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Medicina Baseada em Evidências: desenhos de estudo

Medicina Baseada em Evidências: desenhos de estudo

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Você conhece a Medicina Baseada em Evidências? Essa filosofia vem sendo cada vez mais falada dentro das universidades. Mas o que ela significa? Nas palavras do Dr. José de Alencar, essa tão falada MBE nada mais é do que “praticar boa Medicina”. Assim, podemos começar a entender um pouquinho sobre o que ela se trata.

A Medicina Baseada em Evidências

Não é muito difícil um médico pensar que deve ofertar o melhor tratamento possível para o seu paciente. Na verdade, é muito esperado que essa seja a sua intenção. Então, a MBE só acrescenta um ponto na escolha da conduta: ela deve ser feita de acordo com os estudos clínicos, porque a simples observação muitas vezes não será suficiente para comprovar o benefício de um tratamento.

Assim, o cerne da Medicina Baseada em Evidências sempre tocará na pesquisa clínica e acadêmica, na ciência. E para introduzir-se no universo da MBE, você precisa começar pelo básico, aprendendo a ler um artigo científico.

Então pense o seguinte: você conhece os diferentes desenhos de estudo e suas características? Esse é um conhecimento pré-requisito para você começar a ler e interpretar artigos. Portanto, confira agora um resumo com os principais tipos de pesquisas científicas dentro da Medicina.

Relatos/séries de casos

Um relato de caso é o trabalho que descreve um caso clínico vivenciado pelos autores ou por conhecidos. Já a série de casos segue a mesma ideia, mas com mais de um caso sendo relatado. São trabalhos de base, que até podem levar à formulação de hipóteses puramente observacionais, mas possuem baixo nível de evidência científica.

Assim, sua principal limitação é essa falta de força da evidência, não confirmando hipóteses. Além disso, são trabalhos fechados para as características de um paciente ou de um grupo de pacientes, podendo não refletir a realidade.

Entretanto, existem algumas situações em que os relatos de casos possuem grande valor. Os primeiros trabalhos escritos sobre a COVID-19, por exemplo, foram relatos de casos. Ou seja, doenças novas, assim como doenças raras, podem trazer as primeiras informações sobre o assunto para um público amplo. Então, é um material educativo a respeito de um determinado caso clínico considerado relevante pelos autores.

Estudos Ecológicos

Os estudos ecológicos são artigos que examinam dados de saúde e cruza com informações geográficas para obter rápidas informações sobre as características de uma doença daquele local.

Em termos práticos, muitos estudantes de Medicina aprendem a fazer estudos ecológicos através da interpretação de dados do DATASUS. Então, esse banco de dados fornece informações epidemiológicas que podem ser utilizadas para esses trabalhos.

São estudos importantes no âmbito da gestão em saúde e da saúde coletiva, mas seus resultados não costumam ter muita relevância para a prática clínica.

Pesquisas Transversais

Também chamadas de “estudos de prevalência”, pesquisas transversais são trabalhos observacionais úteis para dar informações sobre o estado de saúde de uma população. Ou seja, são pesquisas epidemiológicas, que podem trabalhar em temáticas amplas, por exemplo “qual a porcentagem de pessoas com sobrepeso no estado do Rio de Janeiro”.

Não são desenhados para testar hipóteses e nem costumam tratar de intervenções. A imagem a seguir faz uma representação esquemática de um estudo transversal:

Imagem retirada do Manual de Medicina Baseada em Evidências

Estudos de Coorte

Os estudos de coorte podem ser prospectivos (olham para o futuro) ou retrospectivos (olham para o passado).

Uma pesquisa prospectiva acompanha um grupo de pessoas (uma coorte) no decorrer de anos, para estudar a evolução e o desfecho de forma mais integral e abrangente. No momento inicial da pesquisa, nenhum dos participantes deve possuir o desfecho a ser estudado.

É um desenho de estudo excelente para a formulação e o estudo de fatores de risco, para analisar a ocorrência de desfechos comuns em pessoas com os mesmos fatores. São estudos mais caros e muito mais longos, gerando resultados a longo prazo.

Estudos Randomizados Controlados

São estudos que selecionam participantes com características predefinidas e uma doença em comum para aplicar uma terapia. Metade dos participantes irá receber a terapia e a outra metade, placebo. Os ensaios clínicos randomizados, assim, produzem evidências para compreender a relação de causa-efeito na exposição do tratamento no desfecho da doença.

Costumam ser estudos caros e longos, e envolvem várias burocracias éticas na sua execução. Além disso, está muito suscetível à presença de viéses.

Os Ensaios Clínicos Randomizados na Medicina Baseada em Evidências

Os ECR’s são a principal fonte científica utilizada por aqueles que praticam a Medicina Baseada em Evidências. Isso porque são os estudos que efetivamente geram evidências e negam ou confirmam hipóteses. Ou seja, possuem capacidade direta de interferir na prática clínica.

Assim, é importante conhecer as características desses estudos e aprender a interpretá-los corretamente, para evitar cair em viéses. Então, um bom material de Medicina Baseada em Evidências pode te ajudar nesse processo.

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O eletrofisiologista Dr. José de Alencar, autor do Manual de ECG, traz em sua nova obra a MBE dissecada para estudantes. O Manual de Medicina Baseada em Evidências: Como Interpretar Artigos Científicos foi pensado para ser um manual de leitura de evidências, conduzindo os estudantes ao pensamento científico embasado.