite uma número de movimentos como flexão, extensão, abdução, adução, rotação externa, rotação interna, circundução).

Esse tipo de luxação é a mais comum, sendo caracterizada pela perda da relação entre a cabeça do úmero e a cavidade glenóide da escápula. 

Quando há uma luxação traumática, o paciente poderá deslocar o ombro após realizar um movimento súbito, em que o membro estará realizando extensão e rotação externa. Esse tipo de lesão é mais comum em homens, entre os 20-30 anos, época em que o indivíduo tem os tendões com características mais elásticas. 

O que é possível observar no exame físico do paciente com lesão glenoumeral anterior?

Ao exame físico, o paciente tem como queixa principal dor. Além disso, durante a inspeção, é possível que o médico visualize o sinal do cabide, caracterizado por uma depressão na face lateral do ombro, exatamente no local em que a cabeça do úmero deveria estar. 

Fonte: Netter, 2019

Além disso, o paciente também poderá apresentar uma proeminência anterior, causada pela cabeça do úmero que foi deslocada durante a luxação. Dessa forma, o paciente poderá ter queixas relacionadas a lesão no nervo axilar, com sintomas como: 

  • Parestesia
  • Hipoestesia
  • Fraqueza muscular

Como diagnosticar um paciente com luxação glenoumeral anterior?

O diagnóstico é clínico e radiológico. As radiografias em AP, perfil escapular e axilar confirmam a suspeita clínica. Na radiografia é possível encontrar achados como:

  • Lesão de Hill-Sachs: fratura por compressão da margem póstero-lateral da cabeça umeral. 
  • Lesão de Bankart: avulsão capsulo-labral do rebordo inferior da glenóide. 

Quais as principais manobras de redução para um paciente com esse tipo de luxação? 

Na literatura, existem mais de 25 técnicas descritas para realizar a redução em uma luxação. Não existe uma técnica melhor que a outra, cabe ao profissional escolher a manobra que ele acha melhor de aplicar naquela situação. 

Antes de iniciar, o paciente deve estar sob sedação e analgesia. No geral, são necessários o uso de opióides, bloqueio do plexo braquial ou anestesia geral. Dentre as principais manobras, podemos citar: 

  • Manobra de hipócrates: envolve tração e força de alavanca. A planta do pé é posicionada contra a cabeça umeral na axila. Aplica-se tração longitudinal ao membro luxado. 
  • Manobra de Stimson: Paciente em decúbito ventral, na maca. O braço é pendurado fora da maca. Aplica-se peso de aproximadamente 4,5kg no punho do paciente, aguardando a auto-redução. É comum associar medicamentos que facilitem o relaxamento do membro. 
  • Manobra de Spaso: nessa manobra, o paciente é colocado na posição de decúbito dorsal, sobre mesa de exame, sendo o membro afetado tracionado pelo punho e na posição vertical em relação ao tronco. 

Assim, após reduzida a articulação, o médico deve solicitar repetidas radiografias, para desta forma confirmar o reposicionamento e para afastar fraturas associadas.

Tratamento para luxações

O tratamento poderá ser conservador, tendo como objetivo permitir a cicatrização de partes moles, além de maximizar a força muscular e minimizar a recorrência. Com esse tratamento, o paciente tem um período de imobilização e um programa de reabilitação e restrição às atividades rigorosas por limitado período de tempo. 

Já o tratamento cirúrgico é indicado nos casos de comprovada falha da terapia conservadora, sendo realizado por via aberta ou via artroscópica. 

Referências bibliográficas

  • NETTER, Frank H.. Atlas de anatomia humana. 7ª ed. RIO DE JANEIRO: Elsevier, 2019.
  • Rockwood Jr CA, Matsen FA, editors. The Shoulder. 4th.ed. Philadelphia: Saunders; 2009.
  • Pozzi I, Reginaldo S, Almeida MV, et al. Manual de trauma ortopédico da SBOT. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2012. 

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